«Voleibol mudou, físico é muito importante agora»
- Com a vasta experiência que tem no mundo do voleibol, que conhecimentos considera que pode trazer para a modalidade em Portugal?
- Em Itália o voleibol é muito importante, assim como na Turquia, onde tenho a possibilidade de trabalhar como selecionador nacional. Acho que ainda sou jovem, mas já tenho uma boa experiência, pelo que gostaria de entender o nível do voleibol em Portugal e como posso ajudar a Federação, clubes e jogadores, porque considero que existe a possibilidade de melhorar. Já falei com eles [pessoas ligadas ao voleibol português], e entendem que há algo que está a faltar neste momento. Não sei se é um problema ao nível dos jogadores, de quão importante o desporto é aqui... Em Itália, é muito importante, muitos jogadores jogam voleibol, homens e mulheres. Preciso de perceber quais são as limitações aqui que travam o crescimento da modalidade.
- Acha que este evento tem um papel importante na promoção do voleibol em Portugal?
- É por essa razão, penso eu, que estou aqui. Para ajudar todos. Treinadores, jogadores... para melhorar. Acho que estão a fazer um bom trabalho, não só comigo, mas também fizeram no passado. Então, há sempre a possibilidade de melhorar, e eu espero que eu possa ajudar ao crescimento do voleibol em Portugal.
- O que conhece da realidade do voleibol português?
- Muito pouco. Vi que nesta temporada houve um clube, o FC Porto, na Liga dos Campeões [voleibol feminino], e Portugal não é tão famoso pelo voleibol. Sei que os homens, talvez, estão um pouco à frente das mulheres. É estranho, não é? Porque as mulheres jogam voleibol, muitas jovens jogam voleibol. Significa que há algo que não está tão certo neste momento, porque se querem melhorar e trabalhar desta forma, precisam de dar um passo em frente.
- Tendo em conta o pouco que conhece do voleibol em Portugal, o que considera que é preciso melhorar para a modalidade crescer?
- Essa é uma pergunta difícil, apenas cheguei há algumas horas. Comecei a perguntar a todos sobre quantos clubes há, quem ganhou o campeonato português. quem é o selecionador nacional... Gostaria de aprofundar os meus conhecimentos sobre estes países. Se confiam tanto em mim, gostaria de tentar ajudá-los se puder. Em poucos dias não é fácil, mas se puder ajudar um pouco, já fico feliz.
- Como treinador com um currículo que fala por si, qual é para si, o maior desafio da profissão?
- Talvez seja partilhar a nossa paixão, porque as gerações mais jovens são diferentes das do passado. Quando eu era jovem, o desporto era completamente diferente do que é agora. Agora não é fácil trazer o jogador para o ginásio, trabalhar duro para um sonho e trabalhar em conjunto para concretizar esse sonho. Acho que precisamos de compartilhar algo com a geração jovem sobre a nossa paixão. Isto acontece em todas as áreas, não apenas no voleibol. Se pensarmos nos outros temas, é sempre assim. Sou um professor de voleibol e tenho de fazer isso para as gerações jovens.
- Quais são as principais diferenças entre o voleibol atual e o desporto no passado?
- Há muitas. O voleibol mudou, mudou muito. As regras mudaram. Há diferentes regras que mudam um pouco o aspeto técnico do desporto. Agora, os jogadores e jogadoras são muito altos. A parte física é muito importante agora. Há muitos jogadores e jogadoras de voleibol fortes na Europa e não só. Neste momento há um pequeno problema, porque o nível é altíssimo em Itália, na Turquia e noutros países. Tentam estar no mesmo nível deste ou daquele país, mas no passado o voleibol foi importante em todos os lugares da Europa. Eu estava a pensar na Liga dos Campeões, por exemplo, na final. Três clubes italianos, um clube turco. No passado houve uma equipa polaca, uma russa, uma suíça... Então agora são apenas equipas italianas e turcas. Isso não é tão bom para o voleibol no mundo.
- Agora que é treinador, vê o jogo de forma diferente em relação aos tempos em que era jogador?
- Com certeza. Comecei a jogar voleibol quando as regras eram completamente diferentes. Vivi todo o processo da mudança radical do voleibol. A técnica no passado era tão importante e agora já não é tanto. Agora, a força é fundamental. Nós jogávamos menos no passado e trabalhávamos muito no ginásio para aprimorar técnicas individuais. E agora o voleibol é diferente, mas acho que isso acontece em todos os desportos. Temos de entender o que podemos salvar do passado e o que podemos tirar do futuro para termos um voleibol perfeito.
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