O Nacional, o mercado (com Harder e Ioannidis incluídos) e uma equipa feliz: tudo o que disse Rui Borges
Rui Borges entrou na sala de imprensa da Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, com a tranquilidade de seis pontos em dois jogos no campeonato e com a força de oito golos marcados – 2-0 ao Casa Pia na jornada 1 e 6-0 em casa com o Arouca, na 2.ª jornada. E claro, com a liderança do Sporting na Liga.
Sereno, muitas vezes sorridente, mostrou-se confiante numa vitória na deslocação à Madeira, onde este sábado os verdes e brancos defrontam o Nacional, na Choupana, a partir das 18 horas.
Eis tudo o que disse o treinador leonino na conferência de imprensa de antevisão do jogo. Sobre o mercado também, que acabou mesmo por dominar grande parte da conversa…
– Vem aí o Nacional, uma equipa que empatou na última jornada e a jogar com dez. Este empate e nestas circunstâncias pode tirar alguma pressão à equipa madeirense?
– Isso acaba por ser algo motivador para o crescimento deles, do acreditar deles. Foi o que aconteceu um bocadinho no ano passado. Do onze base saíram cinco ou seis jogadores e estão à procura da melhor dinâmica. Em casa são bastante difíceis... Já lá estive e sei o que é jogar na Choupana... Será sempre difícil. Pelo clima também, que nunca sabemos o que pode acontecer, pela humidade, pelo calor. É tentar estar preparados. Para o que controlamos temos de estar preparados. No ano passado, o Nacional foi a 6.ª ou 7.ª equipa com mais remates enquadrados, são muito objetivos, verticais e estão à procura do melhor momento. Vão estar supermotivados para defrontar um Sporting que é o campeão. Só por isso, qualquer equipa estará sempre motivada. Depois, ligar isso ao estádio, à dificuldade de jogar na Choupana… Mas acredito que estaremos preparados.
– Durante o Euro de sub-21 Conrad Harder disse que esteve um ano no banco e queria jogar mais… Sente que o jogador tem pressa e pode isso levar a uma saída de que muito se fala nestes dias?
– Está convocado para amanhã [sábado] e é solução para o jogo. Sobre querer ser titular, se for perguntar todos querem ser, é natural em qualquer jogador, trabalha para jogar cada vez mais. Está convocado e é esperar para ver as decisões do treinador.
– Na última conferência abriu uma exceção e falou de mercado, em Yeremay. Está também interessado em Jota Silva e Ioannidis?
– Não tenho falado de jogadores do mercado… No fim podemos falar de tudo. São três jogadores identificados, o Ioannidis já está identificado há muito tempo aqui no Sporting; o Yeremay tem um potencial enorme; o Jota é alguém com quem trabalhei. É normal que se fale deles. Mas o melhor momento para fazê-lo será quando o mercado fechar.
– Admitiu que Ioannidis está identificado, e sabemos que está desde o ano passado, isso significa que está a precaver a saída de Conrad Harder?
– Estamos a falar dum clube grande como o Sporting, que tem departamentos muito capazes e está sempre preparado. Toda a estrutura está preparada. Estamos precavidos para qualquer saída, não só dos jogadores de que se fala, estamos numa equipa grande. Fizemos uma belíssima época e é natural que se procurem jogadores do Sporting. Por isso temos de estar sempre preparados para a exigência do Sporting. Na semana passada disse que havia cláusulas, se as baterem e o jogador quiser sair então não podemos fazer nada. Mas temos de estar sempre preparados para a exigência do mercado e antecipar as coisas.
– Mas houve propostas por Conrad Harder e Geny Catamo? São jogadores que estão na categoria de saírem apenas pelas cláusulas?
– Estão convocados para amanhã, o resto têm de perguntar ao Bernardo [Morais Palmeiro, diretor geral do futebol do Sporting]. O meu trabalho é treinar e mantê-los focados para o jogo com o Nacional. Trabalho num grande clube, aqui no dia a dia vai sempre falar-se de entradas e de saídas. Se me focasse nisso, não treinava. Estão os dois na sua máxima força, à espera das escolhas do mister.
Mais mercado: Hjulamnd e St. Juste
– Pode garantir que Hjulmand fica no Sporting se vier, por exemplo, uma proposta do Manchester United?
