Descarrilou o Elevador da Glória
Descarrilamento do Elevador da Glória fez 16 mortos (Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA)

Relatório confirma: cabo do Elevador da Glória cedeu e guarda-freios acionou travões

Tragédia em Lisboa provocou 16 mortos e dezenas de feridos

O cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória «cedeu no seu ponto de fixação» da carruagem que descarrilou, confirmou, este sábado, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF). Na mesma nota é acrescentado que o guarda-freios acionou de imediato os travões. 

«Do estudo feito aos destroços no local, foi de imediato constatado que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no seu ponto de fixação dentro do trambolho [peça de encaixe] superior da cabina n.º 1 (aquela que iniciou a viagem no cimo da Calçada da Glória)», pode ler-se no comunicado a que a Lusa teve acesso. As cabinas não teriam percorrido mais de seis metros quando perderam «subitamente a força de equilíbrio» pelo cabo de ligação que as unia. 

O guarda-freios «acionou o freio pneumático bem como o freio manual». Ainda assim, as ações «não tiveram efeito em reduzir a velocidade do veículo», que ganhou velocidade e terá sofrido o primeiro embate a cerca de 60 km/h. Tudo aconteceu menos de 50 segundos. 

Na mesma nota é referido que «o restante cabo» e todo o sistema não tinham anomalias aparentes. A nota informativa aponta que o cabo utilizado é constituído por seis cordões de 36 arames de aço com alma em fibra, com um diâmetro total nominal de 32 milímetros (mm) e uma carga de rotura aproximadamente de 68 toneladas. Este tipo de cabo era usado neste ascensor há cerca de seis anos. 

«Tem fixada uma vida útil de 600 dias para este uso e aquele existente no momento do acidente havia sido instalado há 337 dias, tendo ainda uma vida útil de 263 dias até à sua substituição. É considerado pela entidade operadora do sistema que a vida útil definida para o cabo tem um coeficiente de segurança significativo», explica o GPIAAF. 

Relativamente à manutenção, a investigação diz que «está contratualizada pela entidade operadora [Carris] a uma empresa externa de prestação de serviços especializada, cujos termos do contrato existente definem que compete à primeira o fornecimento dos cabos e à segunda a sua instalação sob a fiscalização da primeira».  

O GPIAAF reforça que ainda não é possível retirar quaisquer conclusões relativamente às causas do acidente e considera que a informação está incompleta, uma vez que a investigação ainda está em curso.