A análise aos seis lances de que o FC Porto se queixa
Depois de Benfica, Sporting e SC Braga terem reagido à acusação de pressão do FC Porto a Fábio Veríssimo, e após o Conselho de Disciplina ter instaurado processo contra os dragões, o emblema portista quebrou o silêncio e emitiu um comunicado esta tarde, no qual tece duras críticas ao juiz da AF Leiria e ainda enumera seis erros de arbitragem que terão beneficiado os rivais lisboetas noutras partidas da Liga.
A BOLA traz-lhe os lances elencados pelos portistas e recorda algumas das análises aos mesmos, pelo especialista em arbitragem Pedro Henriques.
«O lance envolvendo Sudakov em Guimarães»
A jogada mais recente é a primeira a ser listada no comunicado do FC Porto. Perto do intervalo do jogo entre Vitória de Guimarães e Benfica, no último sábado, Sudakov atingiu Samu Silva com um pisão e, na visão dos azuis e brancos, o ucraniano devia ter visto o cartão vermelho direto.
Não se percebe o sudakov não ter visto o vermelho e o jogador do Vitória por agredir uns calções leva vermelho direto.
— O Dragão (@o_dragao) November 1, 2025
Só mostra que o benfica faz o que quer e que esta liga é uma VERGONHA. pic.twitter.com/HNtdgbaWNQ
Na leitura de Pedro Henriques, o amarelo foi bem mostrado.
45+1' O facto de um jogador ter o seu pé apoiado no solo, e sendo pisado de frente, não é uma entrada por trás, são atenuantes para que a consequência da falta ao nível de pôr em risco a sua segurança e integridade física sejam menores, dito de outra forma, esses pisões são considerados negligentes, ou seja, entradas onde um jogador atua sem ter em conta o perigo e a consequência do seu ato, e de acordo com a lei 12, punidas apenas com cartão amarelo.
«As expulsões perdoadas a Richard Ríos na Amadora e em Alverca»
Neste caso, os dragões queixam-se de duas partidas nas quais Richard Ríos, médio das águias, terá escapado à expulsão. Na Amadora, logo aos 2 minutos, o colombiano acertou no pé de Godoy depois de tocar na bola, sendo que não foi admoestado e não foi foi assinalada qualquer infração,
Mais tarde, aos 84', Ríos viu cartão amarelo.
Já em Alverca, o internacional cafetero viu o amarelo nos primeiros segundos da segunda parte, numa decisão correta, segundo Pedro Henriques, e pouco depois cometeu nova falta, aos 48', com falta «imprudente e não negligente.»
46' Cartão amarelo bem mostrado a Richard Ríos por ao tentar tirar a bola a Chiquinho acabar por abordar o lance de forma negligente e com o seu pé direito pisar de sola e com os pitons o pé/calcanhar esquerdo do seu adversário.
48' Falta apenas imprudente e não negligente, Richard Ríos tenta tocar na bola e encosta o seu joelho e perna direita na perna esquerda de Marezi, levando à sua queda, embora tenha sido à entrada da área, por haver outros jogadores no lance e por não ir na direção da baliza não houve corte de ataque prometedor, razão pela qual apenas foi assinalado livre direto sem qualquer ação disciplinar. Tudo certo na decisão do árbitro.
«O penálti assinalado no jogo Benfica-Tondela»
Relativamente a este caso, que aconteceu nos quartos de final da Taça da Liga, na semana passada, os portistas consideram que a grande penalidade a favor dos encarnados, aos 38 minutos, por alegada infração de Afonso Rodrigues, foi mal assinalada. Pedro Henriques também aponta um erro na análise do juiz, referindo que o castigo máximo foi incorretamente marcado.
