Isaías em ação em 1994, frente ao Leverkusen — Foto A BOLA
Isaías em ação em 1994, frente ao Leverkusen — Foto A BOLA

«Se não fosse o meu golo em Lisboa, o 4-4 em Leverkusen de nada serviria»

Isaías 'pé-canhão' esteve na histórica eliminatória com os alemães em 1994 e foi ele que evitou a derrota do Benfica no jogo de Lisboa, ao minuto 90+2. Aborda a partida de quarta-feira e recomenda nova missão para Ríos, tudo em exclusivo a A BOLA

Aproxima-se mais um duelo entre Benfica e Leverkusen, desta feita para a fase de liga da UEFA Champions League. A 4.ª jornada terá lugar no Estádio da Luz, quarta-feira, e na memória reentra o duelo de 1994, nos quartos de final da Taça dos Vencedores das Taças, que faz parte da galeria dos grandes momentos das águias na Europa. Não seria pela primeira mão, em Lisboa (1-1), empatada a custo ao minuto 90+2, mas o autor do golo do Benfica lembra como esse momento foi tão importante.

«Milhões de benfiquistas lembram-se desse jogo com o Leverkusen, do 4-4, as pessoas falam muito do segundo jogo, mas esse 4-4 não valeria de nada se o Isaías não tivesse entrado no jogo em casa com os alemães e não tivesse marcado. Estávamos a perder e empatámos 1-1. Na verdade, foi o golo mais feio da minha carreira», começou por explicar, sem se deter: «Foi confuso, Vítor Paneira bateu para a baliza, a bola encontrou um jogador do Bayer e veio ter comigo, cheia de efeito. Estava pertinho da baliza, tentei meter o pé esquerdo na bola, mas bateu-me na canela e foi para o fundo das redes. Esse golo ajudou muito em Leverkusen, se tivéssemos perdido em casa o 4-4 de nada serviria.»

Isaías, 61 anos, explica como pode a águia chegar ao golo e lembra como era diferente no seu tempo: «O Benfica não tem sido muito eficiente nesta competição, mas ganhará quem cometer menos erros. O futebol hoje em dia é estudado de forma exemplar, a equipa terá de entregar-se de corpo e alma e procurar as suas oportunidades e os erros do adversário, chegando à baliza e fazendo golo. Entristece-me que com as condições atuais, de relvado, de botas, de bolas, os jogadores teimem em não rematar à baliza. O meu ponto forte era a baliza adversária. Costumava dizer aos colegas: 'quando vir a linha da grande área, bola para dentro'. Em casa, tem de mandar e o Benfica tem de jogar para ganhar, para poder respirar e levar os sócios a pensar que a qualificação ainda é possível.»

E o brasileiro reforça: «Benfica está nos melhores do mundo mas tem de confirmá-lo em campo, infelizmente não tem acontecido.»

José Mourinho também foi tema. «Onde chega, o bom treinador faz a diferença, mas todos temos consciência de que o Mourinho dos útlimos anos não foi o Mourinho dos anos anteriores. No entanto, tem bagagem internacional muito grande e se o Rui Costa foi buscá-lo é porque acredita e confia no trabalho de Mourinho. Nós, benfiquistas, acreditamos que fará bom trabalho e já está a fazê-lo.»

Convidámos Isaías a revelar o jogador que mais lhe enche as medidas: «Tenho admiração por Pavlidis, ganhou confiança depois do jogo com o Barcelona [fez 3 golos]e hoje é o melhor marcador do Benfica. Não é muito fixo na área, até porque às vezes é uma dificuldade para a bola chegar à área.»

E recomendou uma aposta diferente em Richard Ríos: «Com a qualidade dele, forte nas arrancadas como é, não pode ir à área buscar a bola ao pé de Otamendi. Viram a jogada espetacular com Tondela. Do meio para a frente é excecional, que as pessoas consigam perceber isso, é onde pode fazer a diferença, pois tem bom passe, explosão e bate bem.»