O medo da francesinha e a palavra vencer: Bednarek e Kiwior numa entrevista intimista
O FC Porto juntou Bednarek e Kiwior para uma entrevista emitida no canal YouTube do emblema azul e branco, tendo como pano de fundo o rio Douro e o Palácio do Freixo e um bom pretexto: hoje celebra-se o Dia Nacional da Polónia. Na conversa, conduzida por Ewelina Wojciechowska, sócia polaca n.º 152172 do FC Porto, ficou bem evidente a cumplicidade da dupla polaca que tem estado na base da solidez defensiva do FC Porto.
Para Jan Bednarek, o primeiro contacto com o Porto aconteceu ainda antes de ingressar no clube: «A primeira impressão que tive foi em novembro do ano passado, quando jogámos pela seleção polaca no Porto. É uma cidade que deixou uma boa impressão.» Agora, já integrado, o central tem explorado os recantos da cidade e destaca o fervor dos portuenses pelo clube: «Toda a cidade e os adeptos vivem o FC Porto. Parece mesmo uma religião ou uma cultura para quem aqui vive. A história é grandiosa, como se vencer estivesse no ADN do clube. Acho que é obrigatório vencer, não há outra alternativa além de ganhar. Vejo isso como algo positivo, que te dá energia extra nos momentos difíceis.»
Jakub Kiwior também elogia a atmosfera que encontrou na cidade e no clube. Apesar de admitir que é «difícil experimentar comidas novas», o ex-Arsenal revelou ter tido uma experiência gastronómica positiva: «Estivemos juntos num restaurante e comemos bastante bem. O tempo que passei aqui, até ao momento, foi muito agradável, tanto no clube como fora dele.»
A paixão dos adeptos e o impacto do Dragão
Os polacos destacaram o ambiente único vivido no Estádio do Dragão. Bednarek relembra com entusiasmo a receção calorosa na sua estreia: «Foi incrível jogar num estádio cheio, com uma apresentação da equipa carregada de emoções. Algo que me impressionou foi a chegada do autocarro ao estádio, com milhares de fãs a apoiarem-nos e a receber-nos calorosamente.»
Kiwior, por sua vez, recorda o seu primeiro jogo contra o Nacional: «A atmosfera era muito boa e ajudou-me imenso a entrar no ritmo da partida. Antes do jogo, é incrível ver as pessoas nas varandas com cachecóis a acenar, transmitindo uma alegria contagiante.»
A vida fora do campo e a gastronomia portuguesa
Embora estejam a adaptar-se bem à vida em Portugal, Bednarek admite que ainda não teve coragem de experimentar a famosa francesinha: «A francesinha assusta-me. É um prato que tem tudo. Às vezes ainda penso em experimentar, mas... adio sempre. Não estou preparado ainda.» No entanto, o polaco não deixa de elogiar a gastronomia portuguesa: «A comida aqui é deliciosa. Seja carne ou peixe, há uma grande variedade.»
Kiwior, por outro lado, destaca as paisagens do Porto e as experiências vividas com a sua esposa: «Já tive a oportunidade de jantar perto da Ponte Luís I, e o sítio é realmente muito agradável.»
A muralha polaca e o espírito de equipa
Apesar de serem frequentemente referidos como a muralha polaca, Bednarek e Kiwior preferem destacar o trabalho coletivo da equipa. «Claro que sim, é ótimo podermos jogar juntos e sem dúvida, isso facilita a comunicação no nosso trabalho, contudo, creio que aqui temos simplesmente uma função definida em campo e, tal como o Kiwior, a minha principal tarefa é ajudar os colegas dentro do jogo e fazer sempre o que for melhor para a equipa. Acho que nenhum de nós pensa em termos de ser uma muralha polaca. Focamos-nos, sim, no próximo jogo para conseguirmos manter a baliza inviolada nos encontros seguintes. Isso sim seria ótimo e vencermos esses jogos. Penso que a humildade tem de ser mantida para que não fiquemos demasiado satisfeitos com o que alcançámos. Os jogos mais importantes ainda estão para vi, por isso vamos avançando passo a passo», sublinhou Bednarek.
Kiwior concorda: «Concordo totalmente, não vamos ganhar o jogo só os dois, por isso precisamos do resto da equipa. Nós fazemos a nossa parte no campo, os nossos colegas fazem as deles. Eu joguei um pouco menos que o Janek, mas desde o início que me entendo muito bem com os colegas dentro de campo. Nota-se que essa comunicação é fácil, porque é fácil para conversar diariamente e criam uma boa energia e ambiente. Isso ajuda-nos muito a estar mais entrosados durante o jogo.»
Personalidades dentro e fora de campo
Os dois jogadores revelam características distintas que os definem. Kiwior é descrito como tranquilo fora de campo, mas com uma energia vibrante durante os jogos. «Ele tem dois lados. Parece que, quando o jogo começa, ele ‘ativa uma chave’ e muda o seu comportamento», comentou Bednarek, que também partilha com Kiwior o gosto pelo café.
Bednarek, por outro lado, é visto como alguém determinado e focado nos seus objetivos. «Não vou dizer que é um líder, mas ele tem mesmo algo especial. Quando tem um objetivo, faz tudo para o alcançar, tanto dentro como fora do campo», destacou Kiwior.
FC Porto: paixão e qualidade
Os dois defesas falaram também sobre o impacto que o FC Porto tem nas suas vidas e na cultura da cidade. Para Bednarek, o clube é sinónimo de paixão. «Sente-se a paixão de todas as pessoas, seja no clube ou na cidade. Aqui é obrigatório vencer. Não há outra alternativa, e isso dá-te uma energia extra nos momentos difíceis», refletiu. Já Kiwior destacou a «qualidade» do clube e a presença constante do futebol na cidade. «Mesmo quando estás na cidade a passear, consegues ver futebol em todo o lado. Vês os adeptos com bandeiras penduradas, nos prédios, nas varandas. Todos aqui têm um único objetivo: ganhar.»