Wout van Aert ainda à frente de Mathieu van der Poel: Depois vieram os... furos
Wout van Aert ainda à frente de Mathieu van der Poel: Depois vieram os... furos

Duelo Van der Poel-Van Aert saiu furado!

O belga estava «determinado» a reeditar duelo e durante três voltas esteve ao nível do rival neerlandês, mas dois furos abriram caminho a mais uma vitória esmagadora do heptacampeão mundial

Em Loenhout, o Azencross do Troféu X2O prometeu espetáculo e cumpriu, ainda que com um desfecho cruel. Durante alguns minutos, o público voltou a acreditar que estava prestes a assistir a mais um daqueles capítulos épicos da rivalidade que marca uma era. Mathieu van der Poel e Wout van Aert, frente a frente, roda com roda, como tantas vezes antes. Mas o destino, caprichoso como o próprio traçado enlameado, decidiu escrever outra história.

Desde o arranque que Van der Poel se instalou na roda do belga, paciente, quase silencioso, à espera do momento certo. Van Aert assumiu as despesas da corrida e, na terceira volta, puxou dos galões: aumentou o ritmo, acelerou repetidamente e deixou para trás todo o pelotão. Restavam apenas os dois gigantes do ciclocrosse. Metro a metro, isolavam-se da concorrência, enquanto a multidão sustinha a respiração. A tão aguardada batalha parecia finalmente desenhar-se.

Imagem pouco vista esta temporada de ciclocrosse: Van Aert a pressionar Van der Poel

Mas o ciclismo, como a vida, raramente respeita guiões. No pior momento possível, longe da zona técnica, Van Aert sofreu um furo quando seguia na roda do neerlandês. O veredicto foi imediato e implacável. Obrigado a abrandar, viu Van der Poel disparar sozinho rumo a mais uma vitória. A partir daí, o corredor da Alpecin-Deceuninck passou a pedalar noutra dimensão, ampliando a vantagem a cada curva, a cada obstáculo superado com a naturalidade de quem domina a arte.

Orgulhoso, Van Aert trocou de bicicleta e recusou render-se. Ainda conseguiu isolar-se no grupo perseguidor, fixando-se numa posição intermédia, atrás de Van der Poel. Mas o azar voltou a bater-lhe à porta: um segundo furo acabou de vez com qualquer ambição de pódio.

Mathieu van der Poel pedala para mais uma vitória autoritária no ciclocrosse

Na frente, sem oposição, Mathieu van der Poel confirmou o óbvio. Somou a sexta vitória em seis provas de ciclocrosse este inverno, cortando a meta com 46 segundos de vantagem sobre o colega de equipa Niels Vandeputte e 57 sobre Joris Nieuwenhuis. Uma vitória esmagadora, mais uma, numa temporada que tem sido um desfile de superioridade.

No final, Van Aert terminou apenas no 10.º lugar, com a frustração estampada nas palavras. «Senti-me bem e por isso decidi tomar a iniciativa desde o início. O Mathieu e eu conseguimos abrir uma vantagem rapidamente. Ele pressionou-me algumas vezes, mas hoje eu estava determinado a transformar a corrida num duelo. No final, os contratempos foram decisivos. Furei o pneu duas vezes em momentos muito maus, longe da zona das boxes. É dececionante, mas o apoio dos fãs ao longo do percurso manteve-me motivado.»

Van Aert à frente de Van der Poel no setor de lombas

Van der Poel, por sua vez, confessou que só percebeu o que se passava mais tarde. «Não reparei logo que ele tinha furado», explicou. «Não era fácil olhar para trás. De repente, vi que a diferença estava a tornar-se muito grande, por isso soube que algo tinha acontecido. Isto é lamentável para a corrida», assumiu.

Sexta vitória em seis corridas esta temporada para Van der Poel

«As flores são para a minha mãe, porque é o seu aniversário», acrescentou. «Mas não vou de bicicleta entregá-las. Já está escuro e não tenho luzes, por isso vou de carro», gracejou. Van der Poel em tempo de celebrações.