SC Braga: sorrisos
Após um período conturbado, as coisas parecem estar a ganhar contornos mais condizentes com os desejos dos adeptos braguistas.
Na semana passada, em Bragança, um Braga a meio gás defrontou o clube do Campeonato de Portugal que conseguiu limitar o adversário e arrastar o nulo até aos 84 minutos, quando já pairava no ar a possibilidade de prolongamento. Foi Ricardo Horta (quem mais?), saído do banco, a garantir a passagem à próxima fase da Taça de Portugal. Volvidos mais de 10 anos desde a sua contratação, e já mais de um mês do seu 31.º aniversário, o capitão e melhor marcador da história do clube surge ainda com uma preponderância inigualável e uma influência tremenda na manobra da equipa. Além da qualidade técnica e tática, lidera por exemplo e revela um espírito competitivo invejável e contagiante. Há, sem qualquer sombra de dúvidas, um Braga com Ricardo Horta e um Braga sem ele, com este último a ser notoriamente inferior.
A meio da semana, foi também dos pés do Ricardo Horta que saíram as duas assistências para golo contra o Estrela Vermelha. Atingiram-se os nove pontos na fase de liga da Liga Europa, em outros tantos possíveis, restando, neste momento, um ponto para que os 10 da época anterior sejam alcançados. A superioridade frente aos sérvios foi tal que uma pessoa mais desatenta pode tender a desvalorizar o feito. São já sete vitórias europeias consecutivas (no tempo regulamentar) e um registo pontual apenas igualado por mais duas das restantes 35 equipas. Será boa altura para recordar, e reiterar, as palavras de António Salvador a 11 de outubro quando, no Portugal Football Summit, disse que «se não fosse o que o SC Braga fez nos últimos anos, FC Porto, Benfica e Sporting não estavam os três na Champions». A campanha europeia ainda vai no início, mas de Braga já surgiu uma generosa contribuição para o ranking nacional. E assim esperemos que continue.
No fim de semana, regressou o campeonato a Braga e, com ele, todos os fantasmas das seis jornadas consecutivas sem vencer e das duas derrotas caseiras. Frente ao Casa Pia, no primeiro de três jogos consecutivos agendados pela Liga para domingo às 20h30, foi conseguida uma vitória perfeitamente tranquila e um regresso às clean sheets, com nota para outro golo de Ricardo Horta. Desta forma, o Braga voltou a vencer, consolidou os progressos coletivos que se têm notado, recuperou lugares na tabela e afastou as más línguas e a aura negativa que se fazia sentir nos jogos de Liga.
Termino fazendo referência a uma nova lição de competitividade (ou falta dela) com que a Liga Portugal nos brinda. Não abordando em detalhe a necessidade, a relevância ou até os moldes em que a competição é realizada, já hoje decorrem os primeiros jogos da Taça da Liga. Em boa verdade, entre hoje e amanhã realizam-se três dos quatro jogos agendados para esta fase. Ao Braga compete-lhe defrontar o Santa Clara às 19h15 de quarta-feira, menos de 72 horas após o início da sua última partida, encadeando-se num ciclo de sete jogos em 22 dias. Mas qual é a particularidade deste caso? Entre hoje e amanhã realizam-se três dos quatro jogos agendados para esta fase, com o quarto e restante jogo agendado para, pasme-se, daqui a cerca de um mês e meio, opondo FC Porto e Vitória SC. Ora, coincidentemente este (FC Porto) é o próximo adversário do Braga, que se irá deslocar ao Dragão já no domingo, defrontando uma equipa que irá dispor de uma semana limpa de trabalhos e de descanso. Está, portanto, criado, voluntariamente ou não, mais um cenário de desigualdade daqueles que, incontestavelmente, colocam em causa a seriedade das competições em Portugal. Com os efeitos nefastos que se vão evidenciando além fronteiras.
É com sorrisos na cara que o Braga enfrenta o complicado ciclo de jogos que se avizinha. Foquemo-nos nisso.