Vasco Matos e Luquinhas, velhos conhecidos da… distrital
Entre os reforços contratados pelo Santa Clara para 25/26 está Luquinhas, que se estreou pelos insulares precisamente na jornada em que estes visitaram o Estádio da Luz, na abertura da 5.ª ronda da Liga, para travar o Benfica com uma igualdade (1-1).
O extremo brasileiro entrou em campo aos 80 minutos, ainda a tempo de celebrar o golo de Vinícius Lopes, obtido aos 90+2’ e a garantir um motivador ponto frente a um candidato ao título nacional. Nos Açores, o extremo reencontra o técnico Vasco Matos, com quem partilha a particularidade de terem sido companheiros de equipa há precisamente… dez anos.
E o contexto, na altura, era bem diferente: jogador e treinador, cimentados na primeira liga profissional, partilhavam balneário na primeira divisão distrital da AF Lisboa, numa época memorável para o Vilafranquense, que em 15/16 conquistou uma subida aos campeonatos nacionais e dois títulos – a Pró-Nacional (hoje 1.ª Divisão) e a Supertaça lisboetas, contando com ambos como titulares indiscutíveis.
Dez anos após uma época memorável que o levou da distrital para o Benfica, onde representaria a equipa B, Luquinhas reencontra Vasco Matos, agora no papel de treinador, e já enquanto futebolista o agora técnico do Santa Clara defendia aquele que, então seu colega na distrital de Lisboa, seria seu pupilo na Liga. Quem o conta é Rodrigo Moura, guarda-redes que partilhava o balneário.
«Lembro-me uma vez de uma história engraçada, em que tínhamos um jogo importante na luta pela subida, frente ao Alverca. O Luquinhas sempre foi muito irreverente em campo e com isso sofria muitas faltas, apanhava bastante. Numa dessas faltas que sofreu, o mister Vasco foi para cima do outro jogador, gerou aquela confusão ali na hora, disse que faria o ‘gajo’ ser expulso… e no final das contas fez mesmo, picou-o tanto que ele não se conseguiu segurar e acabou mesmo a ser expulso da partida.
O Luquinhas 'apanhava' bastante e o Vasco [Matos] foi para cima do outro
No final vencemos o jogo por 1-0 e todos falavam da maneira como a experiência do mister Vasco nos ajudou naquele momento», conta o guardião. Moura, hoje com 29 anos e a jogar na Indonésia, ao serviço do Persijap Japara por empréstimo do Chaves, recorda ter tido uma relação mais próxima com Luquinhas, seu compatriota e ainda hoje amigo próximo, mas ressalva que muito deve a Vasco Matos na sua integração e também na do seu agora comandado no plantel dos insulares...
«O nosso dia-a-dia lá em Vila Franca era muito tranquilo. Eu, o Luquinhas e o David Moura éramos dos mais novos da equipa e dos poucos estrangeiros na altura, já o mister Vasco era dos mais experientes, tinha o respeito de toda a gente. Foi um dos que mais nos ajudou, tinha sempre uma palavra, um incentivo, e via-se que teria sucesso nos próximos desafios», recordou o guardião, na altura recém-chegado do Brasil, de onde havia passado da formação do Athletico Paranaense para… a distrital lisboeta.
Vítor Martins, também colega de ambos, recorda que entre Luquinhas e Vasco Matos, que não eram muito próximos devido à larga diferença de idades que os separa, já existia uma relação de respeito, como entre treinador e jogador. Um prenúncio para o que aconteceria mais tarde…
«O Luquinhas sempre foi um miúdo muito educado, que sempre acatou tudo o que se tentava passar a nós, miúdos, na altura e aproveitava todos os pequenos reparos para melhorar no jogo e pô-los em prática. A experiência que o Vasco nos trouxe na altura, por onde passou, foi sem dúvida uma mais-valia para o crescimento do Luquinhas, de certeza. Posso mandar-lhe um print de uma mensagem que ainda há dois dias eu lhe mandei, a dizer: agora é que o Vasco te vai puxar bem essas orelhinhas», conta, entre risos, o avançado de 32 anos que é conhecido no meio como Bitó.