«Se as mulheres celebram são dramáticas, se não o fazem são frias!»
A tenista Ons Jabeur, 36.ª do ranking WTA, não passou muito tempo em Paris e menos ainda em Roland Garros, tendo sido afastada na primeira ronda (7/6 e 6/0) por Magdalena Frech.
Porém, a tunisina esteve no torneio tempo suficiente para lançar a polémica e abrir a discussão sobre as sessões noturnas, um velho tópico de discórdia, sobretudo porque estão normamente reservadas para as estrelas do ranking masculino e não para as protagonistas do WTA. Ons Jabeur questionou o tratamento dado às mulheres, constantemente excluídas do horário nobre do torneio, que tem na ex-tenista francesa Amélie Mauresmo a diretora.
Great on @Ons_Jabeur for speaking out once again on Roland-Garros' disgraceful scheduling of women.
— Bastien Fachan (@BastienFachan) May 28, 2025
'It's a bit ironic: they don't show women's tennis, and then they ask the question: 'Yeah, but they mostly watch men...' Of course they watch men more, because you show men more.' pic.twitter.com/P1faY6Q4ZW
«A muitas desportistas de alto nível disseram sempre a mesma coisa: que ninguém vê, que ninguém se importa, que o desporto feminino não mexe. Os preconceitos vêm de quem nunca viu um jogo. Um estádio vazio é considerado uma prova. E os estádios cheios? Ignoram-se! Convenientemente. Um erro torna-se manchete. E as centenas de jogadas brilhantes? São esquecidas. Mas elas existem. Mas elas competem. Mesmo assim, carregam um desporto às costas. Quando uma mulher ganha por 6/0, dizem que é 'aborrecido'. 'Demasiado fácil'. E quando é um homem? Isso é 'domínio'. 'Força'. 'Imparável'. Quando as mulheres jogam com potência, dizem que 'jogam como homens'. Como se a força, a velocidade ou a agressividade não pertencessem ao jogo feminino. Se celebram, são dramáticas. Se não o fazem, são frias», desabafou a tenista tunisina que já foi n.º 2 do Mundo, quando, em 2022, chegou à final de três Grand Slams e venceu o Open de Madrid. «É uma vergonha».
Não é de agora que a tunisina se envolve em temas extra-desporto. Há um mês, a atleta que apoia publicamente a Palestina diz já recebeu várias mensagens de ódio por causa disso. «Já me chamaram terrorista tantas vezes. Não percebo a relação, estou só a tentar ajudar as pessoas, especialmente as crianças que morrem à fome», argumentou a tenista de 30 anos que colabora com o Programa Mundial de Alimentos da ONU.
You don’t have to agree , just read with an open heart❤️ pic.twitter.com/pmJnWhgy6L
— Ons Jabeur (@Ons_Jabeur) May 30, 2025
«Quando se fecha a fronteira e tenta matar crianças e muitas outras pessoas de fome, isso é muito desumano. Estamos em 2025 e não posso acreditar que isto esteja a acontecer», disse Jabeur numa entrevista à WTA. «Um homem na Palestina perguntava: 'Somos humanos?' Só fazer esta pergunta mostra o inferno que estão a viver», acrescentou.
Ons Jabeur, celebrated Tunisian tennis star and UN World Food Programme ambassador, is being unjustly labeled a “terrorist” for her efforts to support the innocent in Gaza. Jabeur’s mission is clear: to bring attention to those suffering from starvation and conflict, particularly… pic.twitter.com/XseQk0udwI
— Irish Sport for Palestine (@Sport4Palestine) May 31, 2025