João Cancelo já passou por Piloyan (Foto José Sena Goulão/LUSA)

Uma estrela de luz própria e outra a baixar em Jotas (as notas de Portugal)

Dois Joões, o Cancelo e o Félix com exibições absolutamente celestiais dedicadas ao amigo Diogo. Capitão Cristiano Ronaldo continua a brilhar intensamente. Quem se lembrar de bola perdida ou passe falhado por Vitinha, avise...
O melhor em campo: João Cancelo (8)
E lá de cima a estrelinha Diogo Jota sorriu e decidiu baixar, também, no homem do Barreiro. Aquele vai para a esquerda; vai para a direita; ai que vou mas não vou a 'desmontar' por completo Tiknizyan no lance para o primeiro golo é absolutamente fantástico, bem como o consequente cruzamento para a cabeça de João Félix. Ninguém diria que estava a jogar a lateral direito, tal a preponderância ofensiva, como no movimento a desbloquear a defesa arménia no desenho do segundo golo. O terceiro é dele e de pé esquerdo, que não é o dominante, se é que tem um pé dominante. Enormíssimo na primeira parte, após o intervalo baixou só um bocadinho, pois continuou a dar profundidade ao flanco destro e ainda teve tempo para um corte crucial sobre um adversário pouco antes de sair. A descrição é exaustiva, tal como a sua exibição.

DIOGO COSTA (6) — Os grandes guarda-redes, os enormes mesmo, podem estar imenso tempo sem fazer coisa nenhuma como aconteceu — a primeira vez que foi chamado a intervir foi ao minuto 66 — quando são colocados à prova à séria correspondem, como aconteceu ao minuto 70, com uma defesa para o lado direito a travar o remate de Barseghyan. Depois daquela parada a Luis Suárez no clássico fica mais uma para a história.

RÚBEN DIAS (6) — Teve pela frente avançados contrários que ficaram entre o docinho e o bombom. Sempre imperial, comandou a linha, ficando mais resguardado para dar campo de progressão a Gonçalo Inácio. Desta vez, nem teve de engrossar muitas vezes a voz para se fazer ouvir, tal a iniquidade do ataque da Arménia.

GONÇALO INÁCIO (6) — O bloco da equipa comandada por Eghishe Melikyan estava muito baixo e, por isso, seria complicado utilizar uma das suas principais armas, o passe longo desde a primeira fase de construção, para fazer ruir a defensiva oponente. Face a este cenário, inteligentemente, subiu no relvado até à meia esquerda do ataque para ajudar nas movimentações entre linhas. Defensivamente não teve trabalho mas, aí, a culpa já não é sua...

NUNO MENDES (6) — Não esteve ao nível do fulgor demonstrado na fase final da Liga das Nações, mas se os monstros precisam de amigos, como diz a canção, também necessitam de descanso de volumetria exibicional de quando em vez. Pode não ter sido brilhante, que não foi, mas correu e correu e voltou a correr para dar profundidade à ala esquerda.

BRUNO FERNANDES (6) — Começou descaído para a esquerda e sem ser fulgurante, cumpriu. Quando derivou mais para a direita a fasquia de rendimento subiu, ficando perto do golo aos 54. Após Ronaldo ter saído, envergou a braçadeira de capitão, um adereço que lhe ficou bem, pois foi um dos líderes do ataque final à baliza de Avagyan.

JOÃO NEVES (7) — No passado fim de semana passeou, com a camisola do PSG vestida, passeou por Toulouse de bicicleta, fazendo dois golos com esta acrobacia. Em Erevan não foi tão reluzente mas continua a parecer que joga com duas botijas de gás nas costas, tendo em conta a quantidade de quilómetros que faz a cada jogo, dando uma profundidade, uma dinâmica e uma abrangência de nível de equipas top. Como é Portugal.

VITINHA (8) — É um compêndio de bem jogar futebol. Ora desce para o meio dos centrais, ora sobe para a construção na posição dez com uma qualidade que faz esgotar adjetivos. Está na corrida pela conquista da Bola de Ouro, mas não se deverá chatear muito se não a conquistar, porque a bola é a sua melhor amiga e de ouro são os seus pés. Se alguém assinalou uma bola perdida ou um passe falhado pelo médio formado no FC Porto que comunique, que por aqui ninguém se lembra...

PEDRO NETO (6) — É futebolista mais de arrancadas e de procurar a profundidade, mas na Arménia não teve essa oportunidade tal a contenção adversária, com toda a gente como que entrincheirada, Porém, fica para assinalar com sinal (muito) positivo o cruzamento para o primeiro golo de Ronaldo.

RONALDO (8) — Impressionante como aos 40 anos — sim, leu bem, 40 !! — continua com tanta luz própria, como qualquer estrela. E é de arrepiar se nos lembramos que foi ao minuto 21, o do número de Diogo Jota, que marcou o seu primeiro golo na partida, num desvio cheio de intenção. O segundo foi de míssil, duma equipa que nunca se cansou de bombardear o adversário.

JOÃO FÉLIX (8) — Quis o destino que fosse o segundo jogador a brilhar intensamente cujo o nome é começado por jota, aquela letra que era imagem de marca de Diogo. Torga escreveu: «O destino destina, o resto é comigo.» O destino levou-o para a Arábia Saudita, de onde brotaram os cinco golos de Portugal e na parte dele foi arrebatador: golo de cabeça e outro de calcanhar, em passe de mágica.

TRINCÃO (6) — Mais um a dar volume à avalanche ofensiva de Portugal. Parece ter, definitivamente, convencido Roberto Martínez.

GONÇALO RAMOS (6) — Tinha acabado de pisar o terreno de jogo há muito pouco tempo quando assistiu Félix para mais um remate certeiro. É assim quem tem faro de golo...

NUNO TAVARES (5) — Tentou continuar com a dinâmica na ala esquerda, mas estava com a mira descalibrada...

PEDRO GONÇALVES (5) — Um pouco ansioso de marcar pela Seleção, mas ainda teve tempo para ficar duas vezes perto do golo.

PALHINHA (—) — Não deixou que o radar da torre de controlo se desligasse...

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