Trump ligou paracetamol ao autismo, Comissão Europeia refuta
A Comissão Europeia afirmou esta terça-feira que não existem evidências científicas que relacionem o uso de paracetamol durante a gravidez ao risco de autismo numa criança.
Segundo um porta-voz, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) não identificou dados que sustentem afirmações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou a toma do Tylenol (nome comercial do paracetamol nos EUA) por grávidas, à condição. De resto, o paracetamol é uma das poucas substâncias aconselhadas na gravidez.
«Até o momento, não há evidência que justifique mudanças nas recomendações atuais da União Europeia para o uso do paracetamol. Quando necessário, o paracetamol pode ser utilizado durante a gravidez. No entanto, o conselho é utilizá-lo na menor dose eficaz, durante o menor tempo possível e com a menor frequência possível», disse o porta-voz.
❗️ L'Agence européenne des médicaments maintient et réaffirme sa position : "aucune preuve que la prise de #paracétamol pendant la grossesse provoque l'autisme chez l'enfant" et ce médicament "peut toujours être utilisé pour traiter douleur ou fièvre chez la femme enceinte".
— Nicolas Berrod (@nicolasberrod) September 23, 2025
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«O paracetamol continua a ser uma opção importante para tratar a dor ou a febre em mulheres grávidas. O nosso parecer baseia-se numa avaliação rigorosa dos dados científicos disponíveis, e não encontrámos qualquer evidência de que o uso de paracetamol durante a gravidez cause autismo nas crianças», diz Steffen Thirstrup, Diretor Médico da EMA (Agência Europeia do Medicamento), num comunicado esta terça-feira.
«Tomar Tylenol não é bom, não é bom», resumiu Donald Trump numa conferência de imprensa na Sala Oval na Casa Branca, esta noite.
O presidente americano afirmou que o uso de paracetamol poderia estar por trás do aumento nos diagnósticos de autismo no país, com a farmacêutica Kenvue, que produz o Tylenol no país, a reagir de imediato, garantindo que «não há base científica» para a associação.
Ao mesmo tempo, convém sublinhar que o número de casos aumentou porque, em 2013, a definição de autismo foi alargada nos EUA, pelo que há mais diagnósticos.
Ao mesmo tempo, as autoridades de saúde vão passar a recomendar o uso do ácido fólico, conhecido como leucovorina, como um possível tratamento para o espectro.