Toni: «Artur Jorge deixa o seu nome gravado a letras de ouro na história do futebol português»
Toni, à direita, com Artur Jorge, ao centro e Jesualdo Ferreira, à esquerda. (Foto: ASF)

Toni: «Artur Jorge deixa o seu nome gravado a letras de ouro na história do futebol português»

NACIONAL22.02.202413:30

Antigo médio jogou durante dez épocas com o ponta de lança - na Académica e no Benfica; recorda o jogador, mas, acima de tudo, o homem; conheceram-se ainda nos juniores, um no Anadia, outro no FC Porto, mas os caminhos haveriam de cruzar-se

É pela voz de António Oliveira que surge mais uma reação ao falecimento de Artur Jorge. Os dois privaram durante muitos anos, primeiro na Académica e depois no Benfica, mas antes de recordar esses tempos, Toni prefere começar a conversa com A BOLA com uma mensagem de pesar.

«As primeiras palavras serão sempre para a família e para os amigos, partilhando com eles esta hora de dor profunda», salienta.

Em seguida, Toni recorda como surgiram os primeiros contactos com Artur Jorge e que redundaram, depois, num percurso comum e duradouro: «Quero lembrar alguém com quem tive relações fortes de amizade, que começaram quando eu era júnior do Anadia e ele júnior do FC Porto. Mal sabíamos, nessa altura, que os nossos caminhos iriam cruzar-se na Académica e no Benfica, onde partilhámos, felizmente, muitas alegrias, e também algumas tristezas, naturalmente. O Artur era um jogador fino e extremamente inteligente. Quem não se lembra o quão célebre ficou o seu pontapé de moinho?»

Já depois de ambos terminarem as suas carreiras enquanto jogadores, seguiram-se os percursos técnicos. E Toni recorda o brilhantismo alcançado por Artur Jorge. «Já como treinador, conseguiu grandes feitos, como a conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus da história do FC Porto, em 1987. Fica na história do FC Porto e também da Seleção Nacional. Artur Jorge deixou o seu nome gravado a letras de ouro na história do futebol português», analisa o não menos histórico.

Mas na hora de falar sobre Artur Jorge, o amigo não esquece o homem. Porque em paralelo com os méritos alcançados enquanto jogador e treinador, havia também uma tremenda dose de exemplar cidadania: «Claro que não posso deixar de falar sobre o homem. O Artur teve um trajeto extremamente importante enquanto cidadão. Foi um homem de causas, de lutas, algumas delas académicas, como aconteceu tanto em Coimbra como em Lisboa. Esteve ligado à fundação do Sindicato dos Jogadores, algo que expressa bem a luta que sempre travou em defesa dos jogadores de futebol. Mas era também um homem extremamente culto e que gostava muito de arte.»

Toni não esconde que a partida de Artur Jorge deixa um rasto de mágoa profunda. «O futebol português perde uma figura marcante. A doença já o minava há alguns anos e, infelizmente, chegou a sua hora. Com esta morte parte também um pouco de nós», concluiu o histórico antigo jogador e treinador, que foi colega de equipa de Artur Jorge na Académica (de 1965 a 1968) e também no Benfica (de 1969 a 1975).