Unidos num tempo de mudança
Vivemos um tempo de mudança no Futebol Português. Se há muito nos habituámos a celebrar conquistas dentro das quatro linhas, fruto do Talento que temos como marca distintiva, é, hoje, uma realidade indesmentível que também ao nível das entidades governadoras podemos sentir orgulho no exemplo transmitido à sociedade.
Vem isto a propósito do recente anúncio, por parte da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), do início da distribuição de mais de seis milhões de euros às 16 Sociedades Desportivas que disputam a Liga Portugal 2 Meu Super (equipas B não são incluídas), no âmbito do mecanismo de solidariedade da UEFA. Chegar a este valor, o mais elevado de sempre, foi possível porque a Liga Portugal e a FPF se articularam para a salvaguarda do interesse nacional. Dificilmente o início de um novo ciclo poderia ser mais elucidativo do tempo que vivemos.
Porque as vitórias em campo são as que mexem com as emoções e se fixam mais facilmente na memória, é possível que poucos recordem a Assembleia Geral da Liga Portugal que, em setembro do ano passado, decidiu, por unanimidade, manter a distribuição equitativa das verbas de solidariedade provenientes da UEFA às Sociedades Desportivas da Liga Portugal 2 Meu Super. Foi um grande golo das nossas Sociedades Desportivas, um testemunho de maturidade na salvaguarda de um apoio equilibrado para todos, o que é da mais elementar justiça: a solidariedade é e será a génese do modelo europeu; deste que, na Liga Portugal, esta época, celebramos sob o lema O FUTEBOL QUE NOS UNE. Não são meras palavras: esta é a realidade do futebol português.
Este era um caminho há muito desejado e que se inicia sob os melhores auspícios, num momento de mudança na Liga Portugal, que hoje dispõe de uma estrutura estável, credível e mesmo apetecível. A transição tranquila para uma nova liderança está assegurada pela competência unanimemente reconhecida — diria mesmo aplaudida — de Helena Pires. Uma mulher à frente do Futebol Profissional é um outro exemplo inspirador oferecido à sociedade. A presidente interina proposta pela Direção e aceite sem reservas pelas Sociedades Desportivas é a base das competições profissionais, reúne o saber, a experiência e o bom senso de quase duas décadas e meia e no terreno, e conta com o suporte da Direção Executiva que eu próprio integro, com o meu colega José Carlos Oliveira.
A estabilidade das competições está assegurada, sendo certo que, neste contexto de convergência, as Sociedades Desportivas que, a 11 de abril, são chamadas a escolher o próximo presidente saberão dar continuidade a esta herança. Quanto a Pedro Proença, que na última Assembleia Geral da Liga Portugal foi aclamado como Associado Honorário, é certo que, na liderança da FPF, prosseguirá o trabalho fantástico que vinha desenvolvendo no futebol profissional e que 75 por cento do universo dos sócios federativos escolheu para fazer o que ainda não foi feito.