Rodrigo Moura (à esquerda) recordou convivência entre Vasco Matos e Luquinhas (à direita) em Vila Franca. Foto: UD Vilafranquense

Vasco Matos e Luquinhas, velhos conhecidos da… distrital

Há 10 anos, técnico dos açorianos jogava ao lado daquele que foi agora um dos últimos reforços de verão dos insulares. Depois do Vilafranquense, então na 1.ª Divisão da AF Lisboa, agora, reencontraram-se na elite lusa

Entre os reforços contratados pelo Santa Clara para 25/26 está Luquinhas, que se estreou pelos insulares precisamente na jornada em que estes visitaram o Estádio da Luz, na abertura da 5.ª ronda da Liga, para travar o Benfica com uma igualdade (1-1).

O extremo brasileiro entrou em campo aos 80 minutos, ainda a tempo de celebrar o golo de Vinícius Lopes, obtido aos 90+2’ e a garantir um motivador ponto frente a um candidato ao título nacional. Nos Açores, o extremo reencontra o técnico Vasco Matos, com quem partilha a particularidade de terem sido companheiros de equipa há precisamente… dez anos.

E o contexto, na altura, era bem diferente: jogador e treinador, cimentados na primeira liga profissional, partilhavam balneário na primeira divisão distrital da AF Lisboa, numa época memorável para o Vilafranquense, que em 15/16 conquistou uma subida aos campeonatos nacionais e dois títulos – a Pró-Nacional (hoje 1.ª Divisão) e a Supertaça lisboetas, contando com ambos como titulares indiscutíveis.

Dez anos após uma época memorável que o levou da distrital para o Benfica, onde representaria a equipa B, Luquinhas reencontra Vasco Matos, agora no papel de treinador, e já enquanto futebolista o agora técnico do Santa Clara defendia aquele que, então seu colega na distrital de Lisboa, seria seu pupilo na Liga. Quem o conta é Rodrigo Moura, guarda-redes que partilhava o balneário.

«Lembro-me uma vez de uma história engraçada, em que tínhamos um jogo importante na luta pela subida, frente ao Alverca. O Luquinhas sempre foi muito irreverente em campo e com isso sofria muitas faltas, apanhava bastante. Numa dessas faltas que sofreu, o mister Vasco foi para cima do outro jogador, gerou aquela confusão ali na hora, disse que faria o ‘gajo’ ser expulso… e no final das contas fez mesmo, picou-o tanto que ele não se conseguiu segurar e acabou mesmo a ser expulso da partida.

O Luquinhas 'apanhava' bastante e o Vasco [Matos] foi para cima do outro

No final vencemos o jogo por 1-0 e todos falavam da maneira como a experiência do mister Vasco nos ajudou naquele momento», conta o guardião. Moura, hoje com 29 anos e a jogar na Indonésia, ao serviço do Persijap Japara por empréstimo do Chaves, recorda ter tido uma relação mais próxima com Luquinhas, seu compatriota e ainda hoje amigo próximo, mas ressalva que muito deve a Vasco Matos na sua integração e também na do seu agora comandado no plantel dos insulares...

Moura ainda é amigo próximo de Luquinhas. Foto: UD Vilafranquense SAD

«O nosso dia-a-dia lá em Vila Franca era muito tranquilo. Eu, o Luquinhas e o David Moura éramos dos mais novos da equipa e dos poucos estrangeiros na altura, já o mister Vasco era dos mais experientes, tinha o respeito de toda a gente. Foi um dos que mais nos ajudou, tinha sempre uma palavra, um incentivo, e via-se que teria sucesso nos próximos desafios», recordou o guardião, na altura recém-chegado do Brasil, de onde havia passado da formação do Athletico Paranaense para… a distrital lisboeta.

Vítor Martins, também colega de ambos, recorda que entre Luquinhas e Vasco Matos, que não eram muito próximos devido à larga diferença de idades que os separa, já existia uma relação de respeito, como entre treinador e jogador. Um prenúncio para o que aconteceria mais tarde…

«O Luquinhas sempre foi um miúdo muito educado, que sempre acatou tudo o que se tentava passar a nós, miúdos, na altura e aproveitava todos os pequenos reparos para melhorar no jogo e pô-los em prática. A experiência que o Vasco nos trouxe na altura, por onde passou, foi sem dúvida uma mais-valia para o crescimento do Luquinhas, de certeza. Posso mandar-lhe um print de uma mensagem que ainda há dois dias eu lhe mandei, a dizer: agora é que o Vasco te vai puxar bem essas orelhinhas», conta, entre risos, o avançado de 32 anos que é conhecido no meio como Bitó.