Quando toda a ambição Genkalha em erros próprios (crónica)
A atravessar o melhor momento na época, esperava-se mais do SC Braga. Se o 1-1 era, ao intervalo, algo penalizador para o que se passara em campo, o 3-4 final reflete erros a mais não provocados.
Já no primeiro tempo não se tinha visto o conjunto arsenalista dominador do Dragão. O golo de Zalazar caíra um pouco do céu e sobrou sobretudo aquela transição conduzida por Gabri Martínez e um ou dois remates que podiam ter feito abanar Van Crombrugge mais vezes. O controlo não foi absoluto e também os belgas tiveram as suas iniciativas em transição, várias desperdiçadas pelo desastrado Yira Sor, até que, na compensão, um canto perigoso gerou outro e Karetsas colocou na zona onde só apareceu Van Heymans (e não Arrey-Mbi) a bater Hornicek.
A superioridade dos minhotos no marcador havia sido criada em cima da meia-hora com o seu quê de casualidade: uma bola longa para Moutinho dividir no ar com Nkuba, o lateral a tocar acidentalmentemente na direção de El Ouazzani, o que atraiu o jovem central Smets e libertou o caminho para Zalazar. O uruguaio não pediu depois licença e bateu forte, ultrapassando Van Crombrugge.
PÉSSIMA REENTRADA
O segundo tempo não poderia ter começado pior para o conjunto de Carlos Vicens. Erro na saída, com um passe excessivamente agressivo de Gorby para Lagerbielke. A bola sobrou para Sor, que sentou um Gorby a tentar o carrinho à queima, em vez de tentar a contenção, e fuzilou Hornicek. Estava-se no minuto 48. Aos 56', o treinador fez entrar Dorgeles, Grillitsch e Navarro e retirou de campo Lelo, Moutinho e El Ouazzani, que não gostou. A sua equipa ficou mais exposta. Aos 59', Heyong-gyu Oh ameaçou e, na jogada seguinte, assinou mesmo o 1-3. Mais um erro do SC Braga, que perdeu a bola no meio-campo. Kayembe, ex-FC Porto B, Rio Ave e Arouca, aproveitou, libertou em Heymans, que cruzou atrasado para o remate explosivo do sul-coreano.
VOLTAR À CARGA
Os arsenalistas não podiam fazer outra coisa do que voltar a carregar, agora sim de forma a empurrarem o Genk para dentro da sua área, algo que ainda não tinha acontecido com tanta continuidade. Só que a noite estava madrasta. Se aos 71', Zalazar cabeceou um cruzamento da esquerda de Horta para o 2-3, logo a seguir nova perda de bola permitiu mais um ataque rápido dos belgas, com Karetsas a atrair três adversários antes de colocar a bola ao jeito do pé esquerdo de Medina, entrado seis minutos antes para o lugar de Yira Sor. Era mais um soco no estômago de cada um dos jogadores e adeptos da casa, um que parecia ter muito de knockout.
Vicens ainda fez entrar Pau Victor para o lugar de Ricardo Horta e os bracarenses continuaram a acreditar que ainda poderiam salvar pelo menos um ponto de uma partida que começou bem (talvez até demais), mas se tornou um pesadelo devido aos muitos erros não provocados. E foi com esse grande coração, mais do que com a cabeça, que Fran Navarro chegou ao terceiro golo em outros tantos jogos e reduziu a desvantagem. Com a coxa, numa jogada em que Lagerbielke também ajudou a empurrar para a baliza, mas valeu.
3-4, aos 87 minutos, ainda com tempo para mais. Tanto havia, que, no segundo minuto de compensação, Lagerbielke desperdiçou de cabeça o empate, após livre de Dorgeles. O jogo acabava pouco depois, porém, com muito a rever por parte dos portugueses.