Daniele Santarelli tem uma vida ligada à modalidade, tendo sido atleta e agora treinador de voleibol
Daniele Santarelli tem uma vida ligada à modalidade, tendo sido atleta e agora treinador de voleibol - Foto: IMAGO

«Quero vencer os Jogos Olímpicos»

Com duas Ligas dos Campeões no currículo, Daniele Santarelli não abranda e já tem o próximo objetivo bem definido. O italiano que comanda a seleção turca feminina de voleibol esteve à conversa com A BOLA e abordou o papel da tecnologia no treino, o título mais importante da carreira e revelou o que ainda o inspira na modalidade, após uma vida ligada ao desporto

- Como treinador, quais são as principais diferenças entre orientar uma seleção e um clube?

- Há muitas. No clube, eu decido as jogadoras, tenho jogadoras de diferentes países. Tenho oito ou nove meses para trabalhar com elas. Tenho todo o tempo para melhorar a seleção nacional [Turquia]. Na seleção, escolho as jogadoras também, mas é diferente. Tenho de seguir o desempenho das jogadoras durante a temporada para entender o seu nível. Eu chego e após um período curto começa a competição. Então preciso de atingir o primeiro objetivo, e quando se trabalha durante quatro meses com elas, tem de considerar-se que jogam muitas partidas. Chego depois de uma longa temporada com o clube e a seleção é tão difícil por essa razão. 

- Qual é o papel da tecnologia no treino atualmente? Por exemplo, a análise de vídeo...

- Isso é uma das novidades no desporto em relação ao passado, antes eram tão diferentes. Também vivi esse processo antes de começar, mas de uma maneira diferente. Agora os arquivos são tão fáceis de partilhar, mas antigamente era por VHS. Agora a tecnologia não é apenas isso. Nós também seguimos o cansaço das jogadoras durante o treino, durante o dia. Portanto, temos muitos números sobre elas, muitos detalhes. Ajudam-nos a entender muitas coisas. No passado era completamente diferente. Mas também a saúde é agora muito importante. Se pensarmos no corpo dos atletas e das atletas no passado e agora, são completamente diferentes. Agora o corpo é muito mais trabalhado do que no passado. Antes, os jogadores e jogadoras não eram assim. Há mesmo muitas diferenças entre agora e o passado. Há algo de bom e algo de não tão bom nisso, como em tudo. Cabe-nos entender o que é bom e o que não é bom.  

- Do seu ponto de vista, quais são as principais características que todos os treinadores de sucesso devem ter?

- A mente. A mente é tudo. O sonho é tudo. A experiência. E temos de estudar muito. Eu acho que eu tenho sorte, porque sou italiano, e em Itália o voleibol é muito importante. Tenho a possibilidade de melhorar, de crescer como treinador, porque vejo muitos jogos, converso com muitos treinadores excelentes. Tenho a possibilidade de ver a seleção nacional, os clubes. O desafio em Itália é tão alto precisamente por essa razão, o nível é muito alto. Quando a competitividade é tão alta, o nível deve ser alto. Noutros países, onde a competitividade não é tão elevada, não é preciso lutar tanto para melhorar e chegar ao topo.  

- Tem um palmarés impressionante, tendo conquistado títulos como a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Qual foi o título mais difícil de ganhar ao longo da carreira?

- Talvez o primeiro. O primeiro título da minha carreira foi o mais difícil, porque eu tinha um ano de contato apenas. O clube deu-me uma possibilidade para mostrar o que eu valia. O primeiro título foi muito importante para mim, porque depois desse título, eu assinei outro contrato e pude continuar a minha carreira. Se eu tivesse falhado, talvez a minha carreira não teria sido assim. 

- Depois de tantos anos ligado ao mundo do voleibol, o que ainda o inspira no desporto? 

- Continuo a ter inspiração, sim, porque continuo a viver o desporto com paixão, como um sonho. Continuo a seguir excelentes treinadores mais velhos do que eu. Tenho sorte, porque são mais velhos do que eu. Continuo a seguir os jogadores e jogadoras como ídolos. Acho que é muito importante não perder essa parte de nós próprios. Precisamos de ser jovens, de querer continuar a ser jovem e continuar a sonhar, porque só assim, quando temos uma paixão e a possibilidade de viver essa paixão, podemos partilhá-la com todos. 

- Tem planos para o futuro?  

- Quero vencer os Jogos Olímpicos [2028, em Los Angeles]. 

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