Jakob Fuglsang despediu-se recentememte do ciclismo profissional

«É agradável deixar de treinar e competir com o símbolo de Israel»

Duplo vencedor do Critério do Dauphiné, o dinamarquês Jakob Fuglsang representava a equipa Israel Premier-Tech e terminou a carreira no último sábado, admitindo alívio por já não ter de treinar e competir com um equipamento que lhe causava... «desconforto»

Jakob Fuglsang despediu-se oficialmente do ciclismo profissional no último sábado, no Critério Frederiksberg, em Copenhaga, a sua cidade natal. Aos 40 anos, o dinamarquês colocou ponto final numa carreira de 19 temporadas, marcada por vitórias em corridas de prestígio, como o Critério do Dauphiné (2017 e 2019) e a conquista da medalha de prata olímpica em Londres-2012, terminando a última etapa da sua vida desportiva na Israel Premier-Tech.

Em entrevista ao jornal dinamarquês Ekstra Bladet, Fuglsang refletiu sobre o peso que carregou nos últimos anos ao representar uma equipa frequentemente associada a debates políticos e tensões geopolíticas, sobretudo desde a guerra no Médio Oriente. O corredor não escondeu o alívio por já não vestir a camisola da equipa.

Jakob Fuglsang representava a equipa Israel Premier-Tech há cinco temporadas

«É certamente mais agradável não a usar. Não quero envolver-me em questões políticas, mas é definitivamente mais confortável pedalar sem o símbolo de Israel do que com este», assumiu Fuglsang.

A formação ProTeam, propriedade do empresário e filantropo israelo-canadiano Sylvan Adams, tem assumido também uma função de diplomacia desportiva, mas nem sempre foi fácil para os corredores lidarem com o peso simbólico da camisola, em especial em corridas como o Giro de Itália ou o Tour de França, onde os protestos têm surgido.

Ainda assim, Fuglsang relativiza a dimensão do problema: «Não sofri nada de especial. Independentemente de a equipa Israel-Premier Tech estar ou não nas corridas de ciclismo, os protestos provavelmente teriam acontecido de qualquer maneira. Também vemos protestos climáticos durante o Tour de França. Estes são eventos importantes que atraem muita atenção dos media. Dito isto, agora é melhor pedalar sem a camisola»

Com o final da carreira, Fuglsang deixa para trás duas décadas de ciclismo ao mais alto nível, mas também um testemunho honesto sobre os desafios do desporto que, inevitavelmente, acaba por se cruzar com a política.