Paul Scholes abdica da carreira como comentador para cuidar do filho autista
Paul Scholes partilhou um testemunho comovente sobre a relação com o filho Aiden, que está no espectro do autismo e não tem comunicação verbal. O antigo médio do Manchester United revelou que reorganizou toda a sua vida profissional em função das necessidades do jovem, abdicando do papel de comentador televisivo para preservar a rotina diária do filho.
«Tomei uma decisão este ano por causa do Aiden, devido às suas necessidades especiais que talvez conheçam. Todo o trabalho que faço agora gira em torno das suas rotinas, porque ele tem um horário diário muito rigoroso», contou Scholes no podcast Stick to Football.
O ex-internacional inglês, de 49 anos, é pai de três filhos — Aaron, Alicia e Aiden — e explicou que a separação da ex-companheira Claire implicou uma partilha cuidada dos dias com o filho mais novo: «Já não estou com a Claire, por isso cada um de nós o tem três noites, e a mãe da Claire fica com ele à sexta-feira. Fazemos sempre as mesmas coisas com ele, pois ele não sabe que dia da semana é ou que horas são.»
Scholes descreveu com ternura as atividades que marcam a rotina de Aiden: «Apanho-o todas as terças-feiras no centro de dia e vamos nadar. Ele adora nadar. Depois compramos a pizza dele a caminho de casa. À quinta, vamos comer fora e depois regressamos a casa. Ao domingo, vamos ao Tesco, onde ele enche o carrinho de chocolates. Assim, ele não sabe que dia é, mas sabe pelas nossas atividades.»
O ex-futebolista admitiu que a condição do filho teve impacto ao longo da sua carreira. «Ele mordia-te no braço ou arranhava-te por frustração, porque não percebia as coisas. Nunca tive descanso disso, mesmo quando jogava», revelou. «Lembro-me de um jogo fora com o Derby… simplesmente não queria estar lá. O treinador deixou-me de fora na semana seguinte, e eu não tinha contado a ninguém o que se passava.»
Hoje, Scholes reconhece que a sua prioridade é garantir serenidade a Aiden, evitando mudanças que o perturbem. «Tudo o que faço agora funciona em torno dele. Faço algum trabalho em estúdio, mas tudo é estruturado em torno do seu dia. Na época passada, fazia a Liga Europa às quintas-feiras, e essa é a noite em que normalmente o tinha. Ele ficava muito agitado, mordia e arranhava. Percebe logo que o padrão não é o mesmo», explicou.
A decisão de Scholes de abandonar o comentário desportivo surgiu, portanto, não por desinteresse, mas por amor e compromisso. «Tive a oportunidade de fazer o podcast e pensei que se encaixaria melhor. Não para mim, para o Aiden», concluiu.
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