«Sinner e Alcaraz? Na minha época não éramos amigos, isso não existia»
Boris Becker continua a ser um atento seguidor de ténis e está em Turim para assistir às ATP Finals, que decorrem esta semana na cidade italiana.
À Gazzetta dello Sport, o antigo número um do mundo falou sobre a rivalidade entre Jannik Sinner e Carlos Alcaraz e revelou um nome que pode intrometer-se na luta pelo último grande título da temporada.
«Se deixar de lado a minha perspetiva alemã, diria que as probabilidades são muito altas. Jannik tem-se mostrado em grande forma, e o mesmo se aplica a Carlos. A minha dúvida é Zverev. Ele tem o talento para vencer ambos, especialmente em recintos cobertos, mas precisa de reencontrar o seu melhor nível», começou por dizer, sobre o compatriota.
Recentemente Toni Nadal, tio e antigo treinador de Rafa Nadal, criticou o ténis atual, «muito monótono», algo com que Becker não concorda: «Estimo muito o Toni, mas nesse ponto não concordo. Penso que o ténis está a viver um boom global, nunca foi tão popular como agora. E o mérito é de Federer, Nadal e Djokovic: esses três levaram o ténis para outro planeta. Alcaraz e Sinner estão a mantê-lo nesse patamar. O que eu gostaria de ver no próximo ano era outros jogadores a vencerem Grand Slams. Até agora, têm sido quase só o Jannik e o Carlos, o que diz muito sobre eles, mas seria bom ver outros a entrarem no círculo dos vencedores.»
Ainda sobre Alcaraz e Sinner, o alemão elogiou a evolução que o primeiro teve este ano ao nível da regularidade.
«Sempre vi o Alcaraz como um artista do ténis. E os artistas podem ser imprevisíveis: têm dias esplêndidos e dias maus. Sempre pensei que, no seu melhor, o Carlos era mais forte do que qualquer um, mas nos dias maus também podia perder com jogadores de nível muito inferior», argumentou, sobre o espanhol.
«Este ano, essa inconstância praticamente desapareceu. Ele amadureceu. Merece ser o número um, embora a luta seja muito renhida, porque no geral foi o melhor jogador. A sua consistência subiu de nível. A grande força de Jannik sempre foi a regularidade. O Carlos trabalhou muito nesse aspeto e colheu os frutos», disse.
Sobre a amizade entre ambos, Boris Becker recordou a sua altura e a rivalidade com John McEnroe ou Ivan Lendl, por exemplo.
«Na nossa época, não éramos amigos. Isso simplesmente não existia. Imaginem-me a ser amigo do McEnroe ou do Lendl... impossível», afirmou, entre risos.
«Com o Stefan Edberg dava-me bem, estimava-o muito, mas não era como hoje. Na minha opinião, o tema da amizade entre rivais mudou com Federer e Nadal. Foram eles que transformaram a forma como dois grandes adversários se comportam um com o outro, e foi algo positivo: um excelente exemplo para os jovens. Acho maravilhoso que Sinner e Alcaraz tenham esta química fora do campo. Percebe-se o grande respeito mútuo, gostam um do outro, não têm problemas em fazer coisas juntos. E, no entanto, em campo são rivais ferozes. É um modelo positivo para a nova geração», atirou.