Nuno Catarino, líder financeiro da Benfica, SAD (SL Benfica)
Nuno Catarino, líder financeiro da Benfica, SAD (SL Benfica)

Entrevista A BOLA Há dinheiro para Otamendi e Di María renovarem contrato com o Benfica

NACIONAL18.03.202522:17

Nuno Catarino, líder financeiro da Benfica, SAD, lembra que os argentinos também assinaram novos vínculos na época passada e lembra que são «jogadores queridos»; só lhe falta o parecer desportivo para 'passar o cheque'

— O Benfica encaixou €71,8 milhões na Liga dos Campeões. O que significa para o clube?

— É o segundo mais elevado de sempre. Nós, e dando um passo atrás, temos um plano de crescimento da receita. Queremos chegar, nos próximos 5 anos, cerca de 500 milhões de receita. Vai ser um marco histórico. Estamos a falar de clubes como o Real Madrid. Mas, claro, naquela altura clubes como esse já vão ter mais. Mas 500 milhões para a realidade portuguesa… achamos que é um enorme desafio, mas estamos a trabalhar para entregar. Obviamente, para ter €500 milhões de receita, temos de ter um plantel de futebol mais competitivo. E isso vai repetir-se mais vezes. Queremos repetir. Os últimos 4 anos, em boa verdade, já é a melhor série em competições europeias do Benfica em muito, muito tempo. Nunca vai ser fazer um Benfica mais pequeno ou um Benfica doméstico, o Benfica é para ser competitivo. Muito além daquilo que o País nos permite ser. E ser competitivo a nível europeu só se consegue expandindo a base de receitas, diversificando receitas, com um plano ambicioso, para podermos investir no futebol, na infraestrutura, na experiência dos adeptos. Mas também não há receitas sem custos. Há que investir para isso. O plano é expandir receita para que possamos fazer mais investimento produtivo, ter melhores plantéis e ter menor dependência das vendas.

— Esta pergunta é feita a todos os anos: é possível projetar um Benfica capaz de manter os seus melhores jogadores?

— Há sempre pressão para vender. E isso é verdade para nós e para os outros e vimo-lo recentemente. Qual é o nosso objetivo? É vender sempre mais tarde, ficar com os jogadores mais tempo. Ainda agora jogámos com o Barcelona, salários de 20 milhões brutos, não vamos conseguir... É inacessível. Por isso, nalgum momento a pressão vai ser de venda. Ficámos nos oitavos de final, já chegámos aos quartos, temos de voltar aos quartos. E temos de pensar nas meias-finais e um dia sonhar chegar à final. E depois de chegar às finais, um dia algo mais grandioso irá acontecer. Por isso, em relação aos jogadores, temos de aguentá-los mais um ano, mais dois anos. E estamos numa fase interessante em que já conseguimos o regresso de jogadores emblemáticos, conseguimos trazer Di María. É raro o haver negócios até 30 de junho e nós, felizmente, não precisamos de fazê-lo. Temos capitais próprios suficientes, não temos pressão. O mercado, tipicamente, é melhor em agosto do que em julho. Porque, nessa altura, em agosto, os plantéis estão a ser, de facto, fechados. E este ano, com o Mundial de Clubes, ninguém sabe como vai ser o mercado, estamos a preparar-nos para que não haja grandes necessidades.

— Se houver luz verde do ponto de vista técnico para a continuidade de Otamendi e Di María o líder financeiro do Benfica dará o seu aval às renovações?

— Vamos lá ver, eu acho que a primeira questão vai ser sempre desportiva. Nós já renovámos contratos com eles no ano passado. Isto depende das condições, depende da questão desportiva, depende do que é que os atletas estão a fazer, estamos a falar de atletas com experiência, com maturidade suficiente.

— Mas são igualmente jogadores com ordenados bastante elevados. Mesmo com o 'Programa Regressar', que foi implementado em 2019 e permitiu benefícios fiscais em contratos de jogadores como os dois argentinos, que já tinham jogador em Portugal.

— Certo, mesmo com o 'Programa Regressar'. Mas vamos lá ver, neste caso estamos a falar de atletas que já cá estão. Não estamos, propriamente, a falar de dois jogadores novos, eles já cá estão. Vamos analisar, mas não é ainda o momento. São dois atletas queridos, mas dependerá do momento.

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