Rui Borges, Bruno Lage, e a carroça à frente dos bois
Há no futebol um ingrediente, que na verdade também existe em todos os aspetos das nossas vidas, que o torna ainda mais especial. A expetativa.
Os adeptos alimentam-se dela, os jornalistas também, e os clubes, jogadores e treinadores têm obrigatoriamente de contar com ela na agenda e a responsabilidade de a gerir. Não é coisa simples de fazer, porque ao mesmo tempo é preciso lidar com a realidade e saber liderar plantéis e instituições, empresas, com os pés assentes na terra e dose de fantasia controlada.
Mas colocar a carroça à frente dos bois faz realmente parte do jogo. Assim se compreende que, por exemplo, numa altura em que falta conquistar o principal na época em Portugal, o campeonato e a Taça de Portugal, Bruno Lage comece a ser confrontado com a continuidade como treinador na nova temporada.
E que o mesmo se passe com Rui Borges no rival de Lisboa, o Sporting. Sobretudo depois de o presidente do clube, Frederico Varandas, ter elogiado muito a época da equipa sem antecipar se, sendo assim, o treinador tem o lugar garantido. Nem podia.
Nem Benfica, nem Sporting, nem FC Porto o podem garantir. O que é real ainda não é tangível e para eles colocar a carroça à frente dos bois, arriscar ser precipitado, esconde vários perigos. Basta lembrar o endeusamento do alemão Roger Schmidt na Luz ou a entrada de João Pereira em Alvalade, treinador que Varandas disse, então, ver daqui a quatro ou cinco anos num dos clubes mais poderosos da Europa. Tudo a seu tempo. Mas até lá a discussão é inevitável e estimulante. Ou não seria futebol.
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