Messi e Ronaldo em Riade
Messi e Ronaldo em Riade - Foto: IMAGO

Cristiano Ronaldo ou Messi? Sorte a nossa!

Antes do recente jogo do Palmeiras frente ao Inter Miami, no Mundial de Clubes, fizeram a pergunta que já é quase cliché, mas que nunca perde atualidade: «És Team Cristiano ou Team Messi?»

A questão, dirigida a Abel Ferreira, treinador português do Palmeiras, teve uma resposta que não fugiu ao coração — e ao perfil — de quem vive o futebol com paixão, suor e método: Sou Cristiano Ronaldo, por tudo.

Mas o que torna esta dicotomia tão eterna e fascinante? E porque é que, no fundo, todos somos os verdadeiros vencedores desta discussão?

Cristiano Ronaldo e Lionel Messi são, sem margem para dúvidas, os dois maiores jogadores do século XXI - e provavelmente da história do futebol. A dimensão das suas carreiras, os números esmagadores, os títulos conquistados, e acima de tudo, a longevidade num desporto cada vez mais exigente, elevam-nos a um patamar onde quase ninguém mais cabe.

Comecemos pelos números. Cristiano Ronaldo, aos 39 anos, soma quase 950 golos oficiais por clubes e seleção, com passagens por Sporting CP, Manchester United, Real Madrid, Juventus e agora Al-Nassr. Já Messi, 38 anos feitos esta semana, contabiliza mais de 850 golos oficiais, entre Barcelona, PSG, Inter Miami e seleção Argentina. Ambos têm mais de 1.000 jogos nas pernas.

Em termos de Bolas de Ouro, Messi lidera com 8 troféus, contra os 5 de Ronaldo. No que toca a Champions League, Cristiano tem 5 títulos, Messi 4. E se olharmos para o currículo internacional, ambos também brilharam: Messi venceu a Copa América (2021) e o tão sonhado Mundial (2022); Ronaldo conquistou a Euro 2016 e a Liga das Nações 2019, com Portugal.

Mas, como bem explicou Abel, para lá dos troféus há estilos, identidades, caminhos.

Messi é o génio espontâneo, o Federer do futebol, que parece jogar com o jogo no bolso desde criança. Baixinho, com um centro de gravidade único, dribla com a bola colada ao pé como se obedecesse apenas à sua vontade. É o talento puro que nos emociona pela leveza com que transforma o difícil em simples.

Cristiano Ronaldo é o produto máximo da determinação, da autoexigência, da obsessão pela perfeição. É o Nadal, como disse Abel, que teve de correr mais, treinar mais, acreditar mais. Transformou um corpo franzino num atleta de elite, reinventou-se com o passar dos anos e nunca baixou os braços. Aos 39, continua a marcar golos em série e a bater recordes: é o melhor marcador de sempre do futebol mundial em jogos oficiais, o jogador com mais golos em seleções nacionais e o único a marcar em cinco fases finais de Mundiais.

E não, não é por ser português que escolho Cristiano. Como Abel Ferreira, sou Team Cristiano Ronaldo por tudo o que ele representa. Não só pelo talento inegável, mas sobretudo pela preparação, pelo foco, pela disciplina, pela ética de trabalho e pela mentalidade ganhadora. Revejo-me nesse caminho de superação contínua, de resiliência perante a crítica, de exigência permanente para ser melhor todos os dias.

Não é necessário escolher um. Como disse Abel, o futebol é mágico precisamente porque acolhe todos os tipos de talento: os criativos e os resilientes, os génios discretos e os trabalhadores incansáveis.

Ter assistido a duas décadas destes dois gigantes é, acima de tudo, um privilégio geracional. Não será fácil — ou até possível — ver novamente dois jogadores a dominar durante tanto tempo, a inspirar milhões com estilos opostos mas igualmente eficazes, a reescreverem a história golo após golo, título após título.

No fundo, o melhor lado da pergunta «Messi ou Ronaldo?» é podermos responder: sorte a nossa por termos visto os dois.

«Liderar no Jogo» é a coluna de opinião em abola.pt de Tiago Guadalupe, autor dos livros «Liderator - a Excelência no Desporto», «Maniche 18», «SER Treinador, a conceção de Joel Rocha no futsal», «To be a Coach» e «Organizar para Ganhar» e ainda speaker.