Medina e Gustavo Varela em duelo intenso - Foto: Hugo Delgado/Lusa
Medina e Gustavo Varela em duelo intenso - Foto: Hugo Delgado/Lusa

O Tondela não é o Barcelona mas bateu a sensação (crónica)

Beirões vencem o Gil Vicente por 1-0 na estreia de Bacci na Liga

Não foi preciso o Barcelona. O Tondela não necessitou sequer de acreditar que era o gigante catalão para surpreender a equipa sensação da Liga e ganhar 1-0 em casa do Gil Vicente, que ocupa o 4.º lugar da Liga.

Bastou ao conjunto beirão ser competente nas coisas simples. E isso foi o mais perto que o penúltimo classificado esteve de dar uns ares de Barcelona. Não no estilo de jogo, mas na proximidade à filosofia de Johan Cruyff, que defendia que «o mais difícil no futebol é jogar simples».

Com as devidas diferenças, naturalmente. Com duas semanas de trabalho no clube, não se exigia que Bacci colocasse uma equipa desmotivada a jogar o futebol de toque da lenda neerlandesa. Até porque como o próprio italiano disse no lançamento do jogo ao assumir que todos conhecem a situação delicada do clube, «seria um erro acreditar que o Tondela é o Barcelona».

Não é. Para que não restem dúvidas. Mas sai de Barcelos, onde ganhou pela primeira vez, a respirar melhor. Ou pelo menos mais tranquilamente.

Tudo graças à simplicidade de um 1-0. Uma vitória magrinha, conseguida graças a um golo de penálti ainda na 1.ª parte, mas que vale os mesmos três pontos que daria uma goleada com banho de bola.

E se é certo que no jogo 100 de César Peixoto na Liga a sua equipa dominou a posse de bola, também se pode dizer que apesar desse domínio, os gilistas não criaram oportunidades claras de golo.

Ao contrário do Tondela. Mais expectante e com a preocupação de se manter organizada, a equipa beirã apresentou-se «sem medo de jogar futebol», como pedira Bacci, e teve três oportunidades claras para marcar. Todas protagonizadas por Pedro Maranhão.

A primeira logo no quarto minuto, quando aproveitou um erro de Andrew. Após um passe de Hugo Félix a rasgar a procurar Jordy, o guarda-redes gilista saiu da área e aliviou a bola para os pés do extremo brasileiro dos auriverdes que atirou para a baliza deserta e… acertou no poste.

Depois, aos 33’, em velocidade pela direita o camisola 7 rematou cruzado para a defesa da noite de Andrew, com uma palmada preponderante.

E na sequência do canto, Buatu foi displicente quando tentava afastar a bola e acertou em Jordy, numa falta que teve tanto de desnecessária como de… clássica.  Maranhão não tremeu e deu vantagem ao Tondela que depois se agarrou com tudo a essa curta vantagem.

O Gil Vicente, que não teve o goleador Pablo devido a lesão muscular, foi em busca da vitória, mas fê-lo sobretudo em jogadas individuais, quase sempre protagonizadas por Murilo. E bateu, não num gigante como o Barcelona, mas num consistente muro italo-beirão que fez aquilo que só Benfica e FC Porto tinham conseguido: bater a sensação do campeonato.

César Peixoto, treinador do Gil Vicente

Foi um jogo muito estranho e, sinceramente, nem sei bem como o explicar. O Tondela entrou bem, conseguiu marcar de penálti, mas, a partir daí, as coisas mudaram. Tondela passou apenas a defender, nós demos tudo para chegar ao empate. No entanto, foi uma partida com muitas paragens e quebras. Faltinha aqui, faltinha ali, sem cartões amarelos, e muitos jogadores a serem assistidos. Nada contra o Tondela, que levou os três pontos com mérito. Não conseguimos ser incisivos e finalizar as jogadas. Faltou-nos alguma agressividade na zona de finalização. Não posso apontar nada aos meus jogadores. Eles trabalharam imenso para marcar.

César Peixoto, treinador do Gil Vicente - Foto: Hugo Delgado/Lusa

Cristiano Bacci, treinador do Tondela

Foi um ogo difícil, frente a um Gil Vicente que é uma equipa competente, com qualidade e identidade clara. Entrámos melhor no jogo e podíamos ter feito mais golos ainda na primeira parte. Depois, na segunda parte tivemos de sofrer perante a reação do adversário, mas soubemos estar juntos para levar uma vitória que é muito importante. Desde que chegámos ao clube, a primeira coisa que tentámos passar ao grupo foi tirar o medo de errar.

Cristiano Bacci, treinador do Tondela - Foto: Hugo Delgado/Lusa
O melhor em campo: Pedro Maranhão (7)
Só podia ser mesmo ele. O extremo brasileiro de 26 anos foi protagonista nas três melhores oportunidades do jogo, marcando uma delas, de penálti, depois de ter acertado no poste (4’) e obrigado Andrew a uma defesa de grande nível (33’). Não foi muito, mas bastou para o Tondela ganhar somar três importantes pontos, graças ao melhor marcador da equipa. Que soma apenas três golos, mas que valeram sete dos nove pontos da equipa!
A figura: Murilo (6)
Se há jogador do Gil Vicente que lutou para dar a volta ao resultado é Murilo. O extremo fez dois remates que causaram dificuldade a Bernardo Fontes e ainda outro que o guardião adversário só conseguiu defender… com os olhos. Na ausência de Pablo, figura ofensiva da equipa, assumiu a responsabilidade e procurou ser feliz. Não conseguiu, mas tentou.

As notas dos jogadores do Gil Vicente

Andrew (6); Zé Carlos (6), Elimbi (6), Buatu (4) e Konan (6); Cáseres (6) e Luís Esteves (5); Murilo (6), Santi García (6) e Joelson (5); Gustavo Varela (5); Augustin Moreira (6), Martín Fernández (6), Carlos Eduardo (6), Heverton Santos (6) e Sergio Bermejo (5).

As notas dos jogadores do Tondela

Bernardo Fontes (6); Bebeto (6), Christian Marques (6), Medina (7) e Maviram (6); Juanse (6), Yaya Sithole (6) e Hugo Félix (6); Pedro Maranhão (7), Jordy (6) e Moudjatovic (6); Ivan Cavaleiro (6), Joe Hodje (6), Tiago Manso, Hélder Tavares (6) e André Ceitil (6)