João Neves (Foto: Miguel Nunes)
João Neves (Foto: Miguel Nunes)

Da amizade com Bruno Fernandes às eleições do Benfica: tudo o que disse João Neves

Jogador de 20 anos do PSG foi o eleito para ser o primeiro porta-voz aos jogos de Portugal na Irlanda (dia 13) e com a Arménia, no Estádio do Dragão (dia 16), nos quais quer garantir o apuramento para o Mundial 2026

— Como está fisicamente, sente-se a 100%?

— Estou bem, neste momento sinto-me em forma, a 100%. Por isso, estou aqui para contribuir a 100% para o bem da Seleção, para dar o melhor de mim e para ajudar a equipa no apuramento.

— Como viu o resultado das eleições do Benfica e até que ponto aquilo que foi dito sobre a sua saída do Benfica teve impacto em si? Quis, ou não, sair do Benfica?

— Na altura pronunciei-me muito pouco sobre a posição do clube. Hoje, vendo de fora, só quero o bem para o Benfica, porque é o clube que me acolheu desde pequenino, que me ensinou o que é o futebol e que me deu os valores para estar onde estou. Para mim, desde que o novo presidente seja… sei que é o Rui Costa neste momento, mas se mudasse, se mudasse e se trouxesse o clube outra vez ao seu melhor, eu ficaria muito feliz.

— Tem 18 jogos pela seleção, ainda não marcou, mas esta época já leva cinco golos em oito jogos pelo PSG, está a chegar a sua hora de se estrear a marcar pela Seleção e, quem sabe, de marcar o golo que apura Portugal para o Mundial?

— É o que eu digo sempre, na minha opinião, que nunca meto o meu golo ou a minha assistência à frente. Penso sempre em prol do coletivo e, desde que nós ganhemos e nos apuremos, estou sempre contente. Se é com o golo meu ou não, para mim é indiferente. Espero um dia alcançar o meu primeiro golo aqui na Seleção, seja agora ou um bocadinho mais para a frente.

— Como é que estão a encarar este jogo em Dublin, onde podem garantir o apuramento?

— Se o pudermos fazer já contra a Irlanda, melhor. Se não for o caso, porque sabemos que ambas as equipas que vamos enfrentar são equipas com qualidade, equipas que nos metem à prova. Mas sim, nós procuramos sempre a vitória e, se conseguirmos garantir já no próximo jogo, seria muito bom.

— Como tem visto este Benfica de José Mourinho? Ficou contente com a chegada do treinador?

— Continuo a acompanhar o Benfica, não só a equipa principal mas também as equipas jovens. Fico sempre contente que haja muita qualidade que possa vir a chegar À equipa principal. Na equipa principal, tenho acompanhado os resultados negativos, a equipa tem um bom plantel, que é equilibrado e que pode fazer um grande campeonato.

— Ganhar a Bola de Ouro é um objetivo seu?

— A Bola de Ouro será sempre bem-vinda se me for entregue. Não é um objetivo claro na minha carreira e na minha maneira de ver o futebol. Penso mais nos troféus coletivos, seja na seleção, seja no clube.

— Marcou o golo decisivo da vitória do PSG com o Lyon, como está num bom momento, o que traz para estes jogos e como foi acompanhar de fora os últimos jogos da seleção, por lesão?

— Foi muito difícil para mim, sou uma pessoa que gosta de estar em todos os jogos, gosto de contribuir, foi um bocado difícil para mim estar fora por lesão, não poder contribuir da maneira que gosto de contribuir, por isso, estes dias de recuperação fizeram-me realmente sentir a vontade que tenho de estar dentro de campo. Agora, tanto para o estágio da Seleção como para o PSG, trago frescura, vontade, empenho e vou tentar dar a melhor versão de mim para ajudar a equipa.

— Como já está habituado a vir à Seleção, qual é a sua mentalidade para encarar os diferentes desafios, enquanto jogador, de atuar pela Seleção e pelo clube?

— É sempre complicado, para nós, não temos um largo espaço para a preparação dos jogos [da Seleção], e temos sempre pouco tempo para estar juntos. Então vejo estas oportunidades com bons olhos de vir cá, de me integrar ao máximo e de preparar, em termos coletivos, as competições. É sempre bom voltar a Portugal, sair um bocado da frescura lá de Paris e vir para o bom tempo aqui em Portugal, de reunir-me com antigos colegas, com os jogadores que eu aprecio, com pessoas que aprecio e vejo com bons olhos estar na Seleção esta semana e meia para preparar o Mundial.

— Quais são as principais diferenças entre o que lhe é pedido por Roberto Martínez e por Luis Enrique, em relação ao seu jogo?

— São treinadores diferentes, com maneiras de jogar diferentes, têm algumas coisas em comum como o querer ter a bola, o querer atacar e tudo mais. Cabe-me a mim fazer o que me é pedido, que é por isso também que estou aqui, para seguir as ordens do míster. Jogando mais no meio, jogando mais a lateral, jogando onde quer que seja, saindo do banco, vou estar sempre pronto, como tenho dito sempre, para ajudar a equipa e fazer o meu melhor.

Bruno Fernandes já disse que o João é um miúdo «especial», qual é o segredo para ter uma grande receção dos jogadores mais velhos na Seleção?

— Tento ser eu próprio, tanto a jogar futebol como sou cá fora. É verdade que sempre fui bem recebido pelos colegas mais experientes, mais velhos. Sempre me acolheram bem e sempre me deram a mão. O Bruno Fernandes foi uma pessoa muito importante para mim neste percurso na Seleção, ajudou-me a integrar, a perceber que não tinha de estar nervoso no início, que podia ser eu mesmo.

— O que acha que evoluiu mais no seu jogo desde que saiu do Benfica?

— Tenho chegado mais à área, tenho marcado mais golos, acho que posso sempre melhorar todos os aspetos e acho que um dos aspetos que me faltava era a chegada à área, de fazer golos e assistências. Mas desde que a equipa ganhe, está tudo bem.

Vitinha também disse que o João era um «miúdo especial». Como retribuiu ao seu colega de clube e de seleção e gostava de jogar mais com ele na Seleção?

— É continuar a ser eu mesmo e espero que eles sejam os mesmos para mim. Em relação a jogarmos lado a lado, isso cabe ao míster, é uma opção. Acredito sempre que a decisão do treinador é feita em prol do grupo e nunca para piorar nada.

— Que ilações tirou do jogo com a Irlanda em Alvalade, e acha que a Irlanda terá uma postura diferente por jogar em Dublin?

— Acho que vai ser mais difícil, fora de casa, eles vão estar com os seus adeptos. Nesse primeiro jogo deu para demonstrar muita da vontade portuguesa de nunca desistir e foi uma vitória que soube bem. Nós sabemos que são equipas que nos vão trazer algumas dificuldades, tanto a Irlanda como a Arménia. Cabe-nos trabalhar durante a semana, no pouco tempo que temos, ver os pontos fortes das equipas para os tentarmos anular e ver também os pontos fracos.