Com sotaque madeirense numa bonita tela verde-esperança (crónica)
Resultado (extremamente) injusto. É esta a melhor definição do duelo entre o Glasgow City e o Sporting, referente à primeira mão dos oitavos de final da UEFA Europa Cup, realizado na noite de ontem, em solo britânico.
Apesar de não estarem a passar por um bom momento — este foi o quinto jogo consecutivo sem qualquer vitória, depois dos empates com Rosengard (2-2), Rio Ave e SC Braga (ambos 1-1), e do desaire diante do Torreense (2-3) —, as leoas deram uma resposta à altura da dimensão do clube e deixaram totalmente aberta a porta para a continuidade na prova europeia.
Telma Encarnação (já falaremos mais sobre ela...) deu o mote logo aos 12 minutos, mas o remate saiu ligeiramente ao lado. Responderam as escocesas e Natalia Wróbel, já depois de uma primeira ameaça (16'), inaugurou o marcador: no primeiro remate enquadrado à baliza de Anna Wellmann, o Glasgow chegou à vantagem, na sequência de um tiro colocado da camisola 10 que não deu hipótese de defesa à guarda-redes alemã que é dona da baliza leonina.
O momento não afetou a turma de Micael Sequeira e o empate não chegou ainda antes do intervalo porque Florencia Bonsegundo (29') e Daniela Arques (42') não tiveram a mira devidamente afinada.
Mas se os primeiros 45 minutos já indiciavam uma supremacia sportinguista, a etapa complementar foi de domínio absoluto. O resultado não traduzia o que se tinha passado no relvado do Petershill Park e a turma portuguesa fez questão de carregar ainda mais no acelerador em busca da justiça que tardava em chegar. Mas chegou. Ainda que apenas de forma parcial.
(Meia) justiça a caminho
Beatriz Fonseca (57'), Carolina Santiago (59'), Telma Encarnação (61') e Mackenzie Cherry (63') davam corpo à revolta leonina, mas quem conseguiu, realmente, dar corpo a expressão só dá Sporting foi Telma Encarnação. E a internacional lusa fê-lo com elevadíssima nota artística: Daniela Arques cobrou um pontapé de canto do lado esquerdo, e a camisola 9, ao segundo poste, não foi de modas e rematou de primeira, de pé esquerdo, em volley, para o golo do empate. Perdão, o golaço do empate. Foi magia com sotaque madeirense em tela verde-esperança.
Estava reposta a meia justiça. Porque o caudal ofensivo foi tanto que o Sporting merecia claramente regressar da Escócia em vantagem na eliminatória.
Não o conseguiu, é um facto, mas também não é menos verdade que deixou a porta do apuramento completamente escancarada. Na próxima quarta-feira, em Alcochete... carrega(rá) o Sporting!