OPINIÃO 10 milhões como Ronaldo e Portugal era o melhor país do mundo
Cristiano Ronaldo é mesmo o maior jogador da história. E a minha opinião é irrelevante para esta conclusão, os números falam por si. Eu sou o Jorge Pessoa e Silva e esta é a crónica semanal do meu Livro do Desassossego
No início de 2020 fui convidado para dar uma série de palestras a 10 escolas da Comunidade Intermunicipal de Coimbra sobre o tema empreendedorismo. Escolhi analisar a carreira de jogador de futebol à luz de um empreendedor e Cristiano Ronaldo teve papel central nessa análise. E concluia sempre da mesma maneira: os portugueses não precisam de ter o mesmo talento do que Cristiano Ronaldo nas suas áreas de atividade, mas se 10 milhões de portugueses tivessem o mesmo grau de foco, de profissionalismo, de ambição, de capacidade de trabalho e de capacidade de sonhar... Portugal seria o mais próspero país do Mundo.
Sim, Cristiano Ronaldo chegou aos 40 anos como o maior jogador da história. Repararam que não escrevi melhor, porque melhor implica sempre um grau de subjetividade relacionada com gostos pessoais. Logo, a minha opinião é, neste contexto, irrelevante. Pego nos números, nos recordes batidos - muitos deles difíceis de imaginar que alguém os venha a bater - nos troféus ganhos e no impacto de imagem a nível mundial. Nenhuma pessoa na história da humanidade teve o impacto que Cristiano Ronaldo tem, naturalmente beneficiando da existência de redes sociais onde o avançado português esmaga em número de seguidores qualquer outra personalidade, desportista e de outra qualquer área.
O segredo para Cristiano Ronaldo chegar aos 40 anos com os números que exibe e na forma que ainda demonstra não está na capacidade de trabalho. Essa é apenas instrumental, o meio – essencial, é certo - para atingir o fim. O segredo de Cristiano Ronaldo está na vontade que sempre demonstrou em ser o melhor do Mundo. Não há grandeza que não comece numa ideia que se transformou em desejo. Um desejo que se manifesta numa enorme fome.
O empreendedor Cristiano Ronaldo, como explicava a alunos de escolas secundárias, diagnosticou a área de negócio, elencou as oportunidades e os riscos, traçou e seguiu à risca um plano, fez questão de estar sempre junto dos melhores para com eles aprender e para os superar, soube ouvir os conselhos de quem o podia mesmo ajudar – de Aurélio Pereira, na academia do Sporting, a treinadores como Ferguson e Zidane – foi capaz de se reinventar e adaptar, tendo sido o melhor em duas posições - extremo e ponta de lança - e reciclou as críticas em combustível.
Ronaldo não nasceu para ser o melhor do Mundo, ao contrário de outros. Ronaldo fez-se o melhor do mundo. E isso, meus amigos, comove-me.
Três razões mais para ser admirador de Cristiano Ronaldo: nunca vi um jogador ter tanto orgulho em representar a seleção de Portugal – e falo do muito que também vi como jornalista – o enorme carisma dentro de um balneário e capacidade de influência junto dos companheiros sem ter sequer de abrir a boca – ser hoje um homem mais tranquilo, maduro, que dá excelentes entrevistas e tem mesmo uma palavra a dizer ao Mundo.
Termino como comecei: se 10 milhões de portugueses tivessem o mesmo grau de foco, de profissionalismo, de ambição, de capacidade de trabalho e de capacidade de sonhar... Portugal seria o mais próspero país do Mundo.