Treinador do Le Havre denuncia caso de racismo na Ligue 1
O treinador do Le Havre, Didier Digard, denunciou um gesto racista de Aron Donnum, jogador do Toulouse, dirigido a um jogador da sua equipa, Simon Ebonog.
Após a partida da Ligue 1 que terminou empatada (0-0), o técnico de 39 anos referiu-se a um lance que ocorreu já nos descontos, quando Donnum levou a mão ao nariz quando estava frente a frente com Ebonog, a fazer o gesto de como se o médio francês de 21 anos cheirasse mal.
O árbitro não sancionou o futebolista do Toulouse, mas Digard foi admoestado por protestos contra a situação, assim como o próprio Ebonog.
«Não me apetece falar de futebol, não é o centro da minha vida. Sou um ser humano acima de tudo. O que vi hoje [domingo] é intolerável», começou por dizer, aos microfones da Ligue 1+.
«Isto mostra o problema da sociedade em França. Nunca me ouvem a reclamar de faltas e, agora, por algo tão grave, mostram-me um amarelo para se protegerem», continuou.
Digard apontou responsabilidades ao árbitro: «Isto afeta o ser humano, não é apenas desporto. Claro que é fantástico, é um grande entretenimento, mas para mim serve sobretudo para a integração, para o prazer de partilhar, todos juntos, todos iguais. E isto acontece com um árbitro a um centímetro... Quero acreditar que ele não viu, mas é muito, muito grave.»
«Se dizem que não é por racismo, então o que é? É só para dizer ao meu jogador que ele cheira mal? Podemos dizer coisas dessas quando estamos apenas a jogar futebol? Isso não é rebaixar, não é humilhante, não são palavras ofensivas? E depois dizem-me que fui veemente? Apenas disse: 'o que estão a deixar passar num campo de futebol é muito grave'. Não afirmei mais nada e levei um amarelo. É gravíssimo», prosseguiu.
Mais tarde, em conferência de imprensa, o timoneiro do Le Havre moderou o discurso, mas manteve a posição de que Aron Donnum devia ter sido sancionado.
«Não quero tomar uma posição porque não posso interpretar o que outra pessoa pensa. Mas a interpretação mínima disto é uma humilhação ao meu jogador. [...] Se, por outro lado, não sancionarmos coisas destas, temos um problema», defendeu.
Toulouse sai em defesa de Donnum
Em comunicado, o Toulouse respondeu às acusações e saiu em defesa de Donnum. O clube admite a possibilidade de tomar «as medidas necessárias» para defender o internacional norueguês, colega do benfiquista Andreas Schjelderup na seleção.
«O Toulouse Football Club condena veementemente as acusações infundadas e particularmente graves feitas contra Aron Donnum, bem como a exploração do gesto em questão. Nada justifica tais alegações, que prejudicam a integridade do jogador e a imagem do nosso clube», lê-se, na nota.
«O clube reserva-se no direito de tomar todas as medidas necessárias para defender o seu jogador e a veracidade dos acontecimentos. O Toulouse Football Club está profundamente comprometido com a luta contra todas as formas de discriminação e trabalha diariamente por um futebol respeitável, inclusivo e exemplar, dentro e fora de campo», acrescenta o comunicado.