Antigo presidente do Barcelona em tribunal: «Os chefes dos árbitros sempre foram do Real Madrid
Sandro Rosell, presidente do Barcelona entre 2010 e 2014, foi categórico durante o seu depoimento no processo conhecido como «caso Negreira», afirmando que José María Enríquez Negreira, vice-presidente do Comité Técnico de Árbitros entre 2001 e 2018, não tinha qualquer influência real e não a poderia usar em benefício do clube. Esta informação surge de gravações áudio transmitidas pela «Cadena Ser», rádio espanhola, nas quais Rosell vai mais longe, declarando que todos os líderes deste organismo, responsável pela arbitragem na La Liga, eram adeptos do grande rival dos catalães, o Real Madrid.
«Este homem não tinha qualquer influência no CTA. No Comité Técnico, o único que tem influência é o presidente. E historicamente, ao longo destes 70 anos, não sei se sempre ou pelo menos na maioria das vezes, todos os chefes do Comité Técnico declararam-se adeptos absolutos do Real Madrid. O único que tem influência no CTA é o presidente e ele sempre foi adepto do Real Madrid. É tudo muito simples. Vamos rever todos os jogos com cinco especialistas em arbitragem e que eles digam onde algum árbitro nos ajudou. Que venham. Aqui não podem dizer que encerramos o caso por falta de provas. Aqui as provas estão a favor do acusado. Aqui só posso dizer que as provas apoiam a tese do acusado. É isso. Vamos sentar e ver os jogos, que venham os especialistas, mas isso talvez não agrade a algumas pessoas. Lamento, mas às vezes simplesmente não se ganha. Às vezes perde-se e é preciso aceitar. Um clube de cavalheiros (Real Madrid) deve aceitar e parar de arrastar isto eternamente, como tentam fazer, para encobrir outras coisas. Por exemplo, agora, após apenas quatro jogos do campeonato, já se queixaram à FIFA sobre a arbitragem. Onde está o senhor Negreira agora?», conclui o depoimento de Rosell.
O depoimento de Sandro Rosell faz parte do processo em curso do «caso Negreira», que já dura há mais de dois anos e meio. Este processo baseia-se numa investigação do Ministério Público sobre 7,3 milhões de euros que o Barcelona pagou, durante um período de 17 anos, ao vice-presidente do Comité Técnico de Árbitros local, Enríquez Negreira, e se estes pagamentos faziam parte de um esquema de corrupção para beneficiar os catalães com certas decisões de arbitragem.