O leão mostra a sua taça
A festa dos campeões com a taça, Foto Miguel Nunes

O leão mostra a sua taça

NACIONAL19.05.202400:46

Troféu chegou, finalmente, às mãos dos jogadores do Sporting, que fizeram a festa com a família leonina; leão ofereceu mais um grande espetáculo aos adeptos (3-0); Adán e Neto despediram-se de Alvalade com lágrimas e emoção

O leão campeão funciona como um relógio e em dia de festa também trabalhou na perfeição, derrotando o Chaves, 17.º visitante a cair esta época em Alvalade para a Liga. Tantos quantos jogaram na casa leonina perderam. O leão campeão não poderia, pois, falhar aos seus adeptos, no dia de receber a taça e celebrar entre famílias.

Não foi, pois, coincidência a 17.ª vitória em 17 partidas em casa. Na Europa, e tendo em conta o que se passa nas 10 principais ligas, só o Galatasaray, na Turquia, consegue 100 por cento de aproveitamento, 18 em 18, perante os seus adeptos.

Inédito: golos em todos os jogos

Este Sporting é perfeito. Não só aproveitou ao extremo o fator casa como passou a ser o único clube a conseguir marcar em todos os jogos do Campeonato. Nunca acontecera e, na realidade, Sporting, FC Porto e Benfica já tinham andado lá perto, ficando apenas uma jornada em branco. Rúben Amorim, que gosta de números, marcas e recordes, tem mais um para a conta pessoal.

Foi, todavia, igualmente dia de emoções e do drama da despedida, com dois jovens de 35 e 37 anos a tentarem fugir às lágrimas.

Adán: «Oxalá ganhem a Taça»

«Parabéns a todos por este título. Também é vosso. Obrigado a todos. Quero deixar um agradecimento por estes quatro anos, eu e a minha família fomos muito felizes cá. Foram quatro anos de êxitos, de muitos títulos, de grandes momentos. Que não deixem cair este clube. Que não deixem cair a história deste clube», começou por dizer o guardião espanhol Adán, 37 anos, aos adeptos.

Depois, à Sport TV, comentou o facto de ter ficado a dois jogos de renovar automaticamente pelos leões: «Foi uma lesão importante, com uma pequena recaída, senti qualquer coisa que atrasou muito mais. Encantava-me estar nas decisões antes de sair, mas não pôde ser. Estou feliz pelo Franco [Israel], pelo [Diogo] Pinto, pelo Kiko [Francisco Silva]. As lesões não têm momento certo. Agora, acaba uma etapa, há que começar outra. Foi uma das etapas mais importantes da minha carreira. Mais que os títulos, o respeito por mim e pela minha família desde que chegámos, o carinho que sentimos na rua. Oxalá consigamos a Taça dia 26, conseguiria conquistar todos os títulos em Portugal.»

Neto: «Temos o ‘mister’»

O internacional português Neto, 35 anos, também estava emocionado. O filho Rodrigo, porém, ainda chorava mais do que o pai.

«Vesti a camisola do Sporting, vivi muito este clube, senti por dentro como é especial, hoje o Sporting está estruturado e talhado para continuar a ganhar. Grandes recursos humanos, staff, jogadores, escritórios da SAD, a academia trabalha muito bem, é credível. E temos o mister. O Sporting não é só o maior de Portugal porque nós assim o queremos, hoje o Sporting também ganha, e ganha de forma incontestável, como fizemos este ano», explicou, sem pausas: «Algo de mim ficará aqui. O legado e mentalidade que se respira na academia. Ficam boas memórias, bons e maus momentos, títulos. Fui sempre abraçado pela família sportinguista. Nunca poderia colocar nos meus sonhos algo parecido.»

A final da Taça de Portugal também não foi esquecida. «Estamos prontos para conseguir mais um título para o Sporting», afirmou, antes de abordar o estatuto de suplente: «Quando não jogamos temos dois caminhos. Poderia escolher algo mais negativo e ser influência não tão positiva. Optei pelo segundo, viver todos os momentos. Nunca iria perdoar-me se sentisse que não tinha dado tudo. Preciso de tomar decisões familiares para conseguir projetar o que será o meu pós-Sporting.»

Festa sóbria entre família

Apito final, Gyokeres a protestar com Manuel Oliveira — talvez quisesse minutos extra para marcar mais golos... —, tempo de festa e homenagens.

Frederico Varandas, presidente do Sporting, entregou lembranças e Neto e Adán, houve fogo de artifício, o pai de Gyokeres passeou-se pelo relvado, as famílias posaram com os jogadores, festa pegada. Depois, o protocolo, a taça a viajar até ao centro do relvado com um embaixador da Liga bem conhecido dos sportinguistas, o antigo guarda-redes Nélson Pereira.

O desfile foi rápido, Paulinho entrou com Paulinho. O goleador e o roupeiro. Um a um, jogadores e técnicos recebiam medalhas e aguardavam. Varandas seria medalhado por Coates, com Pedro Proença, presidente da Liga, a assistir da primeira fila. O momento mais desejado chegaria num ápice, Coates recebeu-o e partilhou-o com todos os que conquistaram o 20.

Os últimos minutos de festa de título, a seguir começava a operação Jamor.