Treinador italiano garante que prodígio azul e branco tem lugar (e importância) no plantel

É tempo de Rodrigo Mora ter paciência — o dia dele virá

Farioli não tem contado com Rodrigo Mora e frente ao V. Guimarães nem o tirou do banco; não o fará por acaso e terá certamente as suas razões. Cabe ao jogador ser paciente. E trabalhar, claro. O resto ele tem

É certo que no apático FC Porto 24/25 não era difícil entusiasmar plateias com magia e criatividade. Rodrigo Mora conseguiu-o desde que começou a aparecer, já iam decorridas algumas jornadas da Liga. Encantou portistas, adversários, adeptos em geral, observadores e selecionadores. Tem um talento incomum e uma facilidade extrema de colocá-lo em campo, num jeito franzino e meio irreverente que faz lembrar, até pela tonalidade do cabelo, João Vieira Pinto. Faltar-lhe-á, à primeira vista, melhor jogo de cabeça para poder equiparar-se a esta grande figura do futebol português.

À segunda vista, e em face de um arranque de época em que parece longe das contas de Francesco Farioli, falta-lhe provar ter pelo menos mais uma característica que acabou por ser decisiva na carreira de João Pinto: paciência.

O que viria a ser conhecido como menino de ouro, e mais tarde grande artista, explodiu cedo, como quase tudo na vida lhe aconteceu cedo. E antes de fazer 19 anos viu-se transferido para o Atlético Madrid, onde não foi feliz. Soube dar o que parecia ser um passo atrás, explodiu de vez no retorno ao Boavista e depois transferiu-se para o Benfica. O resto da história é conhecido.

Quando fez 18 anos, Rodrigo Mora já era consensualmente enorme promessa do futebol português. A primeira coisa em que deve pensar é que não deixa de sê-lo por não fazer, hoje, parte das escolhas do novo treinador do FC Porto.

A ausência das opções — pelo menos as iniciais — de Farioli não deixa de constituir mistério para quem olha de fora, mas por alguma razão ele é o treinador azul e branco e a opinião pública não é. Ele sabe o quem tem dentro de casa e tem as suas próprias ideias. Não tirou o protagonismo a Rodrigo Mora por acaso, e certamente não o terá feito por maldade.

Se Rodrigo vier a ser o que promete, Farioli não será o primeiro nem o último treinador a não tirar o melhor rendimento de um talento superior. Lembremo-nos de Jesus e Bernardo Silva, por exemplo.

Rodrigo, 18 anos, tem de ter paciência. Mal seria que não se sentisse frustrado por ter deixado o onze (vimos as imagens dele no banco), mas pior será se der algum passo precipitado na carreira. O mercado ainda está aberto e pode haver tentações perigosas, como a de João pelo Atlético há 35 anos. Será pior ainda, para Mora, se se deixar abater por uma circunstância. Porque um dia destes vai tirar magia da cartola e tornar-se-á, estruturalmente, parte do futuro do futebol português.