Ronaldo (2) e Nani fizeram os golos portugueses frente à Hungria no Euro 2016 - Foto: IMAGO

Seleção volta à casa de um adversário que a catapultou para a glória

Em 2016, a Hungria foi a última das adversárias lusas na fase de grupos do Europeu. O empate a três golos, aliado a um golo tardio da Islândia, levou Portugal pelo caminho teoricamente mais fácil e que culminou com a conquista do Campeonato da Europa

Pela quinta vez em pouco mais de nove anos, Portugal prepara-se para enfrentar a seleção da Hungria. A equipa magiar recebe a turma das Quinas na Puskás Arena, o estádio nacional do país, que comporta mais de 67 mil espectadores, numa das atmosferas de seleções mais quente da Europa.

O adversário é, porém, de boa memória: há, na história, 14 jogos disputados entre ambos os conjuntos — o primeiro deles em 1926! —, com 10 vitórias, quatro empates e nenhuma derrota a registar para a Seleção Nacional. O último duelo de Portugal contra a Hungria foi no Euro 2020, disputado em 2021 devido à pandemia de COVID-19. Apesar das restrições em vários países, Portugal jogou contra casa cheia (a Hungria aliviou mais cedo as restrições), mas o apoio local não evitou uma vitória por 3-0 dos portugueses, ainda que tenha chegado já perto do fim: Raphael Guerreiro marcou aos 84' e Cristiano Ronaldo bisou aos 87' e aos 90'+2. Não foi, curiosamente, frente aos húngaros que, pela última vez, a Seleção jogou na Puskás Arena, mas sim frente à França, no empate a dois golos no mesmo torneio. Com dois golos de... CR7, mais uma vez.

A Seleção festeja o terceiro e último golo frente à Hungria no Euro 2016 (IMAGO)

Se tirarmos desse registo os encontros de caráter particular, sobram nove embates e o registo fica ainda melhor: nove jogos, oito vitórias e um empate para Portugal. O empate foi, porventura, ainda mais saboroso para as cores portuguesas e, como não há dois sem três, falemos de mais um bis de Cristiano Ronaldo. A 22 de junho de 2016, dois empates frente a Islândia e Áustria deixavam Portugal à beira da eliminação no Euro 2016, na França. O último oponente era o conjunto da Hungria, que, logo ao minuto 19, abriu a contagem graças a golo de Zoltán Gera. Nani empatou em cima do intervalo e, no segundo tempo, dois heróis disputariam o protagonismo.

Balázs Dzsudzsák cobrou um livre ao minuto 47, a bola bateu na barreira e traiu Rui Patrício, fazendo assim o 1-2. Três minutos depois veio o empate, com um belo pontapé de calcanhar de Ronaldo a cruzamento de João Mário. A Seleção Nacional lançava-se de novo para o ataque, mas o ímpeto viria a ser traído mais uma vez: outra vez Dzsudzsák, de fora de área, outra defleção e outro golo. Mas o astro português não se deixou ficar: com um cabeceamento fulminante a cruzamento de Ricardo Quaresma, o capitão fez o 3-3 final aos 62'.

Empate abençoado...? Talvez...

Quatro golos no espaço de 15 minutos fecharam a contagem. Por esta altura, e até perto do apito final, Islândia e Áustria jogavam e estavam também empatadas a um golo. Este resultado deixava Portugal em segundo lugar, com os mesmos pontos e diferença de golos que os islandeses, mas com mais um golo marcado. Traustason fez, aos 90'+4, o golo da vitória islandesa e inverteu as contas do grupo: de repente, a Seleção Nacional estava em terceiro.

Tal não representava um problema, uma vez que, pela primeira vez nessa edição do Campeonato da Europa, os quatro melhores terceiros — onde Portugal se inseria — também passariam à fase a eliminar. Só que isto significou... ir para o lado bom. O que quer isto dizer? Que, para chegar à final, Portugal teve de enfrentar Croácia, Polónia e País de Gales. Se tivesse ficado em segundo, o caminho ditaria que os adversários seriam Inglaterra, nos oitavos de final, França, nos quartos, e Alemanha, nas semifinais. A teoria não entra em campo, mas este acabou por ser o lado da felicidade portuguesa: Traustason marcou o golo que empurrou Portugal para terceiro e croatas, polacos e galeses caíram aos pés da Seleção das Quinas. E na final, um pontapé fulminante de Éder deu a Portugal a maior glória que já teve no mundo do futebol.