Sainz a festejar - Foto: Kapta+/Eduardo Oliveira
Sainz a festejar - Foto: Kapta+/Eduardo Oliveira

Aliança ítalo-espanhola

'Bola Descoberta' é o espaço de análise do treinador Laurindo Filho em A BOLA

Jogo grande da 10ª jornada no Dragão a opor um FC Porto a viver o momento de menor fulgor exibicional em 2025- 2026 e um SC Braga a atravessar a melhor fase da temporada.

- Francesco Farioli lançou Rodrigo Mora e William Gomes para os lugares de Gabri Veiga e Borja Sainz dentro do habitual 1x4x3x3.

- Se a entrada do jovem prodígio explica-se pela necessidade da gestão da condição física de Veiga, a presença de Gomes justifica-se pela rendimento apresentado sempre que chamado a jogo e pelo ocaso exibicional do extremo ex-Norwich.

- Carlos Vicens manteve aquele que é, neste momento, o seu onze-base de confiança dentro da actual estrutura-base de confiança, o 1x3x4x2x1.

- Fiéis ao modelo de jogo que tantas alegrias tem dado até ao momento, os dragões surgiram em campo iguais a si mesmos. Nos defeitos (essencialmente) e nas virtudes.

- Estruturada em GR + 4 + 1 + 5, numa fase inicial, e em GR + 4 + 1 + 2 + 3, a partir do meio da primeira parte, a Fase de Construção portista voltou a evidenciar alguma rigidez posicional que afectou a fluidez da ligação entre sectores aquando da organização ofensiva.

- Os azuis e brancos não souberam lidar com a pressão alta com referências individuais levada a cabo pelos bracarenses.

- Com dificuldade para ligar o jogo de forma apoiada entre sectores, os comandados de Farioli recorreram demasiadas vezes ao passe longo, com particular destaque para Diogo Costa, inúmeras vezes o homem livre em condições de procurar uma ligação mais directa.

- Essa procura constante pelo passe longo visou sobretudo explorar a igualdade numérica (3 vs 3) que se verificava no último reduto do SC Braga.

- Apesar da igualdade numérica, os dragões nunca conseguiram criar condições para gerar vantagens posicionais que pudessem colocar em causa a opção defensiva delineada por Vicens.

- Sem bola o FC Porto foi igual a si mesmo. Na Fase de Construção bracarense, estruturada em 1x3x2x5, Farioli procurou pressionar alto com referências individuais, muitas vezes dentro da grande área de Hornicek, mas não teve a eficácia desejada...

- ...com imenso mérito bracarense. Os homens de Vicens nunca tremeram perante a pressão alta portista e paulatinamente foram encontrando soluções para ultrapassar linhas de pressão e chegar a terrenos mais adiantados.

- Ao contrário do FC Porto, os arsenalistas têm jogadores cujo perfil técnico-táctico permite-lhes uma maior mobilidade e um maior envolvimento dentro dos sectores em todos os momentos e fases do jogo.

- Num jogo de pares aquando do momento de organização defensiva, essa nuance revelou-se decisiva para que houvesse sempre soluções por dentro do bloco defensivo portista, o que justifica a superioridade bracarense verificada na etapa inicial.

- Faltou ao SC Braga uma unidade capaz de atacar com maior agressividade a profundidade e o espaço nas costas da linha defensiva azul e branca.

- A inclusão de Pau Victor, embora responsável pela mobilidade atacante que tantos espaços e tantas combinações gerou, revelou-se "curta" de intenções para os últimos 25 metros.

- E quando tudo indicava uma igualdade no fim dos primeiros 45 minutos, um remate de Samu desviado em Rodrigo Mora abriu o marcador e deu vantagem aos dragões, naquele que terá sido o único pontapé de baliza longo batido pelo guarda-redes do SC Braga em toda a 1ª parte.

- A etapa complementar não trouxe mexidas nos onzes das equipas, mas rapidamente trouxe mudanças no marcador.

- Após canto sobre a esquerda, Zalazar remate forte, mas de forma não enquadrada com a baliza. Victor Gomez, atento, estreou-se a marcar no campeonato, devolvendo justiça ao score.

- Farioli não esperou muito para refrescar a equipa. Francisco Moura cedeu lugar a Martim Fernandes e Rodrigo Mora saiu para a entrada de Gabri Veiga.

- O lateral português não aportou nada de positivo à equipa em termos ofensivos. Já o médio espanhol trouxe maior agressividade ofensiva ao sector intermédio portista.

- Vicens sentiu que era importante dotar o meio-campo de experiência e o ataque de acutilância. Lançou João Moutinho e Fran Navarro para os lugares de Grillitsch e o SC Braga não baixou em termos de rendimento colectivo.

- Incapaz de se superiorizar colectivamente, Farioli nunca cedeu à tentação de fugir ao plano habitual. Trocou seis por meia dúzia com as saídas de Samu e Pepê para as entradas de Deniz Gul e Borja Sainz.

- Pouco depois o treinador italiano surpreendeu ao chamar a jogo Pablo Rosario retirando William Gomes. Com mais espaço entre sectores e maior margem para transições ofensivas com qualidade, o líder da equipa técnica azul e branca não quis ser surpreendido e preferiu o equilíbrio ao talento.

- Sem mexer no seu 1x4x3x3, Farioli derivou Gabri Veiga para a direita e acabou por ganhar o jackpot.

- Foi o n⁰ 10 portista quem, aos 74 minutos e a partir do espaço centro-direta, isolou Borja Sainz para o golo da vitória, num lance em que Victor Gomez é surpreendido e deixa-se antecipar pelo extremo espanhol.

- Num jogo em que o SC Braga voltou a mostrar crescimento colectivo, um erro individual deitou por terra as aspirações bracarenses.

- O FC Porto encontrou o adversário mais difícil de manietar até ao momento nesta temporada. Voltou a evidenciar dificuldades quando não consegue recuperar bola em zonas mais altas e quando Varela é condicionado pelo adversário.

- MVP : Borja Sainz.