TIAGO PETINGA/LUSA

AD vence legislativas mas será difícil governar

Supera PS em território nacional, mas apenas com mais dois deputados. Votações nos consulados podem dar empate. Subida exponencial do Chega deixa dúvidas sobre o Governo

A Aliança Democrática, coligação dos partidos PSD, CDS e PPM, parece ter vencido as eleições legislativas, mas a margem (79 contra 77 deputados) é suficientemente curta para que as votações no estrangeiro — os resultados nos consulados ainda não são conhecidos — mudem tudo. Aliás, se a distribuição de deputados nos círculos de Europa e fora da Europa for igual à de há dois anos (três para o PS e um para o PSD), poderá mesmo haver empate no Parlamento.

O cenário de governabilidade afigura-se difícil de desenhar, sobretudo à conta da subida exponencial do Chega — subiu de 12 para 48 deputados, pelo menos, isto se não conseguir qualquer mandato nos círculos do estrangeiro.

Luís Montenegro, líder do PSD, assumiu vitória nas eleições — mesmo que a AD termine com os mesmos deputados de PS, terá quase seguramente mais votos — e disse esperar que o Presidente da República o convide a formar Governo.

«Sempre disse que vencer as eleições era ter mais um voto que qualquer outra candidatura e que só nessa circunstância assumiria as funções de primeiro-ministro», afirmou. Mas garantiu que iria «cumprir a palavra» dada durante a campanha, de que não formaria Governo com o Chega, pelo que o caminho para ser primeiro-ministro pode ser difícil.

Já Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, assumiu a vitória da AD e afastou o cenário de um Bloco Central que viabilize a formação de Governo e a aprovação de orçamento. «Vamos liderar a oposição. A AD que não conte com o PS para governar. Não somos nós que vamos suportar um Governo da AD», afirmou ao fim da noite, embora também admitisse que o Partido Socialista não iria «obstaculizar» uma solução de Governo.

Quanto a André Ventura, o grande vencedor da noite, destacou o fim da maioria de esquerda no Parlamento, que existia desde 2015, e piscou o olho ao PSD para a formação de Governo, falando em «maioria clara» na Assembleia da República: «Só um líder e um partido muito irresponsável deixarão o PS para governar quando temos na nossa mão a possibilidade de fazer governo de mudança.»

A Iniciativa Liberal voltou a ser a quarta força mais votada, mantendo 8 deputados. O Bloco de Esquerda passa para quinto, com 5 deputados, agora à frente da CDU, que perdeu dois parlamentares (6 para 4). O Livre consegue formar grupo parlamentar, com 4 deputados (tinha 1). O PAN mantém a líder Inês Sousa Real na Assembleia da República.