Mourinho com o Sporting: seis vitórias, dois empates e tantas histórias

O que liga os dias 3 de dezembro de 2000 e 4 de dezembro de 2025?

Sim, são 25 anos de diferença.

Sim, em ambos há um Benfica–Sporting na Luz.

E, sim, em ambos está José Mourinho sentado no banco vermelho.

Nesse intervalo, muito mudou.

Houve jogadores que se tornaram comentadores televisivos (Diogo Luís, Calado, Maniche, Nélson, Pedro Barbosa ou Beto), outros que seguiram a carreira de treinadores (Paulo Bento, Sá Pinto, Rui Jorge, Marchena, Van Hooijdonk e Robert Spehar), um que acumula comentário televisivo com agenciamento de jogadores (Fernando Meira), outro que virou dirigente (João Vieira Pinto), um que abraçou a vida religiosa (César Prates), outro que é agora agricultor (Delfim) e outro que, infelizmente, faleceu (Robert Enke).

Resta Mourinho. Treinador em 2000, treinador em 2025.

Mudou muita coisa menos a jornada: 13.ª em 2000, 13.ª em 2025.

O outro técnico do dérbi de dezembro de 2000, Augusto Inácio, é hoje, quase exclusivamente, comentador televisivo.

Há 25 anos, o maior treinador português de sempre, José Mourinho, defrontava pela primeira vez o Sporting enquanto treinador principal. Este será o nono jogo frente aos leões. Nunca perdeu: seis vitórias, dois empates e 16-4 em golos. Vejamos o que aconteceu nos oito anteriores.

Há 25 anos, tal como agora, o Benfica vinha de muito polémicas eleições e o Sporting era o campeão. O Benfica venceu com exibição marcada por coragem, espírito coletivo e determinação. O momento mais decisivo aconteceu ao minuto 60, quando João Tomás substituiu Van Hooijdonk. O Benfica vencia já por 1-0, mas João Tomás marcou aos 77 'e aos 82’. Dois dias depois, José Mourinho deixaria de ser treinador do Benfica.

Nove meses depois, Mourinho estava no UD Leiria e o Sporting era treinado por Boloni. Os leões estiveram em vantagem entre os 46’ e os 63’, fruto de penálti apontado por Jardel, mas Silas fez o justo empate final. Mourinho viu assim o jogo: «Com uma supremacia tão evidente e as contrariedades ao longo da partida, o empate sabe a pouco. O Sporting deve estar feliz por ter ganho um ponto que não merecia.»

Em janeiro de 2003, José Mourinho era treinador do FC Porto e os dragões lideravam a Liga com nove pontos de vantagem sobre o Benfica. O Sporting, ainda de Boloni, era terceiro, a 11. Os leões entraram em campo com postura desanimada e insegura, com erros graves desde o início. O FC Porto, ao contrário, apresentou uma equipa sólida, disciplinada e coletiva, com jogadores capazes de manter o controlo do jogo mesmo sem depender de Deco. A diferença entre as duas equipas foi clara e avassaladora e o resultado final considerado magro para o domínio portista (Costinha marcou aos 4'). As ideias de Mourinho após o jogo: «Ninguém de bom senso e honesto que esteve neste estádio, ou sentado em casa a assistir ao jogo pela televisão, pode contestar esta vitória», afirmou.

Última jornada da Liga, com o FC Porto já campeão nacional e, 11 dias antes, já com a Taça UEFA no bolso. O Sporting arrancou exibição muito débil e o FC Porto venceu sem grande esforço. Postiga marcou aos 37’ e Contreras aos 78', na própria baliza. Mourinho, no final, frustrado com a organização do calendário, mas reconheceu a importância de terminar a temporada com vitórias e celebrações, valorizando a festa dos jogadores e familiares.

No arranque de 2003/2004, o FC Porto perdera a Supertaça Europeia para o Milan (0-1). Mourinho, no final, avisara: «Alguém vai pagar esta derrota!» Foi o Sporting de Fernando Santos a pagar a fatura: 4-1, golos de Derlei (3’), Jankauskas (51’), Maniche (64) e McCarthy (89, g.p.) e de Rochemback (79’) para os leões. No final do jogo, Mourinho delegou em Rui Faria, seu adjunto, a análise ao clássico: «Excelente resultado e excelente exibição.»

Sporting entrou mal e o FC Porto entrou seguro, bloqueando as principais referências do Sporting, com marcação intensa sobre João Pinto e pressão no meio-campo, aproveitando contra-ataques rápidos. Os golos foram de Jorge Costa (8’) e de Pedro Barbosa (69’, g.p.). No final, irritado com a jogada do golo do Sporting e acusando Liedson de ser enganador por simular faltas e desrespeitar adversários, Mourinho mostrou-se cáustico: «Estou farto disto. Quero estar longe, longe, longe deste futebol. Não gosto do futebol português e o futebol português também não gosta de mim!» Foi também o clássico em que José Eduardo Bettencourt, administrador-executivo da Sporting SAD, acusou o então treinador do FC Porto de ter rasgado a camisola de Rui Jorge e de ter desejado a morte a este. Mourinho negou: «Nunca disse que gostaria que Rui Jorge morresse em campo. Isso é um completo absurdo.»

Mais de dez anos depois, José Mourinho estava na segunda passagem pelo Chelsea e o Sporting era treinado por Marco Silva. Os leões entraram nervosos e os ingleses controlaram a primeira meia hora. Matic marcou aos 34’ e só aí o Sporting pareceu libertar-se da pressão, tentando atacar. Rui Patrício foi quem mais brilhou, evitando que a goleada acontecesse. Mourinho viu assim o jogo: «Ganhámos bem, mas o Sporting manteve o resultado sempre em aberto, mercê de grande jogo de Rui Patrício.»

O Sporting mostrou-se competitivo, mas ainda longe do nível das elites europeias. Fàbregas (8’, g.p.), Schurrle (16’) e Obi Mikel (56') marcaram os golos do Chelsea e Jonathan Silva (50’) apontou o dos leões. «Sporting foi competente, fez uma fase de grupos bastante positiva, num ano de estreia para o Marco Silva e para quase todos os jogadores», analisou Mourinho.