Sporting: Catamo tem sido talismã frente ao Benfica

Superstições. Quem não as tem? Das figas para que algo nos corra bem, ao não passar por baixo de escadas e bater na madeira ao falar de um acontecimento desagradável. No futebol o rol de amuletos é grande, por exemplo, há adeptos que usam a mesma peça de roupa em dia de jogo, têm um amuleto da sorte, os jogadores entram em campo com o pé direito. Em vésperas do dérbi que pode consagrar Sporting ou Benfica campeões, os leões têm um talismã a ter em conta.

Falamos de Geny Catamo. Está bem presente na memória dos sportinguistas a performance do moçambicano nos últimos jogos contra o eterno rival.

Em 2023/2024, no jogo da 28.ª jornada, em Alvalade, que os leões ganharam por 2-1, bisou: aos 46 segundos, após passe de Pedro Gonçalves, que roubou a bola a Bah, no flanco esquerdo, cruzou para a área e, ao segundo poste, Geny Catamo a marcar, rematou de primeira para o fundo das redes, e aos 90+2', na sequência de um canto, há um desvio e Catamo surgiu sozinho à direita, recebeu no peito e rematou de primeira, sem hipóteses para Trubin.

Recorde os golos.

Já esta época, na estreia de Rui Borges no comando técnico do Sporting, na 16.ª ronda da Liga, os leões venceram as águias, por 1-0, com Catamo a assinar o tento da vitória, aos 28', após Tiago Araújo ter abordado mal o lance com Gyokeres, em que o sueco ganhou a linha e cruzou para a área, onde apareceu Catamo a rematar de primeira. Foi, desta forma, que o camisola 21 ganhou o rótulo de talismã nos dérbis com o Benfica, pelo menos, em Alvalade.

A BOLA ouviu Augusto Inácio, antigo treinador campeão pelo Sporting, que também foi jogador e dirigente dos verdes e brancos, sobre o peso que Catamo pode ter no jogo do próximo sábado, na Luz.

«Se será titular indiscutível? Sim, mas na minha opinião a jogar do lado direito, atrás do Trincão. Realmente tem sido talismã em Alvalade, esperemos que também o seja na Luz. Falamos de um jogador que é mais atacante do que defesa, que tem desempenhado bem as suas tarefas. A dúvida seria entre Catamo e Quenda, mas com o regresso do Pote, acredito que seja o Quenda a ficar no banco», começou por dizer.

Quanto ao histórico do extremo diante do Benfica, o treinador não tem dúvidas: «Psicologicamente pode ter peso, no que diz respeito a ter mais confiança, mas não nos podemos esquecer que é o coletivo que conta, nada se consegue sozinho.» E acrescentou: «O jogo com o Gil Vicente foi um aviso para o Sporting, tal como foi a segunda parte do Benfica no Estoril. Se o Sporting estiver ao nível da exibição que fez no Bessa, que foi a que durou mais tempo a nível de consistência, poderá vencer.»

Jorge Silvério, psicólogo especializado em desporto, em declarações a A BOLA, abordou o assunto: «São coisas que acabam sempre por mexer, porque mesmo que os próprios são se lembrem, acabam sempre por ser lembrados, até pelos colegas, no sentido de tentarem motivá-lo, depois depende de como forem trabalhados tanto pelos colegas como pela equipa técnica.»

Sobre a titularidade de um jogador talismã não há dúvidas: «O importante é o jogador estar em forma, sob todos os pontos de vista, nomeadamente físico, psicológico, técnico, tático e o treinador entender que ele é importante na estratégia que vai desenhar tendo em vista o jogo em causa, pelo ambiente e importância do mesmo.»

Por estes dias as redes sociais são fontes inesgotáveis de prognósticos, tira-teimas, espaço de debates e, claro, picardias. Adeptos a mobilizarem-se no apoio à equipa leonina no trajeto que o autocarro fará entre a Academia de Alcochete e o Estádio da Luz e também aqueles mais crentes que pedem ajuda divina para atender os seus pedidos, no caso a vitória dos verdes e brancos, e até há quem já tenha acendido uma vela junto de um cromo de Geny Catamo para que a inspiração do extremo diante do Benfica não lhe falte e, claro, que mantenha pé quente diante do eterno rival num jogo que pode decidir o campeão nacional.

Catamo tinha 15 anos quando participou num programa de caça talentos e foi quem mais se destacou de entre os 1200 participantes. O português Hélder Duarte, então treinador da formação do FC Porto, ficou maravilhado: «Era franzino, tinha 15 anos, dois a três mais novo do que a maioria dos restantes rapazes. Chamou a atenção por duas coisas: por encher o campo, fazia o que queria da bola, com grande técnica, velocidade, um talento puro e depois pela personalidade. Mesmo sendo mais novo era ele quem mandava nos colegas, assumia a liderança», disse Hélder Duarte A BOLA em entrevista publicada em 2023.

Atualmente, é titularíssimo da seleção moçambicana, um exemplo para os mais novos e um orgulho para os habitantes da Beira que, mesmo à distância, assistirão ao dérbi e vão torcer pelo seu menino.

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