Anzhony Rodrigues foi o árbitro do Rio Ave-FC Porto - Foto: Catarina Morais/KAPTA+

A análise de Pedro Henriques à arbitragem do Rio Ave-FC Porto

Especialista de arbitragem de A BOLA analisou a prestação de Anzhony Rodrigues

Pedro Henriques, especialista de arbitragem de A BOLA, analisou a prestação de Anzhony Rodrigues, árbitro do Rio Ave-FC Porto, e da respetiva equipa de arbitragem. Para Pedro Henriques, o juiz fez uma arbitragem algo insegura no primeiro tempo, materializada na ausência da lei da vantagem e o primeiro golo precisava de ter tido linhas de fora de jogo para validar a posição de Alan Varela.

4' No primeiro golo dos dragões há duas situações para analisar. Em primeiro lugar, se Alan Varela não fez qualquer obstrução à movimentação de Cezary Miszta, que, para se desembaraçar, acabou por empurrar o jogador portista, sem ter cometido falta. O guarda-redes vilacondense estava com espaço para se movimentar ou defender, ou seja, tudo legal neste aspeto.

Em segundo lugar, a análise em termos do possível fora de jogo de Alan Varela no momento do cabeceamento de Pablo Rosario. É que não houve qualquer imagem esclarecedora e, sobretudo, a mostragem das linhas de fora de jogo que neste caso se impunham. Se Alan Varela estava em fora de jogo posicional no momento do cabeceamento do seu colega tem claro impacto na visão do guardião Miszta, pois está na trajetória da bola e o golo deveria ter sido anulado, pois passava a tomar parte ativa na jogada. Se estava em posição legal, não há nada a dizer e o golo é legal. Para isso era importante que tivessem mostrado as respetivas linhas. Por protocolo, sempre que houver lances de fora de jogo com menos de 150 centímetros, o VAR envia as linhas para a operadora retransmitir no direto televisivo. Por tudo isto, mesmo com a imagem lateral, onde parece haver, sem certeza, fora de jogo, dá-se o benefício da dúvida de validar como correta a decisão de golo.

14' No segundo golo dos azuis e brancos, a bola que vem de um pontapé de canto vai para o segundo poste, onde Samu não empurra, carrega ou agarra Georgios Liavas. Não há qualquer infração atacante, enquanto que, no primeiro poste, o guarda-redes dos vilacondenses, Cezary Miszta, estava claramente a empurrar as costas de Alan Varela, arriscando mesmo o penálti. Golo legal.

23' Ficou a dúvida, na área dos vilacondenses, se André Luiz teria tocado ou dominado a bola com o braço. As repetições são claras: ao subir, a bola bateu na barriga e em parte do tronco. Nunca foi dominada ou jogada com a mão.  

25' Cartão amarelo para Pablo Rosario por entrada fora de tempo e sem bola sobre Nicolaos Athanasiou. O árbitro fez o gesto a justificar que não foi especificamente por esta infração que houve ação disciplinar, mas sim pelo acumular de infrações (infringir com persistência as leis de jogo). Por estar a querer segurar o jogo sem correr qualquer risco, acabou por não dar a lei da vantagem, que neste lance se impunha, pois tinha tempo para posteriormente poder agir disciplinarmente.

33' Cartão amarelo bem mostrado a Jakub Brabec por entrada por trás e fora de tempo sobre Samu, na ocasião com a bola já longe do local. O defesa entrou com o pé direito, pisando o pé também direito do avançado espanhol dos dragões. Uma vez mais, o árbitro poderia ter dado a lei da vantagem, mas optou por não o fazer. A jogada pedia isso claramente, pois cortou o ataque dos azuis e brancos.

POSITIVO
Gestão disciplinar do jogo (apenas 3 amarelos); boa condição física, estando sempre próximo dos lances e com boa colocação e movimentação.

42' Não houve penálti por mão/braço de Jakub Kiwior. Após o remate de Aguilera a bola foi bater na mão direita do jogador dos azuis e brancos, que tem o braço encostado, dobrado e junto ao corpo. Sempre que os braços estão em posição natural para o gesto técnico e sobretudo quando não estão fora do plano do corpo e a ganhar volumetria extra, não há infração. Boa decisão.  

45' Cartão amarelo bem mostrado a André Luiz por, de forma deliberada, agarrar e puxar a camisola de Pablo Rosario, com o objetivo de parar a transição ofensiva. Ação disciplinar enquadrada na falta tática. Faltas táticas são todas aquelas ações em que um jogador, sem ter qualquer interesse em jogar a bola, trava o adversário, que normalmente vai em velocidade e com possibilidade de criar ataque ou jogada com algum perigo ou pode acontecer um lance de igualdade ou superioridade numérica.

51' No terceiro golo dos dragões, no momento do passe de Pepê para Gabri Veiga, o espanhol está claramente em jogo antes de finalizar com sucesso.

NEGATIVO
A falta das linhas de fora de jogo no primeiro golo portista, o tempo extra dado, muito escasso, a não aplicação da lei da vantagem.

90' O tempo extra, recuperação de tempo perdido, não foi o adequado. Numa competição em que os golos marcados e sofridos são importantes e impactantes para a classificação, em que há prémios para os melhores marcadores, independentemente do resultado estar feito e do jogo estar resolvido é muito importante que os árbitros sejam mais assertivos nesta matéria. No segundo tempo houve seis paragens para substituições, um golo e ainda vários jogadores lesionados, alguns dos quais foram inclusivamente assistidos dentro do terreno de jogo. Dar quatro minutos foi muito pouco para compensar todas estas incidências.

Nota do árbitro: 6