A emoção de entrar em campo com CR7 na Arménia. Foto: José Sena Goulão/Lusa

O olhar derretido para Cristiano Ronaldo

Seleção arrancou bem a qualificação para o Mundial do próximo ano, com grande ajuda do seu capitão. Será sempre ele o foco (e não a Arábia Saudita, espero...)

O olhar do jovem que entrou em campo com Cristiano Ronaldo no jogo com a Arménia diz quase tudo sobre o que ainda significa o astro português. Aos 40 anos, e afastado dos holofotes do futebol europeu, CR7 aproveita cada ida à Seleção para recordar a todos que dificilmente Portugal voltará a ter um jogador que provoque tanta emoção, até perseguição (como se viu no hotel e demasiadas vezes no relvado...), um pouco por todo o Mundo.

O arranque da qualificação para o Mundial do próximo ano não podia ter corrido melhor. A vitória e a exibição foram convincentes, que é mais do que os comandados de Roberto Martínez têm conseguido em vários momentos. A Arménia, convenhamos, não é o adversário ideal para se tirar conclusões sobre o favoritismo ou não da Seleção Nacional para a próxima prova a doer (a última com Cristiano?). Mas tudo o que Portugal não precisava era de começar esta caminhada com dúvidas. A qualidade, sempre o soubemos, está lá; resta estar atento a quando e se é posta em prática.

O mais que expectável apuramento será uma questão de tempo e teremos já amanhã, frente à Hungria, nova oportunidade de ver Ronaldo e companhia em ação. Da última partida não saiu só esta imagem tão forte de um admirador do capitão português, mas também uma espécie de mistério: será que, afinal, ir para a Arábia Saudita até ajuda? Cristiano, Félix e Cancelo marcaram os golos e mostram uma disponibilidade física e motivacional que os sempre cansados europeus por vezes não têm remédio senão disfarçar. Será porventura prematuro fazer essa associação causa-efeito, aguardemos por outros adversários. Pelo sim pelo não, prefiro não embelezar esse destino.

Mas voltemos então ao adepto emocionado com CR7. A Seleção Nacional vai chegar ao Mundial 2026 como um dos principais focos de atenção. Em países menos habituados às grandes estrelas do futebol, a histeria será muita e sabemos porquê (ou por quem...). Por cá, continuemos a ter noção do impacto que isto significa (até financeiro), sobretudo de cada vez que Portugal e o capitão falharem e recomeçarmos o debate sobre se o seu tempo já passou. Não que não seja válido, atenção, mas porque mais certo do que a Seleção ultrapassar adversários como Arménia, Hungria e Irlanda, é que Cristiano Ronaldo por cá vai continuar enquanto quiser e Portugal, por muitos craques que tenha nesta geração, será sempre o seu reflexo. Quando ganharem tudo está perfeito, quando perderem será dramático. Só o olhar daquele jovem não irá mudar.