Bicadas de gansos ferem lobos na Serra da Freita (crónica)
Em equipa que perde há que mexer. Não é uma velha máxima, mas foi uma aposta ganha de João Pereira que prometeu alterações no onze e não foi de meias medidas. Foi mão cheia: André Geraldes, David Sousa, Renato Nhaga, Tiago Morais e Cassiano entraram de início, sentando no banco Goulart, Tchamba, Mohamed, Osundina e Svensson.
E, diga-se, desde cedo se percebeu a vontade dos casapianos em mudar o rumo dos últimos resultados (duas derrotas consecutivas), exercendo pressão alta que, de alguma forma, apanhou o Arouca desprotegido. Uma agressividade (positiva), bem feita, a baralhar as contas do adversário, que ficou apático, tanto a defender como a construir para avançar no terreno.
A primeira ameaça às redes de João Valido foi de Livolant que, isolado na esquerda, foi o guardião sacudir a bola e, na recarga, com Danté a bloquear a tentativa de Tiago Morais na hora H. O Arouca ainda conseguiu chegar à área dos casapianos, e Danté, um dos mais esclarecidos em campo, ensaiou um bom remate de longe, fazendo Sequeira brilhar entre os postes.
Nada que tivesse atenuado o ímpeto dos gansos, que voltaram a tomar conta do rumo do jogo e o golo que se adivinhava aconteceu aos 14’, depois de Fukui tentar meter a bola em Danté, com Larrazabal a antecipar-se e a cruzar com peso, conta e medida para o coração da área, onde o brasileiro Cassiano levou a melhor frente a João Valido. Estava dado o mote para embalar os gansos que não mais pararam de bicar os lobos da Serra da Freita que, agora, têm de lamber as feridas, para as sarar.
Vasco Seabra estava visivelmente descontente, trocava algumas ideias com os adjuntos, e à entrada para a segunda metade mexer na equipa. Lobos espicaçados, é certo, com vontade de mostrar os dentes, mas, no que à finalização diz respeito, incapazes de arrombar as portas trancadas para a baliza de à guarda de Patrick Sequeira, face à sólida defesa, com João Pereira sem pejo de recorrer a um 5x4x1.
É certo que os casapianos perderam alguma capacidade de chegar mais perto da baliza, apesar de terem mais posse de bola, mas quando o fizeram foi com eficácia. O segundo golo surgiu num lance de bola parada, bem estudado em laboratório, realce-se, com Livolant a fazer um cruzamento com régua e esquadro para o cabeceamento de David Sousa que, diga-se, teve estreia de sonho na Liga.
A reta final do encontro não foi bonita, muitas faltas assinaladas, algumas bem durinhas, quezílias no banco de suplentes (uma expulsão para cada lado), jogo interrompido por falta de iluminação de uma das torres do estádio, com os adeptos a darem uma ajuda, ligando as lanternas dos respetivos telemóveis.
As notas dos jogadores do Arouca:
João Valido (5), Tiago Esgaio (4), Matías Rocha (4), Fontán (5), Amadou Danté (6), Taichi Fukui (4), Pedro Santos (4), Alfonso Trezza (5), Gozálbez (4), Djouahra (5), Dylan Nandín (4), David Simão (6), Lee Hyun-ji (4), Barbero (4), Brian Mansilla (4) e Miguel Puche (5).
As notas dos jogadores do Casa Pia:
Patrick Sequeira (5), Geraldes (5), José Fonte (6), David Sousa (7), Gaizka Larrazabal (6), Sebastián Pérez (5), Renato Nhaga (5), Fahem Benaissa (5), Livolant (7), Cassiano (6), Tiago Morais (5), Korede Osundina (5), Iyad Mohamed (5), Kevin Prieto (5), Dailon Livramento (5) e Miguel Sousa (5).
Reações dos treinadores
Vasco Seabra (Arouca)
Não estivemos bem no jogo, não abordámos da melhor forma, entrámos mal, apáticos e com pouca proatividade para fazermos aquilo que queríamos fazer, essencialmente provocarmos o adversário para chegarmos à baliza e denotámos algumas fragilidades em termos daquilo que é o nosso duelo defensivo, a nossa capacidade para competir de forma mais acentuada. Somos muito melhor do que aquilo que fomos hoje, já o provámos, a única coisa que nos deixa relativamente tranquilos é saber a qualidade individual e coletiva e saber que vamos fazer bem as coisas já no próximo jogo
Alexandre Santana (treinador adjunto do Casa Pia)
O segredo da vitória esteve no ponto de vista tático e da nossa ligação ao jogo. Conseguimos voltar ao nosso ADN e juntando à questão tática conseguimos desmontar bem a saída do pontapé de baliza do Arouca, conseguimos fechar no corredor onde eles geralmente têm mais facilidade em sair, retirámos o jogo do local onde o adversário se sente mais confortável e depois do primeiro jogo tornámos o jogo fácil. Fizemos a nossa parte, conquistámos os três pontos e estamos muito feliz por isso
Notícia atualizada 21h30.