Remco Evenepoel volta a arrasar e é campeão europeu de contrarrelógio

Tricampeão do mundo, campeão olímpico, campeão belga e agora campeão europeu. Ninguém resiste à força da pedalada de Remco Evenepoel nos contrarrelógios. O belga conquistou o campeonato da Europa e confirmou o seu estatuto de rei das provas individuais contra o tempo, com a posse de três camisolas e quatro títulos diferentes em simultâneo: nacional, continental e mundial. Um quádruplo histórico sem precedentes.

Apenas três dias depois da extenuante corrida de fundo no Campeonato do Mundo em Kigali, no Ruanda, e dez após ter conquistado o terceiro título consecutivo, nos primeiros mundiais em África, o jovem corredor de Aalst, tal como naqueles, impôs-se claramente à concorrência no percurso de 24 quilómetros entre Loriol-sur-Drôme e Étoile-sur-Rhône.

Envergando a camisola arco-íris acabada de renovar, Evenepoel foi o mais rápido em todos os pontos intermédios de cronometragem e concluiu a prova em 28.26 minutos, à uma média de 50,6 km/h, para se impor ao segundo classificado, o italiano Filippo Ganna, por 43 segundos.

«Quadrupla não está mal! Estou muito satisfeito por conquistar mais um título!», disparou Remco Evenepoel, poucos minutos após ter voado no contrarrelógio. «O vento estava muito forte, sempre de frente ou um pouco de lado, pelo que foi muito difícil controlar, por vezes, a bicicleta e fazer as curvas bem. Mas consegui gerir tudo bem e tudo foi perfeito», afirmou ainda o corredor, de 25 anos, que reconquista a camisola branca com estrelas douradas e as listas azuis, após tê-la conseguido em 2019, na sua temporada de estreia em profissionalismo, e sucede ao italiano Edoardo Affini como campeão europeu.

Garantido mais um título contra o tempo, Remco já tem outro, que ainda por conquistar, à distância de quatro dias, no domingo, a Europeu de fundo, em que tentará desforrar-se do bicampeão mundial Tadej Pogacar, que o venceu em Kigali. «Agora posso concentrar-me na corrida. Felizmente, há mais tempo [do que no Campeonato do Mundo] entre o contrarrelógio e a corrida de fundo. Amanhã [quinta-feira] vou descansar e depois retomar os treinos para estar pronto para domingo. Vou dar uma vista de olhos ao percurso para fazer um reconhecimento próximos dias», disse Evenepoel, que foi medalha de prata na corrida do Mundial.

A luta pelo bronze foi apertada: o dinamarquês Nickas Larsen, que compete na modesta equipa Continental do seu país, BHS - PL Beton Bornholm, causou espanto ao superiorizar-se aos britânicos Ethan Hayter, quarto, a menos de um segundo do nórdico, e Joshua Tarling, campeão em 2023, quinto, a dois segundos. O suíço Stefan Kung, bicampeão europeu (2020-21), à imagem de Tadej Pogacar nos Mundiais de contrarrelógio em Kigali, foi dobrado por Remco Evenepoel, acabando apenas em nono, a 1.47 minutos.

Com esta vitória, o belga tornou-se apenas o terceiro a conquistar dois títulos europeus de contrarrelógio, juntando-se a Stefan Kung e ao belga Victor Campenaerts (2017-18).

O Europeu de contrarrelógio foi aziago para os dois portugueses inscritos. João Almeida, que regressava à competição após a Vuelta, em que foi segundo classificado, não alinhou por indisposição. O corredor, de 27 anos, acordou, de manhã, com sintomas e não teve condições físicas para competir.  

«João Almeida não alinhou no contrarrelógio por precaução e sob aconselhamento médico, após apresentar um quadro de mal-estar generalizado. O principal objetivo do ciclista português é a prova de fundo, pelo que a decisão visou salvaguardar a sua participação nessa corrida», informou a Federação Portuguesa de Ciclismo em comunicado. No domingo, na prova de fundo, João Almeida junta-se a Rui Costa, Afonso Eulálio (nono nos Mundiais) e António Morgado. 

Nelson Oliveira também voltou a colocar o dorsal, no caso, após seis semanas de paragem devido a fratura do quinto metacarpo da mão direita, e acusou a falta de ritmo competitivo. O corredor, de 36 anos, que tem a melhor classificação portuguesa em Europeus de contrarrelógio, o quarto lugar, em 2016, na primeira edição aberta à categoria de Elite, ficou-se pela 19.ª posição, a 2.40 minutos do novo campeão Remco Evenepeol. Apesar do resultado modesto, deixou uma mensagem de esperança:

«Depois de seis semanas de recuperação voltei para vestir as cores do meu país. Não foi o resultado que imaginei, sensações até não foram más de todo, os outros é que iam mais rápido. Agora, é tempo de descansar para depois começar a preparar um novo ano», declarou Nelson Oliveira, que não fará a corrida de fundo.

Daniela Campos foi 25.ª no contrarrelógio de Elites femininas, a 3.58 minutos da campeã, a suíça Marlen Reussen. Em Sub-23, Beatriz Roxo terminou na 31.ª posição, depois de cumprir o percurso com mais 5.42 minutos do que a vencedora, a italiana Federica Venturelli, enquanto Gonçalo Rodrigues foi o melhor português na prova de juniores, ao terminar a 3.24 minutos do neerlandês Michiel Mouris, novo campeão europeu. Gonçalo Costa obteve a 48.ª posição, a 4.19 m do vencedor.

Também já presente nos Mundiais de Elites, o russo – a competir sob bandeira neutra - Artem Nych, vencedor das duas últimas edições da Volta a Portugal ao serviço da equipa lusa Anicolor, repetiu a participação no contrarrelógio, neste Campeonato da Europa, classificando-se na 20.ª posição, a 2.43 minutos de Remco Evenepoel.