O primeiro golo de João Tomás no dérbi de há 25 anos (Foto: A BOLA)
O primeiro golo de João Tomás no dérbi de há 25 anos (Foto: A BOLA)

«Aquele dérbi foi o momento mais alto da minha carreira»

Completam-se agora 25 anos sobre o primeiro jogo de José Mourinho frente ao Sporting. João Tomás, autor de dois dos três com que o Benfica ganhou, recorda tudo em 'Toque de Bola', novo videocast de A BOLA

A BOLA tem um novo videocast: Toque de Bola. Vamos regressar ao passado à procura de histórias e protagonistas que ajudem a entender a atualidade. E nada mais atual do que o Benfica-Sporting de amanhã, quando ontem se completaram 25 anos sobre a estreia de José Mourinho no maior dérbi de Portugal. Os encarnados venceram por 3-0 e a maior figura do jogo foi João Tomás, que marcou dois dos três golos.

O antigo avançado tem hoje 50 anos e foi o primeiro convidado do Toque de Bola. «Sim, estava mesmo lesionado antes do jogo», começou por revelar. «Tive um estiramento do ligamento lateral interno 15 dias antes e praticamente não me treinei. A recuperação foi incompleta, o joelho estava todo amarrado.»

Apesar disso, entrou em campo e brilhou. «O Sporting era favorito, tinha uma grande equipa, mas nós entrámos com intensidade. Quando marquei o segundo e o terceiro golos, senti êxtase total. Foi, sem dúvida, o momento mais alto da minha carreira. Marcámos, o estádio quase nos engoliu, e senti a intensidade única do Estádio da Luz. Para mim, foi tão marcante quanto ganhar uma Liga dos Campeões seria para outros jogadores.»

O contexto fora das quatro linhas também marcou a memória do jogador. «Sabíamos que a posição de Mourinho estava em risco, mas ele sempre exigiu compromisso total. Quem conta com ele, conta a 100%», diz. João Tomás destaca ainda o espírito de grupo do plantel: «Apesar de algumas limitações físicas, éramos fortes e, com o apoio da Luz, tínhamos potencial para lutar pelo título.»

O avançado recorda momentos marcantes da época: a orientação precisa de Mourinho antes do jogo, a presença inspiradora de Eusébio nos treinos e as lesões que quase o afastaram. «Joguei meses com o joelho instável, com ligaduras que me causavam feridas; mais tarde precisei de duas operações, mas continuei.»

Sobre Mourinho, Tomás não poupa elogios: «Foi o treinador mais marcante da minha carreira. Ele unia grupos e criava espírito de equipa como poucos.» A saída do técnico deixou o balneário sentido, e o final da época foi difícil: «O Estádio da Luz vazio refletiu a frustração, mas tínhamos jogadores com postura forte e aprendemos com a situação.»

João Tomás nos estúdios de A BOLA TV (Foto: André Carvalho)

Tomás recorda ainda a transferência para o Benfica como decisiva na sua carreira. «Havia interesse do FC Porto e do Benfica, mas optei pelo Benfica de forma imediata. A concretização do sonho era o mais importante. Fiz uma época e meia no Benfica, transferi-me para o Bétis e tive quase 500 jogos na carreira.»

Ao olhar para trás, define a sua trajetória com orgulho: «Mais do que sonhei. Lembro-me de ir, aos 10 ou 12 anos, apanhar autógrafos do Benfica para o meu irmão. Anos depois, estava eu a dar autógrafos como jogador profissional. Tive uma carreira extraordinária.»