José Manuel Constantino alerta para atraso no desporto português
Presidente do Comité Olímpico de Portugal foi distinguido com o doutoramento 'Honoris Causa' pela Universidade de Lisboa. Diz que há desfasamente entre o crescimento do país e o do desporto nacional. Na cerimónia, Marcelo Rebelo de Souda pediu-lhe «resultados olímpicos»
O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, alertou para o que diz ser o desfasamento entre o crescimento do país e o desenvolvimento do desporto português, durante a cerimónia em que foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, que decorreu esta quarta-feira na Faculdade de Motricidade Humana, em Oeiras.
«O progresso nos diversos fatores de desenvolvimento não se reflete no crescimento sustentado dos indicadores desportivos de referência e isso deve ser motivo de preocupação e de reflexão», afirmou o presidente do COP desde 2013, que considera que o desporto enfrenta «um futuro com elevado grau de complexidade», no qual pontificam desafios como a demografia ou «o défice de dados, informação e investigação atualizada».
«Os problemas de literacia motora e desportiva, expressos na situação desportiva nacional, expõem a necessidade de construir uma matriz conceptual para o desporto, em Portugal», referiu José Manuel Constantino, de 73 anos, durante a cerimónia presidida por Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República, no seu discurso, elogiou o dirigente máximo do desporto português. «Todos os dias, José Manuel Constantino recria-se a si próprio. Hoje é uma festa do espírito olímpico, porque o desporto mudou também em Portugal pela sua mão, como porta-voz do espírito olímpico. Como compreendeu que espírito olímpico podia ser mais internacionalista, mais aberto, mais global, mais pacífico, mais tolerante, mais dialogante, mais democrático, mais pluralista, mais progressista», prosseguiu a principal figura da nação, que em vésperas de Jogos Olímpicos pediu resultados ao líder do COP.
«Não faltam até meta concretas olímpicas. Espero que pense nelas, porque nós pensamos e estamos descansados, porque sabemos que está a pensar nelas», frisou Marcelo.
O presidente do Comité Olímpico de Portugal assumiu que o número de atletas apurados para Paris-2024 está «ligeiramente abaixo do que era estimável» e mostrou-se apreensivo por a missão nacional ter «uma elite muito pequena».
José Manuel Constantino, no regresso à universidade em que se formou, recordou ainda os tempos de curso. «Só tive um 10, a futebol! No entendimento do professor da cadeira, na filosofia do futebol merecia 20, mas na prática não ia além do… zero!»