O Portugal-Espanha já começou no FC Español de… Munique
MUNIQUE – É já este domingo que Portugal e Espanha se defrontam em Munique pela conquista da Liga das Nações. E a propósito da grande final ibérica agendada para a Allianz Arena, nada como de repente descobrir, em plena Munique, um clube de futebol com… um diretor português e um presidente espanhol. O nome? Fussball Centro Español. A reportagem de A BOLA foi até lá.
Entramos pelo meio de uma floresta e, subitamente, há três relvados à nossa frente. Lá ao fundo, está Luís Carlos Madeira, o português que é diretor do Español, a acenar-nos, com um sorriso. Será ele o nosso guia nesta história inusitada em vésperas do escaldante duelo de Ronaldo, Vitinha, Bruno Fernandes e companhia contra a seleção de Yamal, Nico Williams e Pedri…
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Ao seu lado está o líder deste emblema de Munique, o galego Martínez – não confundir com o catalão que lidera a Seleção de Portugal; este é Léo e não Roberto, como o selecionador. Os jogos das meias-finais e, sobretudo, o da final da Liga das Nações dominam a conversa. Mas já lá vamos.
Luís, de 36 anos, é natural da Serra da Estrela, da aldeia do Paço da Serra, e está há 30 na Alemanha. «Sim, estou cá desde os seis anos, vim em 1995 e desde 2000 vivo aqui em Munique. Sempre gostei de futebol e comecei a jogar numa equipa alemã até que o presidente, que atualmente ainda é o presidente, o Léo, me disse: ‘vem para o nosso clube, há lá muitos portugueses’», começa por contar o dirigente português.
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E foi? «Eu tinha 16 ou 17 anos e ele convenceu-me com a história dos portugueses. Disse OK e gostei logo do ambiente. Era diferente, familiar, como se estivesse em casa, em Portugal, ao pé da família e dos amigos a jogar. Por essa altura também comecei a trabalhar, mas nunca mais me desliguei do FC Español. Estou cá há 17 anos, sempre com muito trabalho, a dar sempre muitas horas de vida ao clube e com muito esforço.»
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O FC Español, cuja equipa principal atua no Distrital de Munique, oitavo escalão do futebol alemão, tem hoje cerca de 100 sócios (condição para se poder jogar), entre eles seis portugueses, mais alguns espanhóis e depois jogadores de várias nacionalidades. «Sim, há malta do Equador, da Tunísia, da Somália, da Geórgia, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Itália e falta-me citar alguns. Somos uma grande comunidade internacional, uma família», continua Luís Madeira, antes de ser interrompido por Léo Martínez.
«Então e o jogo de domingo? O Portugal-Espanha? Ganha a Espanha, claro!», atira, com um sorriso simpático o presidente de clube raízes espanholas de Munique. Luís ainda quer falar, primeiro, da meia-final com a Alemanha.
«Foi emocionante, foi a primeira vez que fui ver a Seleção de Portugal ao vivo e, melhor, consegui finalmente assistir o um jogo do Cristiano Ronaldo, apesar de ele ter jogado aqui várias vezes contra o Bayern. Cheguei tardíssimo a casa, fiz o caminho todo com as sapatilhas encharcadas pela chuva, mas valeu muito a pena. E uma coisa é certa: como emigrante aqui, fora de Portugal, sentimos o dobro das dores e da alegria, de todos os sentimentos», continua o português. A conversa ia aquecer. Era hora de falar da final ibérica.
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Começou o espanhol Léo: «Isto no domingo, vamos ter aqui um pouco de luta um com o outro [risos], hein, Luís?» «Um pouco, sim, mas não muito, está tudo bem», responde o dirigente luso: «Vai ser um grande jogo. Eu gosto da Espanha, mas só nas rondas anteriores. Mas agora como é a final, claro que eu sou português, vou torcer por Portugal, isto apesar de ser o diretor desportivo do FC Español.»
Léo Martínez volta à carga: «O Luís vai sofrer muito no domingo [risos]. Mais a sério… Eu digo que a Espanha vai ganhar, mas Portugal está muito bem. E Cristiano Ronaldo? Vocês viram que jogo contra a Alemanha, aos 40 anos?» E continua: «A Espanha tem Yamal, sim, de 18 anos. Tem a velocidade da juventude, a irreverência, mas Ronaldo tem experiência, ele sabe como funciona tudo num jogo. É como na vida: quem tem mais experiência sabe onde tem de ir; e o jovem, muitas vezes, não sabe para onde se virar. Vamos ver o que acontece.»
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No final, os dois amigos, um português, o outro espanhol, abraçam-se. E riem. «Espanha vai ganhar, mas só no desempate por penáltis!», diz Léo. «Nããã, ganha Portugal, por 2-1, com golos de Pedro Neto e Rúben Dias». Ficam as apostas. A final pode começar!
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