«Parabéns Cabo Verde, que a prenda seja o Mundial»
Cabo Verde está em festa. O dia 5 de julho de 2025 marca os 50 anos da independência do arquipélago. Um país com futuro e em franco desenvolvimento. Na economia como no desporto. Como quatro jogos por realizar, os Tubarões Azuis lideram o Grupo D da zona africana de qualificação ao Mundial de 2026, com mais um ponto do que os Camarões, seleção que recebem, na Praia, em Setembro e que pode deixar escancaradas as portas para uma histórica presença no Mundial. «Esperamos muito dar esse presente a Cabo Verde nos 50 anos da independência. A seguir à data da independência, nada seria tão importante para Cabo Verde», comenta Vozinha, 39 anos, guarda-redes do Chaves e um dos capitães dos Tubarões Azuis, em entrevista no programa Mãe África de A BOLA TV.
Vozinha fala em «responsabilidade», mas também em muita «ambição». Até porque a história joga a favor. Estreou-se pela seleção frente aos Camarões; Cabo Verde apurou-se pela primeirra vez para a CAN em 2013 frente aos... Camarões; em dois jogos já realizados na Praia, Cabo Verde venceu... os Camarões.
«Em 2013, na estreia na CAN, a maioria dos jogadores nasceu e cresceu em Cabo Verde. Hoje, esses são poucos. Muitos emigraram bem cedo e fizeram a formação em países como Portugal, outros são filhos de cabo-verdianos nascidos noutros países. A geração de 2013 tinha talento, mas mais na base da vontade; esta tem talento, mais experiência e uma formação mais cuidada», explica o guarda-redes dos Tubarões. E apesar de tantas origens geográficas dos jogadores, não deixa de ser Cabo Verde.
«Uma das marcas da nossa identidade é levarmos Cabo Verde para onde formos. Logo, os pais passam toda a cultura e sentimento aos filhos e eles amam Cabo Verde mesmo que nem conheçam o Pais. Isso reflete-se na seleção. Aqui há família, há amizade, há um sentimento de orgulho e de urgência em fazer história», comenta Vozinha.
O guarda-redes dos Tubarões Azuis apela a que se crie uma onda mundial para ajudar a seleção a apurar-se para o Mundial. Onda que deve começar pela presença e incentivo de antigos internacionais como Marco Soares, Dário, Babanco, Heldon, Gêgê, Zé Luís, Djaniny, Lito, Nando, Ernesto ou Varela. «Foram eles, numa altura em que era mais difícil, que abriram caminho e permitiram que nós possamos estar à beira de fazer história. Temos de criar uma onda muito grande. A que se podem também juntar os artistas, todos os que sentem orgulho em ser cabo-verdianos. Na diáspora como em Cabo Verde. Essa onda positiva tem de começar já para que, em setembro, quando entrarmos em campo sintamos essa energia de um povo e de um País que nos motiva»
Filho orgulhoso do Mindelo
Vozinha garante que quem o conhece diz que é o cabo-verdiano que mais gosta do país. «Eu saí de São Vicente mas trago sempre o Mindelo e o país comigo. Onde quer que esteja estou sempre a promover a beleza e grandeza de Cabo Verde».
Nascido em 1986, no Mindelo, Vozinha foi criado pelos avós. Aqui a origem da alcunha Vozinha. O pai estava no serviço militar, a mãe trabalhava, foi na casa dos avós que cresceu e de onde saiu em busca do sonho. «A minha infância foi muito feliz. Tirando a escola, passava o dia na rua a jogar futebol. Os meus avós devam-me liberdade, criaram-me muito bem e com generosidade e o Mindelo era o meu mundo de felicidade.» Um mundo marcado pela beleza do Monte Cara e as águas retemperadoras da Praia da Laginha. E da boa comida. E da «melhor música do mundo».
Não fosse não termos entendido bem à primeira, Vozinha volta à carga. «Tenho mesmo muito orgulho em ser cabo-verdiano. Onde volto sempre que estou de férias. Também estou em festa pelos 50 anos de Independência. «Um percurso feiro de resiliência, de dificuldades mas sempre com um sorriso. Este é o dia para garadecermos aos nossos antepassados e mostrar que estamos gratos em ser cabo-verdianos. Parabéns Cabo Verde», concluiu Vozinha.
«Grato» a Chaves
Vozinha vai cumprir a segunda época em Chaves. Clube pelo qual nutre um sentimento de gratidão. «Não é fácil acreditarem e apostarem num jogador de 38 anos. Abriram-me as portas, receberam-me muito bem, estou grato por isso», comenta. Orgulhoso por jogar num «clube histórico, com tradição e que representa uma região». Vozinha reconhece que a última época ficou aquém das expetativas de subida, este ano, com novos jogadores e equipa técnica e ambição é elevada. «Esta equipa estará sempre a pensar na lutar pela subida, mas temos de trabalhar no dia a dia, pensar jogo a jogo. Espero que corra tudo bem», desejou Vozinha.