FC Porto-Benfica: o que está em jogo?
Os clássicos são sempre jogos diferentes e especiais. O de logo à noite ganha ainda mais dimensão pelo contexto que as duas equipas estão a atravessar. Os dois clubes têm muito a ganhar e muito a perder, sendo certo que o Benfica é a equipa que entra mais pressionada.
FC Porto: oportunidades
Quem acompanha o futebol em Portugal percebe que o jogo de hoje ganha uma dimensão maior do que um clássico normal. De uma forma simples explico o meu raciocínio. Em Portugal apenas três equipas lutam pelo título de uma forma consistente. Ninguém é campeão à oitava jornada, até porque nem um terço da competição está decorrido. Tudo isto é verdade, mas no jogo de hoje o FC Porto tem uma enorme possibilidade em mãos. Assim, se vencer o jogo irá manter-se invicto, reforçará a confiança de todos (jogadores, adeptos e estrutura), passará uma mensagem de força para fora e, em simultâneo, deixará o maior rival a sete pontos à oitava jornada.
Depois de analisar as épocas, desde 2010/2011 até ao dia de hoje, só por uma vez uma equipa que estava a sete pontos do líder à oitava jornada foi campeão (Benfica em 2015/2016). Mas a importância estratégica deste jogo para o FC Porto não se resume a deixar o rival Benfica mais longe da liderança. Uma derrota do Benfica irá aumentar a contestação sobre quem lidera e fazer com que a desconfiança em torno do futuro próximo seja grande entre todos: adeptos, jogadores e treinadores.
De uma forma simples, se o FC Porto vencer hoje aumenta o descontentamento no Benfica, aumenta a insatisfação nos adeptos encarnados, potencia as dúvidas sobre a capacidade de quem dirige e lidera e, em simultâneo, reforça a capacidade, confiança, a motivação, a alegria e positivismo sobre o caminho que os dragões estão a seguir.
Benfica: oportunidades
O jogo de hoje pode ter uma influência muito positiva no Benfica, que entra em campo muito pressionado. Uma vitória terá vários efeitos. O primeiro é o de retirar a invencibilidade ao FC Porto e começar a criar a desconfiança em torno de Francesco Farioli. O segundo é o de elevar a confiança dos jogadores e dos adeptos encarnados. O terceiro, e mais importante, é que uma vitória permite ao Benfica equilibrar as contas do campeonato e sair bem vivo do Dragão.
Uma vitória poderá ainda ser determinante para as eleições de dia 25 de outubro. Por fim, uma vitória do Benfica poderá trazer ao de cima o melhor de José Mourinho e aumentar a expectativa dos adeptos encarnados. Isto irá reforçar a convicção de que o special one está de volta e que tudo vai ser diferente e, em simultâneo, aumentar os receios dos rivais.
FC Porto: riscos
No futebol os estados de espírito mudam muito rapidamente. Um dos riscos que o FC Porto corre hoje é que, em caso de derrota, isso possa inverter o rumo que tem sido seguido até ao momento. A expectativa dos adeptos portistas está elevada em função das exibições e resultados alcançados até ao momento.
Uma derrota frente ao Benfica, que está a passar um momento mais difícil, poderá trazer uma desconfiança que, até ao momento, ainda não se sentiu no Dragão. Além de que uma derrota frente ao Benfica pode não só trazer desconfiança interna, como pode ser a rampa de lançamento que o Benfica precisava para dar a volta a uma série de exibições e resultados menos conseguidos. Apesar de tudo isto, o FC Porto tem, por mérito próprio, margem para poder gerir um resultado negativo.
Benfica: riscos
A pressão está toda do lado do Benfica. Os dois empates caseiros frente a Santa Clara e Rio Ave reduziram em muito a margem de erro dos encarnados. Se hoje à noite o Benfica perder no Dragão ficará a sete pontos da liderança e perderá uma oportunidade de ouro para dar a volta ao momento negativo. Este cenário irá aumentar o descontentamento por uma época mal planeada. Em simultâneo, uma derrota frente ao FC Porto poderá esvaziar o balão que significou a contratação de José Mourinho, que foi a última cartada que Rui Costa e a sua administração usaram para se poderem manter no poder. Assim, uma derrota poderá significar a derrota de Rui Costa nas eleições de 25 de outubro.
Todos sabemos que Mourinho não teve tempo para trabalhar com os jogadores. A Direção encarnada sabia disso quando despediu Lage e contratou Mourinho. A realidade é que se o Benfica hoje sair derrotado, em quatro jogos o Benfica de Mourinho perderá cinco pontos, enquanto o Benfica de Bruno Lage perdeu dois pontos em igual número de jogos.
Os destaques
No FC Porto o destaque maior é o coletivo, bem rotinado, agressivo, intenso e que vai ao encontro do que os adeptos pretendem. Desta forma, a referência tem de ser Farioli. Até hoje, tanto nos Países Baixos como em Portugal, Farioli venceu todos os clássicos. Será que hoje vai manter este registo? Em termos individuais salta à vista um jovem jogador nórdico: Froholdt. Impressionante a forma como se adaptou ao FC Porto. Está ligado os 90 minutos, forte no transporte, agressivo na reação à perda, tem um raio de ação alargado e tem a humildade de perceber quais são os seus pontos menos positivos.
Do lado do Benfica, numa equipa longe de ser um bom coletivo, destaco dois jogadores: Otamendi, pela liderança, atitude e experiência que vai ser necessária no dragão; o segundo elemento é Pavlidis. É o homem que serve de referência, que liga o jogo quando a equipa não consegue construir e que resolve muito dos problemas através da sua qualidade individual. Estou igualmente curioso para perceber qual vai ser a performance de Lukebakio, Sudakov e Ríos.
Artigos Relacionados: