Simeone explica expulsão em Anfield: «Sou eu quem tem de suportar? Porquê?»

Diego Simeone, o treinador do Atlético de Madrid, abordou a polémica em Anfield, após a derrota por 3-2 frente ao Liverpool, na primeira jornada da UEFA Champions League, em que foi expulso nos descontos.

Simeone fez um gesto obsceno na direção de um adepto atrás dos bancos e foi expulso pelo árbitro. Após o jogo, justificou que a reação nervosa se deveu aos insultos recebidos durante toda a partida em Anfield.

No estádio do Liverpool, a primeira fila da bancada está muito próxima do relvado, e consequentemente, dos bancos de suplentes.

«Comecemos pela parte que me diz respeito. Estamos numa situação em que não temos o direito de reagir, não é bom quando reagimos, porque somos protagonistas. Mas, tal como lutamos contra o racismo e os insultos aos jogadores, os bancos estão colados à bancada e não é fácil receber insultos durante todo o jogo», explicou.

«O terceiro golo surgiu e, para além dos insultos, houve também um gesto. Eu também sou uma pessoa. Não vou entrar em detalhes sobre o motivo dos insultos, porque na minha posição, tenho de manter a calma», acrescentou.

«Até que a sociedade resolva este problema, qualquer treinador tem de conviver com isso, porque acontece sempre. Insultos durante todo o jogo. E gestos. Eu sou quem tem de manter a calma e suportar os gestos, os insultos, qualquer situação. Porquê? Porque estou numa posição em que tenho de suportar», declarou Simeone.

O treinador pediu que haja também punições em sentido inverso: «Fala-se sempre de respeito, mas insultam-te durante todo o jogo pelas costas. Não posso dizer nada porque sou o treinador. A minha reação não é justificável, mas depois de 90 minutos de insultos não é fácil. O árbitro disse-me que compreendia a situação. Espero que o Liverpool possa melhorar este aspeto e, quando identificarem a pessoa que fez isso, que haja consequências.»

Simeone também falou sobre a recuperação do Atlético de uma desvantagem de 2-0, e sobre o golo de Van Dijk nos descontos, que deu a vitória aos 'reds'.

«A equipa não começou bem, não tivemos sorte no 1-0, o que nos tirou do plano inicial. Depois veio o segundo golo, que foi um golo soberbo. Mas a equipa, com espírito, com trabalho, com qualidade, começou a equilibrar o jogo, a gerar futebol, a demonstrar que estávamos no jogo. Terminámos a primeira parte com 2-1, após o golo de Llorente, o que foi encorajador. Na segunda parte, elevámos o nível do jogo, com mais tranquilidade. Sofremos em alguns contra-ataques, porque eles são muito bons, mas mantivemo-nos no jogo. Surgiu o golo do 2-2 e depois veio um golo soberbo de Van Dijk, impressionante. Temos o sabor amargo da derrota, mas ficámos também com o espírito que se deve ter para jogar no Atlético», analisou.