Filipe Martins: «Queríamos passar mas o Benfica é justo vencedor»
Filipe Martins, treinador do Chaves, estava conformado com a eliminação na Taça de Portugal. Considerou a passagem do Benfica à próxima eliminatória justa, mas viu coisas da equia dele que o deixaram satisfeito. Começou por analisar o jogo em declarações à SportT TV
— O resultado não lhe agradará, mas a exibição e a forma como a equipa se bateu, com tantas mudanças no onze, é um sinal positivo?
— Sim, claro. Levamos daqui um sinal de evolução da equipa, isso era o mais importante para mim. Óbvio que o resultado é sempre importante, fulcral, queríamos passar a eliminatória, sabendo das dificuldades. O Benfica faz o golo no primeiro remate à nossa baliza e ainda mais difícil se tornou. A equipa não se descaracterizou, continuou tranquila, fomos ganhando confiança aos poucos e poucos e entrando no jogo. Depois, na segunda parte, quando poderíamos almejar o golo, o segundo golo do Benfica deitou por terra as nossas aspirações. Mas a nossa postura, qualidade em campo e processo deixam-me satisfeito. E não perdemos a nossa identidade apesar de termos rodado muitos jogadores. Queria passar, mas é um resultado justo, Benfica é justo vencedor. Faltou-nos o golo de honra, que seria justo.
— Fez sete mudanças no onze inicial. Isso foi para mostrar a profundidade do plantel? Uma mensagem de prioridade que dá ao campeonato?
— Mantive as minhas ideias. Não dou [oportunidades] por dar, para querer ser diferente, dou porque tenho um plantel equilibrado, no qual não se nota muito a diferença, temos dois jogadores por posição, hoje até conseguimos estrear o Gabi [Rodrigues], que fez o primeiro jogo profissional. Isso demonstra o trabalho da equipa. Valemos pelo todo, não por individualidades e é isso que queremos mostrar até ao final do campeonato. Para lá do resultado, um dos objetivos era demonstrar que estamos no caminho certo. Temos de desligar a ficha, porque a partir de amanhão temos de começar a pensar no Académico de Viseu e no campeonato, porque esse, sim, é o nosso mundo.
Acrescentou em declarações à RTP.
— Jogar contra uma grande equipa como o Benfica e sofrer um golo no primeiro remate à baliza é sempre um cenário difícil. Não nos intranquilizou, mantivemos a calma, percebemos a superioridade do Benfica e onde ter vantagem, começámos a ganhar confiança, chegámos à baliza do Benfica e acabámos a primeira parte dentro do que queríamos. Na segunda parte, continuámos numa boa toada, criámos oportunidades. Mas a qualidade dos jogadores do Benfica também fez a diferença na definição dos lances. O Benfica fez o segundo golo, deixou-nos no limbo entre nos estendermos, correr o risco de sofrer mais e sair com uma imagem diferente. Mantivemos a calma e a nossa identidade. Era esse o principal objetivo, além do resultado, e deixámos uma imagem muito positiva do nosso trabalho. Quisemo-nos testar, vêm aí desafios muito importante do nosso mundo, do mundo real, e não quisemos tirar os pés do chão.
— Sabendo o que se passou, teria mexido tanto na equipa?
— Não. Não tenho dois discursos. Tenho confiança no plantel, que vale pelo coletivo. Demos essa prova de que podemos competir contra qualquer equipa através do coletivo e da identidade. Os jogadores percebem o que se vive no balneário. Não preciso de mandar mensagens para dentro, sabem que confio em todos. Estreámos o Gabi, um menino da equipa B, que esteve muito bem, trabalha todos os dias para o grupo. Quero ter toda a gente ligada e só assim poderemos atingir os objetivos coletivos — levar o Chaves à Liga, esse é o nosso grande foco e, dentro do processo, houve uma evolução nesse sentido.