– Está para jogo e está supermotivado. É natural que se fale dele, é um grande jogador e vejo-o focado no Sporting. Tem crescido muito e é muito importante para a dinâmica da equipa, é o nosso capitão, um líder e está convocado para amanhã [sábado]. Acredito que fará um bom jogo.
– Nesta altura e mercado pode haver pressão sobre os jogadores, o Harder até tem sido suplente, por exemplo, jogadores podem sentir essa pressão?
– Os jogadores têm dado uma desmonstração de que estão ligados ao treino, ao jogo e ao Sporting. Sinto a equipa feliz, sempre senti, uma verdadeira família, onde não há egos. E é natural que que sejam cobiçados. Não sei se é difícil ou não gerir, no treino não demonstram problemas com isso, temos conseguido gerir. Mas não conseguimos entrar na mente deles a 100 por cento. A resposta tem sido boa, acredito que mexa com eles, o Harder tem 20 anos… e por isso é natural que possa mexer. Mas se fosse ligar a tudo o que se diz do Sporting, entradas e saídas, propostas, não treinava. É tudo natural. Têm de lidar com o que é o crescimento, só podem jogar 11. Faz parte, têm de se habituar, desde que haja bom comportamento diário tudo OK. Depois, compete-me saber lidar e tomar decisões. O respeito está lá sempre, têm é de dar o máximo joguem ou não 90 minutos, porque são derem nem 10 minutos jogam!
– E St. Juste está convocado?
– Não está.
Bolas paradas e reforços
– O Sporting já marcou de bola parada. Há alguém preparado para assumir os livres diretos?
– Eu espero que sim! Há vários jogadores que têm capacidade para dar resposta nesses esquemas de bolas paradas, o Pote, o Trincão, o Zeno Debast... Dependendo da batida, dos momentos, da inspiração, que também conta muito... dos espaços do terreno. Tentamos controlar isso ao máximo mas são grandes jogadores, todos capazes de dar resposta em todos os momentos.
– A integração de reforços., como Luis Suárez e Ricardo Mangas, já teve impacto. Vagiannidis também se mostrou à-vontade, poderá por isso ser o próximo a ter um grande impacto? Pode ser titular?
– Todos têm dado essa resposta para poderem jogar e ser titulares. Vagiannidis foi uma contratação nossa, é natural que se especule se vai ou não jogar. Mas vejo-o feliz por estar aqui. Saiu do habitat dele, do seu país, veio para uma exigência diferente e tem tido esse crescimento diário, adapta-se muito bem. Às vezes ainda está meio tímido e isso nota-se, mas vai estar preparado para as decisões do mister. Ainda estamos a jogar de semana a semana, depois vamos passar a jogar de três em três dias e aí todos vão ter de jogar. Não há outro remédio. Ninguém é robô, são todos humanos e todos vão ser titulares aí. O Vagiannidis, o Ivan Fresneda… Vagiannidis entrou ao intervalo com o Arouca porque o jogo estava mais confortável e Fresneda já tinha amarelo... São dois jogadores que estão preparados e têm dado boa resposta.
Diomande, Maxi e… Rayan Lucas
– Comom estão as situações Diomande e de Maxi Araújo?
– É um contrarrelógio. Estamos a tentar ao máximo tê-los para as próximas jornadas. Não posso dizer o que poderá ser o próximo jogo.
– Rayan Lucas tem chances de ficar na equipa principal?
– É um miúdo que veio para a equipa B e vemos nele muito potencial. Acreditamos nele. Para a equipa B seria um jogador mais maduro e capaz, apesar da sua tenra idade, de ajudar os miúdos que cá estão. É um miúdo de seleção, que à partida estará no Mundial de sub-20 daqui a um mês. E nós vamos potenciá-lo. Mas tem de perceber, e tem percebido, que tem vindo a crescer. Gosta de ouvir, perceber e trabalha muito bem mas está ainda na adaptação à exigência do futebol europeu, do Sporting. Tem dado boa resposta nos treinos e treina a maior parte do tempo connosco. Apesar de ser novo tem uma maturidade diferente, está capacitado para dar boa resposta e acredito que poderá ser importante na equipa A. Mas é jogador de equipa B, veio no contexto de ajudar a equipa B e nós tentamos ajudá-lo para que no futuro se torne jogador da equipa principal. Tanto ele como qualquer outro. Mas é um miúdo de seleção e isso já diz muito da qualidade que tem. É muito muito humilde, gosta de trabalhar e de ouvir.