38' O VAR chama o árbitro para lhe mostrar inicialmente uma imagem parada onde a bola está a tocar no braço/cotovelo direito de Afonso Rodrigues. Como o braço está levantado e ligeiramente afastado do corpo dá margem para de forma objetiva se dizer que está em posição não natural. Mas a questão é que a dinâmica da jogada, mostra outra realidade, há um cabeceamento de Leandro Barreiro em cima do adversário, com a bola a um metro de distancia, ou seja, um cabeceamento à queima, tecnicamente designado de bola inesperada. O jogador é surpreendido, havendo quase em simultâneo um choque entre ambos, tal era a proximidade. Na minha opinião e neste lance em concreto, acho que o futebol não espera que um penálti seja assinalado nestas circunstâncias. Dou como incorreta a decisão de se ter assinalado pontapé de penálti.
«A expulsão perdoada a Gonçalo Inácio em Famalicão»
Virando também as agulhas para os leões, o FC Porto aponta um erro no Famalicão-Sporting, no qual Gonçalo Inácio, na sua perspetiva, devia ter sido expulso, pouco antes do intervalo, quando já tinha amarelo.
Na visão de Pedro Henriques, o central dos verdes e brancos escapou à expulsão, sendo que o VAR não podia intervir na jogada por não se tratar de um possível vermelho direto.
45+4’ Gonçalo Inácio ao abrir o seu braço direito para proteger a posse de bola acaba por atingir com o cotovelo a zona da garganta de Gustavo Sá, uma entrada e abordagem negligente passível de cartão amarelo, que não foi mostrado, mas que seria o segundo com a consequente expulsão. De relembrar que o VAR, de acordo com o protocolo, só pode intervir em vermelhos diretos.
«O penálti por assinalar a favor do SC Braga em Alvalade»
No empate entre leões e arsenalistas, terá ficado uma grande penalidade por marcar a favor dos visitantes, além da que foi assinalada nos descontos, apontam os azuis e brancos.
O lance em causa aconteceu aos 14 minutos, numa disputa entre Maxi Araújo e Vítor Carvalho. Na opinião do especialista de arbitragem de A BOLA, a decisão de não apontar para a marca dos 11 metros foi correta.
14' Sem penálti. As indicações que foram dadas para os agarrões e o esticar da camisola é que tem de ser ostensivo/evidente e a queda não pode ser «desproporcional» como foi o caso desta de Vítor Carvalho. Se o agarrão de Maxi Araújo tivesse mesmo impacto e consequência o jogador bracarense tinha de cair para trás e ele lançou-se para a frente tentando tirar claro partido dessa ação. VAR confirmou a decisão do árbitro em campo e deu como legal e sem penálti. Boa decisão.
Além dessa jogada, houve ainda, aos 32', outra a envolver o lateral-esquerdo uruguaio, mas, novamente, sem infração, analisa Pedro Henriques.
31' Ricardo Horta cruza e a bola vai bater no braço esquerdo de Maxi Araújo, que está no chão e que tem o braço dobrado, junto ao corpo, sem volumetria extra e sem qualquer movimento deliberado. VAR confirma que este lance não é passível de pontapé de penálti. Boa decisão.
«A expulsão perdoada a Diomande na última sexta‑feira, contra o Alverca»
A terminar, mais um caso recente, que ocorreu na última sexta-feira, em Alvalade, no encontro entre Sporting e Alverca. Aos 52 minutos, Diomande empurrou Marezi à entrada da área, num lance que devia ter levado à expulsão do central costa-marfinense, de acordo com Pedro Henriques.
52' Diomande primeiro carrega e depois empurra com o seu braço esquerdo as costas de Marezi. As infrações, de acordo com a lei 12 (faltas e incorreções), são punidas onde tem início a sua ação, exceção feita apenas para o agarrar, ora esta jogada em concreto, teve início da sua ação fora da área, logo ficou por assinalar um livre direto. A questão está em termos disciplinares, pois os quatro fatores que se tem de verificar, para ser uma clara oportunidade de golo, e como tal, o infrator ser punido com cartão vermelho, estão todos lá, ou seja; jogada na direção da baliza, distancia curta, mais nenhum defensor a poder intervir e possibilidade de controlar a bola por parte de quem sofreu a falta. Assim sendo, Diomande deveria ter sido expulso. Como é sabido os cartões vermelhos diretos fazem parte do protocolo, ou seja, faltou a intervenção do VAR, em erro claro e óbvio.