Edo Bosch: «Estamos a começar a colher frutos»
Edo Bosch cumpre a segunda época no hóquei em patins do Sporting num percurso que espera leve os leões ao título de campeão nacional. Para ajudar na missão, conta com quatro caras novas, uma delas nem tanto. O filho, Xano Edo, com a tarefa de render o incontornável Ângelo Girão e, como se não fosse coisa pouca, com a herança do pai, também ele guarda-redes histórico do FC Porto.
— Edo Bosch chegou ao Sporting há pouco mais de um ano, conquistou três títulos. Está satisfeito?
EB: Satisfeito não, um treinador quando está no Sporting nunca pode estar satisfeito, quer sempre mais. Sempre que jogamos temos de tentar ganhar. Estou contente porque sei que é um processo. Não se pode chegar, instalar um modelo completamente novo e ter logo frutos. Sabia que era um processo longo e estamos a começar a colher frutos. Isto não quer dizer que a partir de agora o Sporting ganhe sempre. O hóquei é muito competitivo, há muitas equipas com possibilidade de ganhar. Mas queremos estar em todas as decisões e trabalhamos diariamente para isso.
— Ser campeão do Mundo de clubes foi um bom embalo para a época? Depois a Supertaça, frente a um rival de sempre, são bons sinais?
EB: Somos uma equipa nova, com quatro alterações. Começar a ganhar é sempre muito bom, porque tira aquelas pequenas dúvidas que podem estar na cabeça dos jogadores e ajuda-os a acreditar mais no processo. Ser campeões do Mundo no primeiro Mundial, naquele pavilhão com 8.000 pessoas, digo já que é uma das coisas que levo da vida do hóquei para sempre! Estou convencido que dentro de 15, 20 anos vou lembrar-me daquele minuto zero, onde levantei os olhos e vi 8.000 pessoas e pensei: ‘Uau…’. É impressionante! E não estava a jogar, porque jogar é muito melhor!
#HóqueiSCP | ⏹️ JÁ ESTÁ!!! O SPORTING É CAMPEÃO DO MUNDO DE HÓQUEI EM PATINS!!! 🏆
— Sporting CP - Modalidades (@SCPModalidades) October 6, 2025
🏑 Verona (2) e Nolito Romero.
🟢 3-2 🟣 // #SCPFCB pic.twitter.com/I3vvOhcjRq
— É?
EB: Sim. Quando jogas, interferes no jogo para ganhar ou perder. O treinador sabe que tem de conduzir os jogadores até um certo momento e depois são eles os artistas, os que decidem. O treinador às vezes dá força, jogadas e tal, mas quem acaba por decidir é o real artista do jogo, o jogador.
— E dá muita vontade de ir lá para dentro?
EB: Não, já não, já não consigo [risos]. Foram muitos anos. E o que passei foi fantástico. Se voltasse a nascer, voltava a fazer praticamente as mesmas coisas e a tomar as mesmas decisões. Voltava a jogar hóquei porque amo o hóquei. Agora, já passou o meu tempo.
— De volta às competições internas, o FC Porto é o principal adversário do Sporting na luta pelo título ou não excluiu outros clubes?
EB: Não excluo ninguém. O hóquei em Portugal é uma modalidade fantástica por isso, porque podemos dizer que é a única modalidade em que encontramos não um, nem dois, nem três, nem quatro, nem cinco adversários. Podemos encontrar seis ou sete candidatos. Ninguém diria que o Barcelos perderia a final do campeonato no ano passado e que esteve muito perto de ser campeão. Ganhou a Champions! Ninguém imaginaria. No hóquei, todas as equipas estão muito bem preparadas, há muita qualidade e qualquer uma pode ser campeã.
— Então, significa que qualquer percalço pode fazer a diferença…
EB: Sim, sim. O primeiro e o segundo lugar têm alguma vantagem, mas não é fundamental. Porque cada vez mais os campos estão mais protegidos, os árbitros já não têm aquela influência de antes. Os jogadores sentem que podem jogar de igual a igual em qualquer lado. Fomos eliminados pelo FC Porto em nossa casa e quase os eliminámos no jogo anterior em casa deles. Cada vez mais o fator externo tem menos importância e as coisas decidem-se entre os jogadores.
— O Sporting não é campeão há 5 anos, está na hora?
EB: Gostava muito oferecer o campeonato aos adeptos do Sporting, porque é um título de regularidade, é um título que demonstra uma equipa a fazer as coisas bem durante todo o ano. Não acontece uma equipa ser campeã sem ser bastante regular, durante todo o ano, normalmente ganha a equipa que é mais regular durante todo o ano, mais competente. Queremos ser competentes.
— As quatro alterações na equipa foi o que pediu, está satisfeito?
EB: Tenho de ser verdadeiro e dizer que esta renovação não vem só da minha cabeça. O anterior coordenador e o anterior treinador também queriam esta linha de jogadores, fizemos uma seleção interessante. O grupo que eu apanhei no ano passado também ganhou tudo, também era extraordinário. O que passa, como tudo na vida, vai passando o tempo. Foram estes os jogadores escolhidos e agora é até à morte com eles.
— Qual é o objetivo para esta época?
EB: Ganhar o campeonato nacional seria fantástico, seria um reconhecimento de um trabalho de equipa que começou há algum tempo. Mas, acima de tudo, quero que o grupo continue unido, que mantenha esta mentalidade de trabalho, e que cada jogador evolua como atleta e pessoa.