ENTREVISTA A BOLA «Somos uns sortudos por ter este tipo de condições que a Federação nos dá»
Fixo André Coelho apenas encontra elogios para caracterizar a Arena Portugal. É mestre em Engenharia Civil e define o recinto como «obra perfeita»
Estamos na recentemente inaugurada Arena Portugal, na qual a Seleção Nacional tem treinado desde o início da passada semana. O que significa para si, enquanto jogador, ser um dos atletas que estreou este recinto?
— É um orgulho. É um orgulho para o futsal português e para o jogador português, por podermos ter este tipo de condições acho que somos uns… acho não, tenho a certeza, somos uns sortudos por ter este tipo de condições que a Federação nos dá. Somos privilegiados por estar aqui, foi mais um passo dado pela Federação Portuguesa de Futebol para nos ajudar enquanto modalidade para continuarmos a crescer, para continuarmos a ter todas as condições para dar títulos a este país e somos eternamente gratos por todo o tipo de condições e todo o tipo de apoio que dão ao futsal português e ao jogador português. E é mais um passo, uma evolução no nosso desporto em Portugal.
— Existe a curiosidade de, além de futsalista, o André ser detentor de mestrado em Engenharia Civil. Isso fez com que acompanhasse esta construção com mais curiosidade?
— Sim. Quando vim aqui visitar duas vezes o pavilhão quando ainda estava em construção vi coisas que os meus colegas não viram, que é obviamente por não estarem nesse meio. Estudei Engenharia Civil durante seis anos, tirei licenciatura, acabei depois também por tirar o mestrado na área da construção. Obviamente que reparava em coisas que os meus colegas não sabem, porque não estudaram esta temática. Mas, mais que isso, falo em perfeição, porque acho que todos os pormenores estão muito bem pensados, desde o balneário, o ginásio, a preparação ao nível do campo, os tetos altos, que também é muito importante porque quem joga com teto — e eu já estive em vários pavilhões só para treino —, por vezes, acaba por ter um teto mais baixo, o que não é tão produtivo para a prática do futsal. Até as linhas, também a maior parte dos campos de treino têm a linha lateral muito junta à parede e, portanto, acho que do balneário até ao campo acho que todos os pormenores estão perfeitos.
— E defeitos? Encontrou-os?
— Não consigo apontar qualquer tipo de defeito, porque está tudo realmente muito bem pensado para o jogador, muito bem pensado para o treino. Portanto, essa perfeição que vejo, obviamente na construção — eu não exerço, apenas estudei, portanto não percebo a 100 por cento, mas enquanto jogador sei avaliar e está a 200 por cento. Está uma obra perfeita!
— Aqui na Arena tiveram várias sessões de treino antes de realizarem o primeiro jogo da fase de qualificação para o Europeu, frente a Andorra, que acabaram por golear (7-2). A estreia correspondeu ao que esperava?
— Acho que foi um jogo que, mais uma vez, veio provar que o futsal está muito evoluído, que já não há jogos fáceis. Estivemos a perder por 0-1, depois estivemos também a ganhar ali por 3-2, na margem mínima, mas acabámos por ser Portugal e por fazer um jogo competente, não brilhante. Fizemos o que foi necessário para ganhar. Ganhámos por uma boa margem mas é passado, agora vamos ter um jogo muito difícil na quarta-feira [amanhã]. Enfrentamos os Países Baixos, uma seleção que melhorou muito, com um treinador que também já foi meu treinador no Barcelona, que conheço muito bem [Miguel Andrés]. Portanto, vai ser um jogo difícil e temos de estar 100 por cento focados para ganhar.
— Regressou esta época a Portugal e ao Benfica. Era para si importante voltar onde é feliz?
— Sim e foi uma mudança que quis. Felizmente, tenho tido a carreira que sempre sonhei, a ter estado nos sítios onde quis, a fazer o que eu gosto, estar nos sítios que quero. Felizmente, não deu muito trabalho e foi uma mudança que quis, para um sítio onde estive dois anos e meio e que me acolheu muito bem, que me deu tudo. Vim para um sítio confortável, onde já conhecia a maior parte das pessoas. É um sítio que conheço muito bem, mas não foi apenas isso, foi uma mudança que quis fazer na minha vida. Fui para onde era desejado, para um sítio onde também queria muito voltar e tem corrido bem, felizmente.
«É dar tudo pela Seleção, é dar tudo pelo clube»
André Coelho, 31 anos, faz parte do lote de futsalistas portugueses que já conquistaram praticamente todos os títulos em clubes e seleções. Ao serviço de Portugal, é campeão europeu, mundial e intercontinental, pelo Barcelona venceu todas as competições espanholas e a Liga dos Campeões e em Portugal apenas lhe falta a Supertaça e a Taça de Portugal. A ambição mantém-se, independentemente da competição e se já a conquistou ou não.
«O que se segue daqui para a frente do André Coelho é o mesmo destes últimos anos. É dar tudo pelo clube, é dar tudo pela Seleção. Não vou deixar de dar 200 por cento de mim em campo em qualquer jogo quer na Seleção, quer no Benfica. O resultado, obviamente, será uma consequência do trabalho da equipa, eu sou apenas uma migalha dentro da equipa e essa migalha que é o André Coelho vai dar sempre 200 por cento pelos colegas, pelo treinador, pelos adeptos, pelo clube e pela Seleção. É isso que podem esperar sempre de mim», garante o... mestre André Coelho.