António Morgado revela problemas de saúde que o afetaram em 2025

Depois de se afirmar como uma das revelações da temporada de 2024, António Morgado enfrentou um ano bastante complicado. Apesar de um início de época promissor, o rendimento do jovem português caiu na primavera e nunca voltou ao melhor nível que lhe rendera, na temporada de estreia no WorldTour, aos 20 anos de idade, um arrebatador quinto lugar num dos monumentos do ciclismo, a Volta a Flandres, além de outros resultados impactantes em corridas de um dia. 

As expectativas estavam altas e o corredor reconhece que não conseguiu corresponder. «2025 foi um ano mau. Não foi nada do que eu esperava», admitiu em entrevista ao jornal belga Sporza.

Apesar de ter conquistado três vitórias na temporada — no Grande Prémio Castellón, na Figueira Champions Classic e no Campeonato Nacional de Contrarrelógio — Morgado não foi escolhido pela direção desportiva da UAE para uma grande Volta e passou parte do ano como gregário.

A época até começou bem, mas no arranque das clássicas de primavera uma doença travou-lhe o ritmo logo cedo. «Depois da Omloop e do Trofeo Laigueglia [primeira semana de março], fiquei doente pela primeira vez e passei oito dias sem treinar», contou o corredor de 21 anos. «Depois disso, foi muito difícil voltar à forma.»

Os problemas de saúde repetiram-se e tornaram a recuperação ainda mais complicada. “Depois do Nacional de Contrarrelógio, senti-me, de repente, muito mal. Não conseguia ver bem de um olho...», recorda Morgado.

A situação revelou-se mais séria do que parecia. «Sempre que fazia esforço, sentia a cabeça a andar à roda. Os exames mostraram que tinha cristais soltos no ouvido, o que me afetou durante cerca de um mês e meio», revela. Para agravar a sua saúde, adoeceu com covid durante o verão, que o impediu de atingir melhor rendimento na fase final da temporada, em que foi baixa de última hora nos Europeus em França e obteve resultados medianos e desistências nas clássicas italianas e no Paris-Tours.

«Quero ser melhor ciclista»

Com 2026 no horizonte, António Morgado tem um objetivo claro: evoluir. «Quero tornar-me melhor ciclista. Sei que posso ser muito melhor do que mostrei no ano passado», afirmou. «Ganhar uma, duas ou quatro corridas não é o mais importante.»

As clássicas belgas estão no topo das suas ambições. «No ano passado, estive muito fraco no posicionamento no pelotão nas corridas flamengas», reconheceu. «Quando os favoritos atacavam, eu vinha sempre de trás», explicou.

A solução, segundo o jovem corredor das Caldas da Rainha, passa por mudar a mentalidade. «É preciso ser um pouco louco para lutar pelo seu lugar na frente da corrida. Sou demasiado educado nas disputas de posição. Nesses momentos, não dá para pensar nos outros. Preciso mesmo de mudar isso.»

As corridas flamengas tornaram-se as suas favoritas - e diz o que o fez mudar de preferência. «São provas muito duras, em que é preciso lutar o tempo todo — e eu gosto disso. Além disso, adoro os adeptos flamengos. E acho-lhes graça. Às vezes, ao incentivarem-me nas subidas confundem-me com o Molano [n.d.r.: referindo-se ao companheiro de equipa colombiano Juan Sebastián Molano]. Eu sei que somos parecidos, mas não somos iguais.».

Em 2026, Morgado deverá alinhar em várias clássicas belgas, como a Omloop Het Nieuwsblad, a Através da Flandres e a Volta a Flandres. Em algumas, a equipa deverá dar-lhe liberdade para lutar por resultados. «Nas grandes clássicas, terei de ajudar os líderes. Mas nas mais pequenas, vou correr com mais liberdade.»

Depois da campanha das clássicas, chegará um momento especial na ainda curta carreira de Morgado: a estreia numa grande Volta. «Vou correr o Giro de Itália», confirmou. «Quero estar em boa forma para ajudar o nosso líder, João Almeida, e mostrar também que me tornei melhor trepador», concluiu.