O gigante que foi salvo da ruína pelos rivais... duas vezes

Borussia Dortmund ultrapassou graves crises financeiras com auxílio do Schalke 04 e do Bayern Munique

Durante o Mundial de Clubes o jornal A BOLA conta-lhe, diariamente, uma curiosidade relacionada com um dos clubes participantes na primeira edição desta nova versão da prova.

Uma das coisas que mais encanto dá e maiores paixões desperta no desporto é a rivalidade. Afinal, há prazer maior do que vencer um confronto com um rival?

Para isso acontecer, porém, é preciso garantir a sobrevivência dos rivais. E que eles se mantenham ao mesmo nível competitivo. Porque mesmo quem retire prazer ao ver o adversário nas ruas da amargura, mais tarde ou mais cedo sentirá falta dos duelos épicos.

Na Alemanha, essa realidade está comprovada pela história. E tem um clube com mais dívidas de gratidão em forma de cicatriz: o Borussia Dortmund.

Por duas vezes, foram os maiores rivais a darem a mão ao clube amarelo e preto, quando este se afundava em dívidas. Um de cada vez. Inicialmente o Schalke 04, o vizinho e primeiro grande rival; mais tarde o Bayern Munique, com quem tem lutado pelo título nas últimas décadas.

Depois de terem crescido separados por crenças - o Schalke como clube protestante, o Dortmund fundado por católicos -, os emblemas de cidades que distam pouco mais de 30 quilómetros separaram-se também em termos ideológicos.

Adepto do Borussia Dortmund entre adeptos do Schalke (IMAGO)

Quando subiu ao poder, Hitler fez do Schalke um exemplo, e isso valeu a esse emblema uma associação natural ao nazismo. Por outro lado, no clube de Dortmund, vários dirigentes opuseram-se ao regime e foram fuzilados.

Mas as pazes foram feitas na década de 70. Em 1974, com o Dortmund a lutar contra uma grave crise financeira, agravada pela descida à 2.ª divisão, o rival deu-lhe a mão. E foi até o convidado de honra para a inauguração do famoso Westfalenstadion, tendo abdicado da receita para ajudar o arquirrival.

Adepto do Schalke entre dois adeptos do Borussia Dortmund (IMAGO)

Mais recentemente, já depois de se assumir como uma potência alemã e até europeia, foi o Bayern Munique quem se tornou o rival nacional. E foram também os bávaros que, quando o Borussia Dortmund esteve perto da falência, em 2003, emprestaram 2 milhões de euros para ajudar o rival a reerguer-se.

A dívida foi paga, anos depois. E os dois clubes continuam a disputar títulos entre si. Mas nos bate-bocas entre adeptos, há sempre um argumento jocoso do lado dos bávaros.

É levar na desportiva.